Ficar ou correr? romance Capítulo 85

"Não estou nem aí! Arruma um jeito de limpar o meu terno!" Ficando em silêncio, ele pegou a comida e foi até Rebeca. O banquete havia oficialmente começado, e Carmen subiu ao palco.

Rebeca percebeu como Armando parecia distraído, e olhou em volta em busca do motivo. Ao me ver, um sorriso desdenhoso surgiu em seu rosto delicado. Retribuí o olhar antes de perceber que o terno em minha mão precisava da minha atenção. Enquanto quebrava a cabeça, tentando encontrar uma maneira de limpar o terno, Pedro se aproximou de mim com uma pequena caixa na mão.

Com um olhar frio, ele disse rapidamente: "Este é um presente da Sra. Antunes."

Então, ele me entregou a caixa. Quando viu o terno na minha mão, ele franziu a testa e perguntou: "De quem é esse terno?"

"Do Armando. Esbarrei nele sem querer e derramei bolo nele agora a pouco", expliquei enquanto olhava a caixa que ele havia me dado. Ele preparou a caixa?

Olhando para o terno com impaciência e sugeriu: "É só jogar fora!"

Naquele momento, o a festa se animou quando Rebeca foi levada até o palco por Carmen. Tentando ver melhor, provoquei Pedro: "O meu querido Sr. de Carvalho não deveria estar acompanhando a adorável Rebeca?"

Ele fechou a cara, ignorando meu comentário. "Scarlett, você não acha que passou da hora de me explicar de onde você e o Marcelo se conhecem?"

Se ele tivesse feito aquela perguntas há meia hora atrás, definitivamente teria explicado tudo para ele. Mas naquela situação, entretanto, não tinha vontade de explicar nada. Indo em direção a uma lata de lixo ali perto, joguei o terno do Armando lá dentro e respondi:

"Não há nada a ser explicado. É exatamente assim que o Sr. de Carvalho vê as coisas."

Enquanto isso, Rebeca e Carmen se abraçavam, encenando um momento de união entre mão e filha. Para mostrar seu amor maternal, Carmen anunciou que colocaria metade de suas propriedades no nome de Rebeca. E também iria inclui-la, aos poucos, nos negócios da família. E moraria com Carmen no Monjardim. Afinal de contas, ela era sua filha perdida que foi encontrada mais de vinte anos depois. Fábio estava no palco também, demonstrando seu apoio. O universo conspirara de tal forma que agora Rebeca tinha o apoio das pessoas mais poderosas de Ribeirão e Augusta Virando-me para olhar para ele, pude perceber o mal humor de Pedro. Felizmente, estávamos em uma festa, senão ele já teria começado a brigar comigo. Ele se conteve e disse:

"Vamos dançar depois."

Zombei em resposta, dizendo: "O Sr. de Carvalho não tem medo que a Srta. Lopes possa... Ah, não. Quero dizer, agora é Srta. Leão. Você não deveria estar dançando com ela? Não se preocupe, não vou incomodar vocês."

"Scarlett!" ele cerrou os dentes enquanto puxava meu braço. Sua brusquidão me machucou. Irritado, ele ameaçou: "Deixe de teimosia."

Eu? Teimosa?

Eu ri com amargura. Fixando meus olhos neles, acenei com a cabeça e disse: "Sr. de Carvalho, você é fora do comum, sabia?"

Olhando em volta, vi Marcelo se aproximar, me desvencilhei de Pedro e fui até ele. Às vezes, o diabo pode ser melhor do que o anjo.

Marcelo me olhou de cima abaixo enquanto me aproximava. Com um sorriso malicioso, ele disse: "Letti, esta é a primeira vez que você vem até mim por conta própria."

Ignorando seu olhar tenebroso, perguntei: "Quando posso ir embora?"

"Quando quiser!" ele deu de ombros enquanto erguia as sobrancelhas de forma inquisitiva, "Onde você quer ir?"

Já que ele havia exigido que eu o acompanhasse naquele evento, e nada além disso, presumi que após comparecer ao banquete, estava livre para ir quando bem entendesse. Com aquilo em mente, olhei para a caixa nas minhas mãos, e então para Carmen que tinha terminado o seu discurso. Carregando a caixa, caminhei até ela. Quando me viu, ela sorriu e me cumprimentou:

"Sra. Machado, por favor me perdoe por não ter lhe dado tanta atenção, não esperava que tantas pessoas viessem."

Sorri levemente. Sua polidez aumentou a distância entre nós. "Não precisa se desculpar. Este é meu presente para a senhora. Desejo-lhe um feliz aniversário e muitos anos de vida!"

Era claro que ela estava feliz. Rindo alegremente, ela pegou o presente e respondeu: "Você é muito gentil. Aceito de muito bom grado seu presente e as suas palavras."

Fábio, que levou Rebeca para interagir com os outros convidados, me viu conversando com Carmen. Depois de sussurrar algo no ouvido de Rebeca, ele veio até nós. Rebeca olhou para mim com a cara fechada antes de se afastar. Fábio era alto e imponente. Apesar da sua idade, sua natureza calma era palpável. Olhando para mim de forma afetuosa, ele perguntou: "Você é Scarlett?"

Assenti e o cumprimentei. "Olá Sr. Leão."

"Hahaha!", ele gargalhou de bom humor ao cutucar Carmen que estava parada ao seu lado. "Ela se parece muito com você quando tinha essa idade. Não só a aparência física, mas também a sua postura e determinação."

Carmen concordou à medida em que seus olhos ganhavam um brilho suave. Ela sorriu e disse: "Quando a vi pela primeira vez, pensei a mesma coisa. Se não fosse pelo teste de DNA, teria pensado que esta moça é minha filha."

"Letti," Fábio falou, voltando a olhar para mim. "Posso chamá-la assim?"

Assenti. Como se estivesse prestes a me lembrar de algo. Talvez tenha sido uma lembrança antiga, que passou pela minha mente como um lampejo. E a única coisa que consegui recuperar foi a vaga sensação de que sua voz me era muito familiar.

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