Ficar ou correr? romance Capítulo 235

Olhei para João e forcei um sorriso. "Viu? Se acha que isso não é motivo suficiente para odiá-lo, posso contar mais coisas. Ele é como um irmão para você, então entendo por que sente a necessidade de defendê-lo, Dr. Cruz. Talvez para você, eu simplesmente perdi um filho, e não importa como você vê a situação, simplesmente não parece ser algo importante. Bem, lamento dizer isso, mas esta sou eu. Tenho que me vingar a qualquer custo. Sem mencionar que aquela criança era a minha vida!”

Ninguém nesse mundo poderia realmente ter empatia pelos outros. Alguns não conseguiam nem mesmo sentir simpatia, e a maioria só ficava de fora para assistir ao espetáculo. Depois de deixar o hospital com Marcos, ele suspirou com um olhar contemplativo.

"Marcelo realmente exagerou desta vez. Vai ser difícil para você fazer qualquer coisa a partir de agora. Não há dúvida de que a família Leão vai estar alerta.”

Concordei com um aceno de cabeça e soltei um suspiro cansado. Marcelo reproduziu o vídeo no hospital para fazer com que Pedro se sentisse culpado e angustiado ao assistí-lo. Tanto faz como tanto fez. Já que o plano foi colocado em ação, não havia motivos para parar. Quando ele ligou o carro, olhei para ele pelo canto do olho e perguntei:

“Você tirou uma foto do bebê?”

Minha voz estava calma, mas seu corpo visivelmente endureceu. "Você não disse que não queria ver?", ele respondeu olhando para mim.

Minha respiração ficou presa na garganta enquanto olhava pela janela, lutando para respirar através da dor no peito. "Não, eu não quero. Mande para o Marcelo. Diga-lhe para discretamente hackear o telefone da Rebeca. Se possível, peça-lhe que faça à meia-noite.”

Ele assentiu e dirigiu por um tempo antes de mudar de assunto.

"Alguma novidade sobre o projeto de IA?"

“Marcelo é um especialista em computação. Há uma empresa de tecnologia em Augusta. Muitos de seus pesquisadores são brilhantes, mas eles têm uma péssima gerência. Estamos planejando fazer uma viagem para lá um dia desses e encontrar uma maneira de adquiri-la.”, assenti.

Ele ergueu as sobrancelhas. "Uma empresa como essa existe?"

"Sim!"

"Muito bem, parece que você não precisa mais arriscar a HiTech.", ele sorriu fracamente com uma provocação sutil em seu tom.

"Certo. Eu vou!"

A estrutura da sociedade parecia simples. Todos nós éramos seres humanos vivendo no mesmo planeta. No entanto, nenhum ser humano era o mesmo. Estávamos todos divididos em diferentes categorias, como em uma pirâmide. Algumas pessoas nunca seriam capazes de chegar ao topo, mesmo se vivessem mais de uma vida. As pessoas pobres podiam contar com a educação para subir um nível no máximo e viver uma vida relativamente confortável, mas para alcançarem o topo, precisariam de talento e sabedoria. No entanto, quando você atingia um certo nível, talento e sabedoria já não mais contavam. A próxima coisa com a qual você podia contar eram contatos e parentes. Conseguir uma posição nos altos círculos da sociedade, no topo da pirâmide, dependia do quão bom você era em conquistar admiração e respeito dos outros.

As razões pelas quais Carmen foi evitada pela família Leão por tantos anos deviam-se ao seu histórico familiar e a sua falta de sabedoria. Foi apenas por causa da insistência de Fábio, da descoberta de sua filha há muito perdida e da riqueza que Carmen acumulara ao longo dos anos que a família Leão a aceitou de má vontade. O salto na posição que Rebeca ocupava dentro da família devia-se apenas ao fator genético, e assim era a vida; ninguém podia controlar a direção em que esta fluía.

Marcos compartilhou comigo o seu plano para aquele dia:

“Virei buscá-la às 18h, que é uma hora antes do jantar começar. Então vou te levar para fazer compras e fazer sua maquiagem.”

Concordei, já que fazer isso sozinha provavelmente seria uma má ideia. Vendo o quão complacente eu estava, ele ficou um pouco preocupado.