Ficar ou correr? romance Capítulo 102

Fábio era um homem de negócios, e lucro era a primeira palavra no seu dicionário. Após ouvir o que eu disse, ele colocou um cartão de ouro na minha frente. "Sra. Machado, você não precisa se preocupar com o futuro do seu filho. O dinheiro que tenho aqui é suficiente para comprar um apartamento em Sete Lagoas. Tudo o que você precisar, é só dizer, e eu vou te ajudar."

Sorri levemente. Nossa, eles estão realmente envolvidos!

Sorri enquanto olhava para o cartão sobre a mesa. A situação toda era um tanto absurda.

"Dever ter sido horrível perder uma filha por vinte anos. Suponho que deve ter sido difícil para Srta. Lopes, também, viver sem os pais desde cedo. Vocês passaram por isso e certamente querem o melhor para a filha de vocês. Acredito que o meu bebê deveria ficar com os pais, ao invés de nadar em dinheiro." Depois de uma pausa, continuei: "Além disso, os atuais direitos financeiros da Corporação Carvalho podem ser insuficientes em comparação com o que você tem, mas isso não significa que será sempre assim. Você admira o Pedro, então, devem saber que o seu futuro é promissor. Se for este o caso, não preciso de mais."

Carmen e Fábio trocaram olhares, sentindo-se bastante envergonhados.

Dei de ombros enquanto o café era servido. "Admiro o amor que vocês têm pelos seus filhos. E talvez eu também tenha inveja. Mas não passa disso. A Srta. Lopes tem a sorte de ter pais tão solidários, mas também quero garantir um futuro melhor para o meu filho.”

Carmen suspirou e disse: "Fábio e eu não pensamos nisso. Por favor, Sra. Machado, não leve isto a sério. Enquanto pais, é muito fácil se perder tentando fazer o que é melhor pelos nossos filhos."

Acenei com a cabeça: "Sim, claro!” Disse tudo o que precisava. Achei que não havia nada mais a dizer que não fosse um desperdício. Peguei minha bolsa e me levantei, mantendo a compostura enquanto me despedia.

"Entendo seus motivos para esse encontro hoje. Também fui muito clara. Se não têm mais nada a dizer, vou embora."

Mal tinha começado a ir embora, quando Carmen se aproximou e disse com a voz trêmula:

"Sra. Machado, por favor, aceite nossa oferta. Você ainda é jovem. Vai ter muitas oportunidades de ter muitos filhos. Por favor, reconsidere. Deixe que Fábio e eu façamos de você a nossa afilhada, e poderá desfrutar das mesmas oportunidades que Rebeca. Tudo o que tem que fazer é deixar o Pedro, e vai receber dez vezes mais do que ganha hoje. Sei que vai ficar magoada, mas peço por favor para pensar sobre isso."

Achava tudo aquilo muito ridículo. Olhando para o cartão que ela colocara em minha mão, sorri:

"Sra. Antunes, sempre pensei na senhora como alguém sensata, empática e governada por princípios. Mas agora, você é igual a todos eles. Você fala em fazer de mim sua afilhada, mas honestamente, mesmo que tivéssemos o mesmo sangue, não admitiria que somos parentes. É melhor seguirmos caminhos separados.”

Ela parecia querer dizer alguma coisa, mas eu a empurrei para longe.

Seres humanos são realmente terríveis. Criamos uma imagem para mostrar que somos bons e inofensivos, chamamo-nos de empresários e depois aceitamos, sem vergonha nenhuma, a admiração e o elogio dos outros. Mesmo assim, não conseguimos esconder a nossa natureza obscura.

Ela perdeu o equilíbrio e caiu no chão. Com repulsa, olhei friamente enquanto Fábio a ajudava a se levantar. "Desculpe, foi sem querer", eu disse categoricamente.

"Quanta arrogância! Só espero que a senhora não pense que os nossos métodos são demasiado cruéis.” A raiva de Fábio começou a aparecer e seu rosto destemido tornou-se hostil. Já que rejeitou a nossa solução pacífica, vamos resolver isso de forma diferente.”

"Surpreenda-me!” Em seguida, fui embora. Após passar por tal situação, não pude deixar de agradecer à minha avó. Ela podia ter vivido uma vida dura aqueles anos todos, mas ensinou-me a seguir a minha consciência. Por isso, não me tornei corrupta como eles.

Saí do café e fui diretamente para a empresa. Para ser franca, não estava de bom humor, mas conseguia suportar. Esbarrei em Heitor no térreo. Ele parecia estar com pressa, então fingi não o ver, mas ele veio até mim.

Ele entrou no meu caminho. "Não a vejo há algum tempo. O que tem feito?”

"Trabalho!”

Sua boca se contraiu. "Vamos lá, não seja tão fria. De qualquer forma, ainda sou seu fã. Não pode ser um pouco mais amigável comigo?”

Olhei para ele e mudei de assunto: "Onde está o seu pai biológico?"

Se Carmen era a mãe dele, onde estava o pai?

Talvez a pergunta tenha sido um tanto repentina, pois o seu rosto mudou completamente, saindo de uma expressão amigável, para uma cheia de suspeita. De cara feia, ele perguntou:

"Por que você pergunta?”

"Curiosidade."

Carmen era excêntrica. Quem sabe com quanto homens ela havia se relacionado.

"Ele morreu." Ele deu uma resposta simples e continuou: "Jante comigo hoje à noite. Responderei a todas as suas perguntas.”

"Não estou interessada!” Afastei-me dele e entrei no elevador.

"Vou cozinhar para você", ele acrescentou apressadamente.

As portas do elevador se fecharam, pondo automaticamente um fim naquela conversa absurda.

De volta ao escritório, chamei a Sarah, que não parecia estar muito bem. Não pude deixar de perguntar: "O que aconteceu?”

Ela suspirou. O Sr. de Carvalho queria examinar ele mesmo a auditoria da AC. Estou tão estressada agora."

Eu ri. "Não precisa ficar estressada. Ele só quer dar uma olhada. Também faço o mesmo. Qual é a diferença? Só deduza como sempre faz, e não haverá problema."

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