Improvável CAPÍTULO 40

|KAYRA|
Disfarço minha surpresa e tento controlar minha ansiedade assim que coloco os pés do lado de fora da sala e me deparo com mais três homens uniformizados igualmente ao primeiro que parece liderar o grupo, e que havia acabado de me chamar. Eu os observo se posicionarem imediatamente cada um a minha volta como se estivessem escoltando uma celebridade ou cofre forte de um banco.
Então no mesmo instante uma lâmpada de alerta se acende dentro do meu cérebro, fazendo com que eu comece a compreender que o assunto a ser tratado não é apenas um simples caso banal de um pop star qualquer. Para haver a necessidade de ser acompanhada durante o caminho por quatro seguranças no total, deve ter coisa grande por aí, eu só preciso descobrir o que é, é a conclusão a que chego, me correndo de curiosidade, o que me faz comer ainda mais e terminar os salgadinhos restantes que ainda sobravam na bandeja.
-O moço, você não pode pelo menos me dar uma pequena diquinha sobre quem é a pessoa, não? É alguém famoso? Tipo muito famoso?
-Infelizmente essa informação é extremamente confidencial e eu não posso forneça-la, doutora. Apenas as pessoas responsáveis é que lhe dirão no momento certo.
O tal segurança diz sem deixar nenhuma emoção transparecer na voz e com isso eu não consigo sondar mais nada a respeito. Mas nada me impede de continuar tentando puxar algo de sua língua, certo? Claro que não! Então eu arrisco a minha sorte e digo alguns nomes para ver se acerto um palpite.
-É a Meryl Streep?
Eu começo como quem não quer nada.
-Não.
Ele responde quando passamos direto pelo elevador e seguimos em direção as escadas de emergência para evitar o encontro com outras pessoas no caminho.
-Angelina Jolie?
Eu arrisco um segundo nome.
-Não.
Seu tom de voz esconde a diversão de me ver atirando a torto e a direito sem rumo, o nome de várias celebridades na tentativa de descobrir quem é.
Bobão.
-Oprah Winfrey?
- Também não.
Ele repete a mesma palavra mais uma vez desde que comecei esse jogo de perguntas e todas as suas respostas são sempre as mesmas: não, não e não de novo! Que homem mais difícil de se arrancar alguma coisa, pelos céus! Desse jeito eu irei morrer de curiosidade até chegar na sala de reuniões da presidência do hospital, que é o caminho pelo o qual estamos seguindo, é o que percebo quando já estamos no meio do corredor, que nesse momento está completamente vazio, sem a presença de uma única alma viva, até mesmo da atendente que deveria estar em seu posto a essa hora, mas que não está, exceto por um grupo de oitos homens que vejo de longe, todos semelhantemente vestidos de terno assim como os que estão me acompanhando.
Que gente sinistra, é o que penso comigo mesma ao engolir com dificuldade a saliva em minha garganta, mas não desisto de continuar perguntando ao primeiro segurança. Oras, eu preciso saber de quem se trata primeiro, para poder me preparar psicologicamente e pensar na forma como lidarei com a situação, certo? E talvez, dependendo de quem seja, eu até peça um autógrafo na surdina, pois sei que as regras do hospital proíbem esse tipo de conduta de qualquer profissional para com seus pacientes.
-Então é a Beyoncé, não é mesmo? Eu jurava que aquela mulher era nova demais, apenas quarenta anos de idade e uma saúde de ferro para ter problemas no coração. Mas pensando bem, se analisarmos alguns fatos da vida dela faz até sentido...
Eu começo a ponderar meus pensamentos em voz alta, contudo o homem que me trouxe até aqui, interrompe meus devaneios quando paramos em frente a porta da sala da alta cúpula do hospital, cujo lugar eu havia entrado raríssimas vezes, talvez uma ou duas no máximo, durante todo o tempo em que tenho trabalhado nessa instituição.
-Doutora Pextton, entre por favor.
Ele pede ao abrir a porta para mim retirando a bandeja vazia das minhas mãos, e no instante em que já me encontro do lado de dentro da sala, a porta é fechada imediatamente as minhas costas, mas ele não me acompanha. Eu estou sozinha agora, sob a mira de dezenas de pares de olhos ao redor da grade mesa central de reuniões, que se voltam em minha direção no mesmo segundo, quase que de modo sincronizado, e me fitam atentamente, todos com uma expressão de seriedade que me causa calafrios.
esse povo tem, eu hein?
-Bom dia, doutora Pextton. Junte-se a nós, por favor.
O diretor do hospital indica a cadeira próxima a sua, e mesmo sem compreender muita coisa, eu apenas faço como ele pede e me assento ao seu lado ao redor da mesa.
-Hum... bom dia a todos.
cumprimento os demais presentes com um breve acenar de cabeça e digo logo a dúvida que está fervilhando em minha cabeça. Eu não foco muito no rosto de ninguém, na verdade eu mal olho para as outra pessoas ao meu redor além da figura do diretor que está ao meu lado.
posso saber do que se trata tudo isso? Eu meio que fui arrastada até esta sala por uns caras que eu nunca vi na vida, sem nem mesmo estar por dentro assunto. Então nesse momento eu gostaria de ser inteirada do que se passa e o motivo de todo esse sigilo. Por que estamos todos reunidos aqui para essa reunião secreta?
do meu marido, senhorita Pextton.
voz feminina, vinda de algum lugar ao longo da mesa alcança meus ouvidos, subitamente sou atingida por uma intensa dor no ventre quando as crianças fazem um movimento inesperado dentro de mim e chutam minhas costelas com todas as forças que possuem como se quisessem sair dali.
Misericórdia!
esses dois enfim decidiram acordar justamente a essa hora? Que time mais errado, meus limõezinhos! Aguentem a mão aí, por favor. Fiquem quietinhos e deixem a mamãe trabalhar. Faço uma rápida prece silenciosa e mental dentro da minha cabeça, enquanto acaricio minha barriga por cima da blusa, para tentar acalmar a estranha agitação que está ocorrendo ali. O que será que deu neles para estarem assim elétricos tão de repente? Eles estavam tão calminhos essa manhã depois de uma longa noite de bagunça na minha barriga. Eu realmente não entendo...
assunto a ser tratado com tamanho sigilo e extrema segurança neste instante é a saúde do meu marido, Dominik Callaham
mulher volta a falar novamente fazendo com que a agitação se multiplique ainda mais, como se o casal de limõezinhos estivessem fazendo uma verdadeira festa de arromba dentro de mim, e eu suspiro com um misto de desespero e angústia, levantando os olhos na direção da pessoa que está respondendo a minha pergunta. Por pouco minha boca não se escancara como um peixe fora d'água e meu queixo não bate no chão, quando me deparo com a figura de Dianna Callaham, a rainha do reino de
olhos meio desacreditada e minha mente fica meio aérea por alguns segundos com a surpresa de me deparar com a presença da monarca do meu país presente no mesmo ambiente que eu. Estou sonhando por acaso? Quando eu ia imaginar que isso poderia acontecer um dia em minha vida? Ver a rainha, a figura mais importante da realeza Callaham depois do rei, com os meus próprios olhos que a terra há de comer depois que eu morrer?
como que para confirmar que estou acordada e que tudo o que está acontecendo é totalmente real, sinto um pontapé dolorido atingir minha costela que me faz resmungar baixinho em protesto. Limãozinho abusado, aposto que deve ter sido o menino para ser bruto assim. Penso comigo mesma.