Improvável CAPÍTULO 56

|DEKLAN|
Meus dedos ainda estão tremendo de ódio e banhados de sangue, quando eu me ergo de cima do cachorro morto que Salvatore não deixa de ser, após o pedido de Kayra. Eu não quero abandonar a vontade insana que ainda tenho de arrebentar com o restante de sua cara, mesmo que eu saiba que isso tudo é mais culpa da minha irmã do que dele. Contudo, eu me forço a me manter sob controle para não assustar Kayra mais do que já fiz até agora.
-Kayra...
-Não encoste em mim, Callaham!
Ela exclama com um olhar horrorizado para as juntas dos meus dedos completamente inchadas e tingidas de um tom avermelhado assustador que pinga no chão, quando eu faço menção de tocá-la e então recua um passo para trás, como se não reconhecesse a pessoa a sua frente.
-Eu não sei qual é o problema da sua família, Deklan Callaham. Mas por favor, seja lá o que for, resolva isso bem longe dos meus filhos e de mim. Nenhum de nós quer se tornar objeto de chantagem ou um brinquedo numa disputa entre família.
-Mas vocês são a minha família, Kayra!
-Não, nós não somos, Callaham. Eu sou apenas a mulher que está gerando duas crianças que carregam o seu sangue, e que são maravilhosas, e que por esse mesmo motivo não irão viver no meio de uma guerra entre dois irmãos. Eu não quero que eles sofram e não irão no que depender de mim. De inferno já basta o que nós vivemos até agora, meus filhos precisam de paz, amor e a normalidade que uma vida comum pode oferecer.
Kayra diz quebrando algo dentro de mim de modo irreparável e doloroso demais para que eu possa suportar. Então eu choro. Meus olhos queimam de dor e desespero quando eu caio de joelhos no chão ao ver a mulher da minha vida indo embora, e levando consigo meus filhos juntamente com meu coração. Kayra parte sem dizer adeus ou destinar um único olhar para trás até sumir das minhas vistas.
Eu estou destruído, mas não totalmente sem forças para lutar. Preciso ir atrás da culpada por tudo o que me aconteceu e confrontá-la cara a cara. Eu preciso descobrir o motivo porque Desireé fez isso comigo.
-É melhor se manter fora da minha vista durante o próximos dias, Salvatore. Ou eu não me importarei se você é o capacho predileto da minha irmã e irei acabar com a sua raça, está me entendendo? Então suma daqui! Já!
Eu digo rispidamente antes de deixá-lo para trás caído no corredor, e seguir em direção ao quarto de Desireé soltando fumaça pelas ventas, o sangue borbulhando nas veias e o coração disparado. Louco para torcer seu pescoço com raiva e ressentimento.
-Por que você sempre faz isso, Desireé? Por que? Porque sempre se mete na vidas das pessoas sem ninguém ter pedido a sua opinião?
Eu digo colérico quando abro a porta de seu quarto com um chute, e entro no local com passos duros, andando de um lado para o outro tentando manter a calma e não jogá-la pela janela da sacada.
-Do que é que você está falando, seu louco? Sabe quantas horas são...
-Louco? O louco agora sou eu, irmãzinha? Louca não é a pessoa que mandou a merda do seu segurança pessoal atrás de mim, há seis meses atrás para me vigiar e controlar cada um dos meus passos?
-Deklan, o que...
-Deixa de ser cínica e mentirosa, Desireé! Eu te avisei uma vez, você disse que tinha entendido e que iria mudar, então eu fui burro o bastante para acreditar novamente nas suas palavras quando não deveria tê-lo feito. Eu quis acreditar que você realmente iria mudar de comportamento e te dei a droga de uma chance! Para acontecer o que no final das contas? Ser apunhalado de maneira vil e nojenta pelas costas. E pela minha própria irmã! Sangue do meu sangue.
Eu rio totalmente desacreditado de como pude ser tão tolo de cair em seus joguinhos de manipulação e controle sem ao menos perceber. Como fui estúpido! Agi com a emoção ao invés da razão e agora estou colhendo os frutos das minhas decisões idiotas.
-Sabe o que você fez, Desireé? Deixa eu te contar, você acabou com a minha vida!
está dizendo isso, Deklan? O que eu fiz para você?
-Você ferrou tudo, Desireé! Tudo! Quando ligou há seis meses atrás, me chamando para voltar para o castelo correndo e mandou Salvatore colar na minha sombra, você destruiu algo bom que poderia ter acontecido.
que foi que aconteceu há seis meses? Eu só me lembro da doença do papai e...
-Você mandou o seu cachorro particular escorraçar da minha casa na cidade, a garota com quem eu estava, na manhã seguinte, como se ela fosse uma ladra ou prostituta barata. Você teve a ousadia de oferecer dinheiro além de ofender a moral de uma pessoa que sequer conhecia, Desireé! Tudo pela boca daquele safado do Salvatore que me enganou direitinho quando eu retornei algumas horas depois.
Eu bagunço meus cabelos com as mãos exasperado, extremamente aflito e angustiado diante da hipótese de perder as pessoas mais importantes da minha vida por causa da minha irmã.
-E você sabe o que é mais irônico nisso tudo? Apesar dos seus esforços inúteis de querer me isolar do mundo, eu a encontrei novamente.
-Encontrou? E então?
eu encontrei irmãzinha. E sabe quem ela é?
uma risada um tanto ácida e sarcástica ao fitar o teto de seu quarto antes de continuar.
médica que vai realizar a cirurgia do nosso amado
está... ai meu Deus! Ela
Desireé. Ao que parece você não é cega e muito menos burra para não ter percebido o óbvio. A doutora Kayra Pextton está grávida de seis meses, quase sete, e de gêmeos. Ela está grávida dos meus filhos os quais você me privou de conhecer desde o início da gestação, e ainda fez com que ela me odiasse por tudo o que você fez naquele dia, mas que ela pensou que tinha sido eu. Você acabou comigo Desireé!
eu sinto muito de verdade! Eu não sabia que as coisas iriam acontecer desse jeito e que se complicariam tanto. Eu não tinha como prever as consequências dos meus atos e juro que não fiz por maldade. Eu só queria te
proteger? Me proteger de que, Desireé? De ser uma pessoa normal diferentemente de você?
que agi errado, está bem? Mas eu tive muito medo de que algo ruim acontecesse com você, de que se machucasse ou até mesmo pudesse morrer, assim como aconteceu com Derick, nosso irmão. Você sabe muito bem como tudo aconteceu, de como... como ele foi atacado por aquela fã maluca numa emboscada que tirou sua vida e explodiu seu carro. Sei que isso foi há três anos, porém eu nunca deixei de pensar nisso até hoje. De como isso abalou toda a nossa família, principalmente a pequena Kath que se tornou órfã de pai e de
faz uma pausa emocionada, e seca o canto dos olhos com o dorso das mãos quando algumas lágrimas escapam por seu rosto, e eu engulo em seco.