Ficar ou correr? romance Capítulo 86

"Seus pais..."

"Mãe, pai!" Rebeca, então, interrompeu a nossa conversa. Com uma taça de champanhe na mão, ela passava graciosamente por entre os convidados. Olhando atentamente para Carmen e Fábio, ela disse: "Sr. Souza quer falar com vocês. Ele está esperando no segundo andar."

Pegos de surpresa pela interrupção inesperada, tanto Carmen quanto Fábio se olharam, antes de virarem para mim. "Sra. Machado, por favor nos dê licença, surgiu um imprevisto. Se precisar de qualquer coisa, sinta-se à vontade para dizer à Rebeca.”

Em seguida, foram em direção ao segundo andar, deixando-me sozinha com Rebeca.

"Sra. Machado, vamos conversar?" Ela falou, me olhando com arrogância.

Havia muitas pessoas indo e vindo na mansão. Conhecia algumas delas, e outras não. Não havia como negar que eu estava de mau humor, e que eu gostava de ignorá-la.

Soltando um longo suspiro, respondi: "Ficaria muito agradecida, se você ficasse longe de mim. Não temos nada para conversar."

Ela zombou e retrucou com visível sarcasmo: "Você entende que esta é a casa da minha mãe, certo? Para onde quer que eu vá?"

Eu ri. "Ah, sim, eu esqueci. Você não é mais Rebeca Lopes, e sim Rebeca Leão.

Depois de uma breve pausa, continuei: "Já que esta é a sua casa, então eu ficarei longe de você. Melhor assim?"

Quando me virei para sair, ela bloqueou meu caminho e disse:

"Scarlett, o que você quer para você deixar o Pedro? Ele é um homem excepcional, destinado à grandeza. Apenas aqueles que estão no topo estão qualificados para estar ao seu lado. Scarlett, tenho certeza de que você sabe muito bem que não é digna!”

"E você é digna?" Não pude deixar de responder. Testemunhar seu súbito aumento de autoconfiança me fez rir: "Nos últimos dois anos, tenho sido digna dele. Então, por que não seria digna agora? É porque você não é mais a pobre órfã desamparada, mas sim a filha perdida da mulher mais rica do mundo, e agora se acha no direito de julgar o meu valor de maneira tão prepotente?"

"Scarlett, ele nem mesmo ama você. Por que quer ficar presa a ele? Vale a pena?"

Ergui minha sobrancelha antes de dizer:

"Sim!" Em seguida, ri levemente. "Não importa o quão longe ele vá, não importa quem ele realmente ame, enquanto eu for sua esposa, ele voltará para mim. Ele voltará para sua família e para seu filho."

“Scarlett!", podia ver a amargura em seu rosto quando ela disse: "É esse o tipo de casamento que você quer? Farei o que você quiser, contanto que deixe o Pedro. Que tal?"

Sentia o seu desespero. Normalmente interpretava a sua atitude como um sinal de amor. No entanto, agora, não sentia nada além de pena dela. Aquilo não era amor, mas o medo de perdê-lo para outra pessoa. Um coração cheio de medos e arrependimentos transformava o amor em obsessão. Já não tinha nada a ver com amor. Não conseguia parar de rir, enquanto olhava para ela.

"Rebeca, estou muito curiosa. Você está realmente apaixonada pelo Pedro, ou você está com o ego ferido por tê-lo perdido? O seu famoso 'sentimento mútuo', nada mais é do que um amor unilateral e não correspondido."

Afinal, Rebeca era uma pessoa orgulhosa que se importava muito com sua imagem. Tentando manter sua raiva sob controle, ela sussurrou com veemência: "Quem é você pensa que é para questionar nosso relacionamento? Você está obviamente sobrando."

Não consegui me conter e provoquei: "Você já viu a pessoa que está 'sobrando' ser oficialmente reconhecida como esposa?" Parando para recuperar o fôlego, continuei: "A propósito, você sabe por que o Pedro tem te evitado?” Propositadamente me inclinei para mais perto e sussurrei em seu ouvido: "É porque eu disse a ele que odeio quando ele toca em outra pessoa. Até lhe dei um ultimato, se ele se atrever a te tocar, era melhor ele ficar longe de mim.”

"Mentira!"

Eu zombei: "Mentira? Por que você acha que ele prefere que eu o satisfaça, ao invés de procurar por você ultimamente?" Vê-la em total estado de descrença, fez com que eu me sentisse melhor. Na verdade, foi muito divertido provocar aquela garota mimada e pretenciosa.

“Vamos tirar a prova então? Vamos ver se se importa comigo ou não?"

Em seguida, Rebeca se aproximou de mim sorrindo. Era um sorriso perturbador. Antes que eu pudesse reagir, ela segurou meu braço com força. Pasma com sua ação repentina, tentei me desvencilhar dela. No entanto, antes que eu pudesse escapar, ela se jogou na torre de taças de vinho atrás de nós. No mesmo instante, a bela torre de vidro desmoronou. As taças caíram e estilhaçaram para todo o lado. O barulho era enlouquecedor. Alguns convidados que estavam ali perto também se machucaram. Alguns gritaram enquanto outros recuaram a tentar evitar o desastre. Havia também alguns outros que ainda dançavam e conversavam, sem saber o que acontecera.

"Rebeca!” Carmen gritou preocupada, enquanto o caos irrompia no salão.

Alguém passou por mim e rapidamente pegou Rebeca no colo, tirando-a dos estilhaços. Os cacos de vidro foram retirados antes de ela ser colocada no sofá. Vários médicos da família entraram e começaram a cuidar dela. Alguém chamou uma ambulância, enquanto outros confortavam Carmen. Então, Rebeca abriu os olhos, procurando por Pedro. Quando ela o viu de pé na sua frente, ela gritou seu nome de maneira triste: "Pedro!"

"Estou aqui", ele respondeu, seu rosto menos tenso e preocupado.

"Tá doendo!", ela choramingou, segurando Pedro pelo terno.

Alguém trouxe carro para perto da entrada. Pegando Rebeca em seus braços, Pedro a consolou: "Já que está doendo, pare de falar e apenas descanse."

Ela se recostou nele, quieta e contente. Enquanto ele a segurava, por um instante voltou seus olhos para mim, me encarando com raiva. Com Rebeca em seus braços, ele saiu.

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