Por Você romance Capítulo 98

Abro os meus olhos, sentindo o meu corpo reclamar do chão duro e só então percebo que adormeci em um amontoado de papelão no chão. Através das brechas das madeiras que prendem a única janela, vejo que a luz do dia já está perdendo a sua força. Escuto os sons das vozes no outro cômodo e me forço a levantar dos papelões e caminho até a porta, para ver se entendo sobre o que estão falando. Pelos sons alterados, penso que estão discutindo por alguma coisa. Será que algo deu errado? Alguém mexe na porta e eu me afasto apressadamente, me encostando na parede, no fundo do quarto. A porta se aberta e Camilly entra me lançando um olhar tão surpreso, quanto furioso. Ela para bem na entrada do quarto e fixa os seus olhos em cima de mim.

— Por que diabos ela está solta? — Praticamente grita, apontando em minha direção. Eu olho para todos, que invadem o quarto imediatamente e observo ansiosa a porta aberta atrás deles. Não... não dá para fugir grávida e com todos reunidos aqui. É loucura!

— Não vejo necessidade de mantê-la amarrada, Camilly. Ela está grávida e,

— Quem diz o que fazer aqui sou eu e não você, seu idiota! — Ela grita para o homem, em seguida me lança um olhar quase mortal. Automaticamente levo as minhas mãos ao meu ventre, em uma atitude protetora. Ela vem até mim, me agarra forte pelos cabelos e me faz sentar na cadeira.

— Querida, não precisa. — O outro homem interpele, mas se cala com apenas um gesto dela.

— Vou ligar para o seu noivinho e você vai falar com ele. Quem sabe assim ele agiliza o meu pedido, hã? — diz bem perto demais do meu rosto. Ela mexe no celular e o coloca em meu ouvido, para que eu fale. O telefone chama duas vezes seguidas e o meu coração dispara quando ouço o som da sua voz.

— Alô? — Reprimo a vontade de chorar.

— Luís? — Chamo-o com a voz trêmula.

— Ana? Onde você está, meu amor? — indaga com um tom meigo, porém com desespero e antes que eu consiga responder-lhe, Camilly tira o celular de mim e passa o aparelho para o homem ao seu lado. Ela não quer que saibam que ela está envolvida. Penso. Mas, que cachorra! Só pode ser isso! Ela não perderia essa oportunidade de fazer o Luís sofrer!

— Então, senhor Alcântara? Já sabe que ela está bem. Agora, podemos negociar? — O homem propõe, saindo do cômodo. Depois da ligação, eles saem da casa e ficamos apenas eu o vigilante de sempre. Preciso resolver isso e vai ser agora! Penso, levantando-me da cadeira, vou até a porta e paro para escutar se eles realmente já saíram. Há um silêncio do outro lado da porta. Então me encho de coragem e bato na madeira envelhecida.

— Ei, preciso ir ao banheiro! — Não ouço nada em resposta. Há apenas o silêncio do outro lado. Bato com mais força e insisto em importuná-lo. — Ei, estou apertada, eu realmente preciso ir ao banheiro! — falo ainda mais alto. Escuto o barulho da chave na fechadura e me afasto automaticamente. Ele abre a porta e faz exatamente o que eu queria. Dentro do pequeno cômodo, faço as minhas necessidades e depois de lavar e secar as mãos, tento tirar o pedaço do espelho preso na parede. Faço força, tentando não fazer barulho, para não chamar a atenção. No ato, corto a minha mão, mas consigo tirar um pedaço considerável. Seguro-o firme atrás do meu corpo, sentindo a ardência na palma da minha mão. Abro a porta, entrando na sala em seguida e sem perceber nada, o homem segura o meu braço e me leva de volta para o quarto. No curto trajeto, pensei em como faria. Eu terei que ser esperta e rápida se quiser que o meu plano dê certo. Em silêncio, voltei a sentar-me na cadeira e fingi que estava passando mal.

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