Ficar ou correr? romance Capítulo 72

Falei mais alto:

"Hotel Central na rua Mercês."

"Beleza, te vejo mais tarde!"

Desliguei o telefone e fui tomar uma ducha. Íamos jantar mais tarde, por isso sabia que Márcia me pediria para ir às compras com ela. Foi bom dar uma volta, afinal, não fazia aquilo há muito tempo. Queria voltar para o meu quarto para tomar um banho, mas não consegui encontrar o cartão do outro quarto em lugar nenhum. Como Heitor estava dormindo, não o acordei e tomei banho no seu banheiro. Tudo ficaria bem. Não ia tomar banho na frente dele de qualquer jeito. Sentia-me terrivelmente mal. Depois de tomar banho, me senti muito melhor. Sequei meu cabelo, troquei de roupa e coloquei uma leve camada de maquiagem. Quando saí do banheiro, Heitor falava com alguém ao telefone.

"Olá? Quem é?", ele perguntou, sonolento. A pessoa do outro lado da linha respondeu, então ele retorquiu: "Ela está tomando banho. Pode ligar mais tarde." Ele encerrou a conversa num murmúrio, e desligou. Saindo do banheiro, o vi descansar no sofá preguiçosamente. Ele bocejou ao me ver. "Por que está toda arrumada? É só um jantar."

Ignorei-o e percebi que ele segurava meu telefone. Recordando a conversa que ele acabara de ter, caiu a ficha que ele havia atendido ao meu telefone. Espantada, perguntei:

"Você atendeu o meu telefone?"

Ele assentiu endireitando as costas. Lançando o telefone na minha direção, ele respondeu:

"Estava tocando sem parar e me acordou."

Peguei meu telefone e comecei a olhar o registro de ligações. A última chamada era de Pedro. Quando tentei retornar à ligação, estava desligado. Olhando para Heitor, frustrada, perguntei:

"O que disse a ele?"

"Nada.” Disse ele, levantando-se casualmente “Pedro queria saber onde você estava e eu disse que estava no banho. Então ele perguntou se eu estava no mesmo quarto que você. E disse que sim." Dando-me um olhar inocente, ele brincou: "Eu estava dizendo a verdade. Não fiz nada de errado, fiz?"

Tudo o que eu queria fazer era espancá-lo.

"Sim, você disse a verdade", respondi sarcasticamente.

Suas palavras tinham sido muito enganadoras! Tentei ligar novamente, mas sem sucesso. Mas, então, não achava que Pedro seria tão mesquinho. No momento em que desisti de ligar e guardei meu telefone, Heitor já tinha saído do banho. Seu cabelo estava molhado. Ele devia ter lavado o rosto.

"Vamos. Está ficando tarde." Ele disse enquanto secava o cabelo com uma toalha.

No momento em que saímos do hotel, enviei uma mensagem para Márcia e João. Macy tinha acabado de chegar ao hotel, então me disse que tiraria uma soneca primeiro e me veria mais tarde. João respondeu dizendo que tinha um compromisso. Respondi rapidamente as mensagens dos dois e segui para o restaurante onde Guilherme havia feito a reserva. Guilherme era um homem eficiente. Quando Heitor e eu chegamos, os outros já estavam à nossa espera.

Na sala VIP, Guilherme apresentou-nos a todos e falou um pouco. As outras pessoas à mesa, ocupavam cargos importantes na filial. Heitor conversou com eles com naturalidade antes de aprofundar em assuntos relacionados ao trabalho. Eles conversavam agradavelmente quando saí, mas, quando voltei, senti uma ligeira mudança no tom da conversa.

"Sr. Oliveira,” começou Heitor falando para Guilherme, “você é acionista da Corporação Carvalho. Ela foi cotada há dois anos, e está indo bem atualmente. Se alguém desviar alguns milhões, isso não afetará muito a empresa. Mas se isso acontecer com frequência, um dia, pode afundar o navio em que todos nós estamos.”

Guilherme estava confuso. Ele levantou o copo educadamente.

"Sr. Fernandes você é jovem e capaz. Não estou entendendo aonde quer chegar."

"Então leia atentamente os seus relatórios financeiros!” Heitor também levantou o copo. "Saúde!”

Antes que eu pudesse me juntar a eles, ele já havia bebido. Ele pegou meu copo e acrescentou:

"Eu sei que você não pode beber. Pode deixar que bebo por você.”

Os outros diretores fecharam a cara ao ouvirem Heitor falar. O gerente do Departamento Financeiro falou:

"Saúde, Sr. Fernandes. Obrigado por auditar pessoalmente a nossa filial."

Os outros membros da diretoria juntaram-se ao brinde, um após o outro, e não demorou muito para que Heitor ficasse bêbado. Quando o jantar acabou, tive trabalho para colocá-lo em um táxi. Eu estava com uma dor de cabeça horrível naquele momento. Por que ele gostava tanto de beber quando não era bom nisso?

Márcia me ligou. Quando respondi, ela perguntou alegremente:

"Onde está você? Anda, vamos às compras.”

Olhei para o bêbado inconsciente ao meu lado e suspirei:

"Tenho que cuidar de um bêbado. Não posso vir agora.”

"Saco!" Márcia xingou. "Isso não é divertido.”

Olhando para Heitor, resisti ao desejo de beliscá-lo ao responder:

"Ainda estarei aqui amanhã. Se possível, terminarei tudo pela manhã, então podemos ir às compras logo em seguida!”

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Ficar ou correr?