Ficar ou correr? romance Capítulo 84

O que ele quis dizer com isso? Ele está falando do nosso encontro no outro dia?

Sem entender suas insinuações, perguntei: "O que você quer dizer?" Era verdade que a Carmen me fez perguntas estranhas, e embora eu estivesse confusa, não pensei que fossem dar em nada.

Mas naquele momento, depois do que Heitor dissera, uma dúvida começou a crescer dentro de mim.

"Pfft." Com escárnio na voz, ele provocou: "Você tem sorte por estar casada com Pedro, já que não é tão inteligente. Falei uma vez que você e Rebeca são parecidas com as minha mãe. Você é tão ingênua assim, ao ponto de acreditar que é comum pessoas se parecerem tanto sem nenhum motivo aparente?"

Franzi as sobrancelhas e exigi saber: "O que você está insinuando?"

Revirando os olhos para mim, ele disse: "É simples, que minha mãe já pegou uma amostra do seu DNA e o da Rebeca para fazer um teste.

Em seguida, parecendo confuso, ele continuou: "Pensei que fosse você no início. Nunca imaginei que pudesse ser Rebeca."

Minha mente estava a mil por hora. Olhando em volta, concluí que seria imprudente interrogar Heitor ali, então levei-o comigo para uma sala próxima ao salão.

Encarando-o com intensidade, perguntei de forma séria: "Então vocês pegaram uma amostra do meu DNA sem meu consentimento só porque eu me pareço um pouco com a sua mãe?"

Ele respondeu: "Claro que não. Minha mãe procurou por ela por anos. Ela não continuaria essa busca sem uma pista para ajudá-la. Já que você e Rebeca compartilham histórias semelhantes, ela não estava certa de quem era a realmente a filha dela. Ela planejou com Pedro para conhecer vocês duas separadamente. Somente depois disso que ela fez o teste de DNA."

Não estava interessada em saber as semelhanças entre Rebeca e eu. Em vez disso , estava mais interessada em saber se meu primeiro encontro com Carmen foi motivado pelo desejo de ajudar minha amiga, ou se ele estava retribuindo um favor a Carmen.

Não podia acreditar que fui enganada aquele tempo todo.

"Rebeca já sabia de tudo?”, perguntei desconfortável.

Ele assentiu: "Acho que Pedro deve ter contado para ela logo de cara. Por isso ela ficou próxima da minha mãe. Não me pareceu que ela não sabia de nada."

Quis rir alto. Eu fui a última a saber.

"Ha!" Quis rir, mas não consegui. Fui feita de idiota.

Percebendo que eu estava chateada, Heitor parou. Talvez tenha percebido a sua falta de tato, e tentou maneirar no sarcasmo e começou a falar comigo com mais empatia. "Não pense muito sobre isso. Ninguém te contou nada porque eles tinham medo que você pudesse entender tudo errado. Uma vez que ninguém sabia em como tudo iria acabar, então..."

"Então vocês decidiram que eu não deveria saber?" Explodi, demonstrando o meu descontentamento.

Ele se defendeu: "Scarlett, você muito bem que eu não disse isso."

"Eu não sei! Nunca soube!" Corri para fora da sala. Fui ingênua ao pensar que não sofreria enquanto fosse gentil, e confiasse. Contudo, a vida sempre encontrava um jeito de equilibrar nossos sofrimentos.

No salão principal, mais pessoas chegavam. Todas elas importantíssimas e ilustres. No meio da multidão, Rebeca era o centro das atenções. Enquanto Carmen e Fábio cumprimentavam os que chegavam, aproveitavam a oportunidade para apresentar a sua filha. 'Que cena comovente.'

'Algumas pessoas já nascem bonitas.'

Contendo minhas emoções, me dirigi até o local onde a comida era servida. 'Apesar da minha desventura, não posso deixar de cuidar de mim.' 'Preciso comer um pouco.' Afinal de contas, meu filho precisava crescer bem.

Distraída, acidentalmente esbarrei em alguém. O bolo que eu tinha acabado de pegar, caiu no terno de alguém.

"Des..." Em pânico, olhei para cima e me deparei com um Armando sério e zangado. Imediatamente recuperei a minha compostura. E até mesmo trabalhei em uma desculpa. Sabia que naquela situação, um pedido de desculpas não faria a menor diferença. Pelo contrário, levaria apenas a mais brigas desnecessárias. Queria evitar qualquer conflito. Mas, aparentemente, Armando decidiu não deixar o incidente de lado. Encarando-me com raiva, ele disse:

"Scarlett, como está se sentindo? Está com ciúmes? Agora que sabemos que Rebeca é filha da Carmen, a vida dela vai mudar para a melhor. Enquanto você, que cresceu numa favela, jamais será digna de alguém como o Pedro, não importa o quão duro você trabalhe."

Coloquei meu prato de volta na mesa, e vociferei: "Já que não sou digna dele, você acha que você é digno então?"

“Você...” Seu rosto ficou vermelho de raiva antes de ele responder.

Antes que ele tivesse a chance de falar, eu o interrompi:

"Casei-me com Pedro. Nós vamos ter um filho juntos. Levando em conta o tanto que você gosta de me diminuir, posse supor que se deve ao fato de você não se achar digno o suficiente para estar com Rebeca? O seu complexo de inferioridade é tão grande, que você precisa projetar isso em mim?"

"Ridículo!" Furioso, ele tirou o paletó e jogou-o em mim antes de exigir: "Limpe isso."

Armando podia ser tão cativante às vezes. Toda vez em que ele tentava me irritar, ou se colocar no meu caminho, era ele quem acabava alterado. Apesar de nunca ter me derrotado, ele continuava tentando. E aquilo, por si só, o tornava adorável. Olhando para o terno na minha mão, disse: "Eu te aconselho a não me dar essa responsabilidade. Quem sabe, você pode acabar usando um terno molhado nesta festa tão importante, e não marcar nenhum ponto com Rebeca."

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Ficar ou correr?