Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 100

A verdade é que… Gabriel estava completamente perdido.

Do lado do Sr. Henrique, ainda existia a possibilidade de contato com a Sra. Beatriz mas, para Gabriel, esse acesso estava totalmente bloqueado.

Naquela mesma manhã, um dos gerentes foi até a sala da presidência com uma proposta de planejamento de produto.

Mas bastaram poucas palavras para perceber: Gabriel não estava nem um pouco presente.

Os olhos vermelhos, a expressão vazia, o silêncio... Deixavam claro que ele não tinha condições de lidar com nada naquele momento.

O gerente suspirou e preferiu se retirar discretamente.

— Rafael, você sabe o que está acontecendo com o Sr. Gabriel? — Perguntou, ao passar pelo escritório dos assistentes.

— Ah... tá com o coração partido. — Rafael respondeu sem pensar, levantando os olhos do computador.

Mas assim que as palavras saíram da boca, ele franziu a testa.

“Espera... Coração partido? Eles eram casados, não namorados.”

Então corrigiu mentalmente:

“Na real... É dor de divórcio mesmo. Pior ainda.”

Suspirou, balançando a cabeça.

Um homem recém divorciado... Ainda mais sendo o causador da própria ruína… Rafael sabia que aquilo só podia dar em sofrimento. Muito sofrimento.

Outros assistentes que escutaram a conversa ficaram boquiabertos. O gerente, pasmo, só conseguiu murmurar:

— Tenta dar um apoio para ele... Desse jeito, vai acabar atrasando todos os prazos.

Rafael assentiu com um sorriso educado. Mas, por dentro, sabia que não havia muito o que fazer.

Naquela mesma manhã, o grupo de bate-papo da empresa foi à loucura com as fofocas sobre o Sr. Gabriel.

Diziam que ele havia terminado com uma modelo de quinta categoria.

Outros juravam que ele tinha sido chutado.

O assunto virou o fuxico do dia.

Na hora do almoço, Beatriz já tinha passado a manhã se adaptando à nova rotina.

Após uma rápida integração, conversou com dois ou três colegas e até combinou de almoçar no refeitório com eles.

— Beatriz! Vamos almoçar. — A voz animada de Daniel ecoou pela entrada do departamento de design.

Todos os olhos se voltaram para a cena.

O dono da empresa, chamando pessoalmente uma funcionária novata para almoçar?

Os olhares eram inevitáveis.

Mistura de surpresa, curiosidade e… Muito julgamento.

Sentindo todos os olhos em cima de si, Beatriz virou-se para os colegas ao lado e disse, com um sorriso gentil:

— Me desculpem. Vamos combinar amanhã, pode ser?

E talvez... Esperando que ela fizesse o mesmo.

— Daniel... me desculpa, mas eu... — Começou ela, com um suspiro leve.

Mas Daniel a interrompeu, como se já soubesse exatamente o que ela diria:

— Não tem outro significado nisso, tá? Você é minha veterana da faculdade, acabou de voltar ao Brasil... E, para falar a verdade, se essa empresa existe hoje, é porque foi você quem conseguiu aquele investimento na época. Pelo lado pessoal e profissional, eu tenho todo motivo do mundo pra te oferecer um almoço.

— Mas você já me convidou para jantar anteontem. — Rebateu Beatriz, com calma.

— Aquilo foi um jantar de boas-vindas. Esse aqui é de agradecimento. Bem diferente. — Retrucou ele, com um tom leve.

Beatriz ficou sem palavras.

Ela realmente não sabia mais como recusar. Tudo o que queria dizer já tinha sido bloqueado pelas palavras bem medidas dele.

Daniel, como sempre, era inteligente. E usava as palavras como um escudo elegante.

— Não precisa se preocupar com os comentários, tá? Os funcionários daqui não vão se atrever a falar bobagem. Pode ficar tranquila. — Completou ele, num tom gentil.

Beatriz apertou levemente os lábios e, após alguns segundos de silêncio, respondeu:

— Então, aceito só por hoje. A partir de amanhã, volto a almoçar no refeitório com o pessoal.

Daniel virou o rosto devagar para encará-la. Seus olhos a observaram por longos segundos, até que ele assentiu, com um simples:

— Tá bom.