Ficar ou correr? romance Capítulo 83

Podia ouvir a voz de Rebeca logo atrás.

"Pê, não fazia ideia de que Scarlett conhece o Sr. Machado, da Animus. Não é à toa que Carmen mencionara que os convidados desta noite eram todas pessoas importantes."

Corporação Animus?

Em vez de um banquete de aniversário, seria melhor descrever a festa como uma reunião da nata da sociedade. Naquela noite, Carmen vestia um vestido de veludo preto, com flores douradas bordadas, e um par de sapatos adornados com aquamarine. Ela tinha quase cinquenta anos, mas aparentava ser muito mais jovem. Para outras pessoas, a beleza e a juventude passavam com o tempo, mas para ela, o tempo parecia ter lhe dado um certo charme, e ainda estava no seu auge. Ela avistou Marcelo de longe. Pedindo licença, caminhou até ele com uma taça de champanhe na mão.

"Sr. Machado, muito obrigada por vir!" Sorrindo e segurando sua taça, ela olhou para mim. Inclinando a cabeça para Marcelo, ela perguntou: "E quem poderia ser esta?”

Não esperei por Marcelo e falei primeiro:

"Sra. Antunes, você está absolutamente linda hoje!”

Ela congelou por um momento antes de recuperar a compostura, e sorriu:

"Ah, é a Sra. Machado! Está tão deslumbrante que quase não a reconheci. Por favor, me perdoe!"

"A Sra. Antunes me lisonjeia demais.” Disse sorrindo educadamente. “Normalmente sou um pouco desleixada. É natural que quando esteja um pouco mais produzida, fique diferente. Não é sua culpa não me reconhecer logo de cara."

Ela olhou para mim atentamente por um tempo antes de perceber que Marcelo estava segurando minha mão. Rapidamente contendo sua surpresa, murmurou vagamente, antes de olhar para ele, cheia de suspeitas:

"Vocês dois se conhecem?"

"Claro!” Respondeu ele, sorrindo. “Nos conhecemos há mais de uma década!"

Obviamente, Carmen tinha mais perguntas a fazer. No entanto, ficou em silêncio de repente ao perceber que muitos de seus convidados estavam olhando para o corredor.

Instintivamente, virei a cabeça para olhar também. Vi, então, um homem de meia-idade vestindo um belo casaco, com a aparência calma, caminhando enquanto era escoltado por quatro homens vestido de preto. Sua aparência chamou a atenção de muitas pessoas que correram para cumprimentá-lo. Naquele momento, ele viu Carmen e se aproximou dela prontamente.

"Ah, é o grande Sr. Fábio Leão, de Ribeirão. Aonde quer que ele esteja, no momento em que entra, todos tremem de medo.", Marcelo sussurrou com uma cara séria.

Observei tanto Fábio quanto Carmen, discretamente, e percebi a intimidade que tinham um com o outro era diferente das outras pessoas, e meu lado curioso não podia deixar de se perguntar.

"O que se passa com eles?”

Marcelo ergueu as sobrancelhas e olhou para mim com um quê de mistério:

"Eles são dois pombinhos destinados a se separarem."

Não entendi o que ele queria dizer.

"A Sra. Antunes já não foi casada? Ouvi dizer que ele apenas um homem normal. Depois disso, ela se casou novamente e teve o Heitor. Então..."

Onde esse homem se encaixava na história? Parece que o relacionamento deles é bem confuso.

Marcelo zombou e sussurrou:

"Acho que as histórias que ela inventou são muito realistas."

Naquele momento, vi Pedro levar Rebeca para cumprimentá-los, notei também que Carmen sussurrara alguma coisa para Fábio. Enquanto Fábio examinava Rebeca, vi a expressão em seu rosto mudar. Seu olhar, antes duro, agora era transformado por uma surpresa que ele conseguiu conter. Enquanto Rebeca o olhava com a mais pura admiração. Não conseguia compreender o que tinha acontecido entre eles. Marcelo, que me observou o tempo todo, sussurrou com um sorriso na voz:

"Rebeca é a filha que Carmen estava procurando há mais de vinte anos. A propósito, Fábio é o pai dela. Você entende agora?"

Fiquei boquiaberta diante de chocante revelação. Rebeca é a filha deles? Como assim nunca ninguém suspeitou?

Depois que terminaram de conversar, olharam de relance para Marcelo e eu. No momento em que Fábio olhou para mim, pareceu surpreso. Carmen parecia saber no que ele estava pensando, então sussurrou novamente em seu ouvido, fazendo com que ele recuperasse a compostura. Marcelo soltou minha mão e se aproximou para cumprimentar Fábio. Agora que havia recuperado a minha liberdade, olhei em volta procurando por Pedro. A última vez que o vi foi quando ele estava cumprimentando Fábio. Contudo, não conseguia encontrá-lo. Depois de procurar um pouco, escutei uma voz familiar vindo do canto do salão. Fui até lá e encontrei Heitor. Ele ficou surpreso ao me ver, mas conseguiu me cumprimentar normalmente:

"Boa noite."

Vendo que ele não parecia estar bem, não pude deixar de perguntar:

"É o aniversário da sua mãe. Por que está tão triste? Acabei de ouvir alguém dizer que sua mãe encontrou sua filha perdida. Por que não vai até lá para testemunhar isso?"

"O que há para ver?", ele disse com uma voz triste, "Ela sempre esteve ocupada pensando nela. Já eu, bem, fui apenas um acidente."

Ao ouvir a tristeza em sua voz, peguei um prato de queijo e tentei oferecer-lhe um pouco,

"Toda criança é um tesouro precioso para seus pais. Além disso, ela perdeu a filha há mais de vinte anos. Agora que se reencontraram, deixe que ela aproveite cada segundo para recuperar o tempo perdido. Tenho certeza de logo tudo voltará ao normal."

Ele riu com amargura enquanto olhava para a comida que eu oferecia. Sem pensar muito, brincou:

"Eu queria que você fosse a filha perdida, ao invés da Rebeca. Ela é uma pilantra, e só trará problemas se ficar aqui."

Confusa pela sua declaração, sorri,

"Você fala de um jeito como se fosse fácil se tornar parte da sua família."

"Sério?” Disse-me olhando como se eu fosse uma tonta. “Você realmente acha que a minha mãe é tão espontânea que te procuraria apenas para conversar?"

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