Lembranças das noites quentes de verão Hardlles (II)

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Minha cabeça virou um emaranhado de histórias que se confundiam. E eu não conseguia entender o sentimento dentro de mim com relação à Mariane: pena, raiva...

- Ela... Nunca mais soube da criança?

- Creio que não. Quando se dá a criança a uma instituição especializada, é tudo feito de forma sigilosa, tanto para a mãe que entrega a criança quanto para a que adota.

- Por isso ela quis roubá-lo... Destruir a J.R Recording. Vingança... Queria que ele sentisse na pele o que é perder tudo que se tem de mais precioso.

- Talvez... Não sei o que se passa na cabeça de Mariane.

- Eu... Não esperava isso. Quer dizer que existe um Rockfeller por aí... Perdido no mundo.

- Ela entregou em Noriah Sul.

- Para não ter a possibilidade de cruzarem com ele nem acidentalmente.

- Creio que sim.

- Quantos anos ele tem agora?

- Em torno de dez anos.

Balancei a cabeça, aturdida.

- Eu não tinha o direito de lhe contar isso... Mas acho justo que saiba, entende?

- Agora explique, Min-ji: o que eu fiz a ela, para transpor toda raiva para mim?

- Talvez tenha sentido inveja pela sua coragem, em sair de casa, não se importando com o que deixava para trás, mas lutando pelo seu bebê. Ela não conseguiu fazer isso.

- E o que o fato de ela ter dormido com Colin tem a ver? Sinceramente, ela é perversa. E isso não tem a ver com o sofrimento que ela possa ter passado. Eu literalmente “comi o pão que o diabo amassou” e não perdi minha dignidade no meio do caminho.

- Não sei, menina... Não sei o que a levou a dormir com seu noivo.

- Bem, vamos pensar que ela dormiu com Colin para que eu dormisse com Charles para que Yuna pudesse dormir com Colin também... E todos nós, exceto ela, fôssemos felizes para sempre.

Min-ji riu:

- Isso é bem estranho.

- A vida é estranha, não é mesmo? – Pus a mão em torno do seu ombro, de forma afetuosa.

- Realmente... Quem diria que minha filha se envolveria com Colin Monaghan?

- No fim, acho que cada um tem o que merece, Min-ji. Yuna merecia uma pessoa legal. E apesar de tudo, Colin sempre foi um homem legal. E sinceramente, acho que ele jamais vai trair Yuna. Porque não haverá uma irmã invejosa querendo puxar o tapete dela por simples crueldade.

- Meu amor, não está muito frio para você aí na rua? – Ouvi a voz de Charles, enquanto ele descia em direção à praia.

Min-ji deu-me um beijo no rosto e subiu. Charles me envolveu em seus braços. Deitei minha cabeça no seu peito, escorando o corpo no dele, contemplando a lua novamente.

- Viu que as estrelas voltaram a brilhar intensamente? – Ele mordeu o lóbulo da minha orelha.

- Elas viram que chegamos... E quiseram nos presentear. Como a lua... – Falei, sentindo meu corpo arrepiar-se.

- Está com frio? – Ele passou a mãos sobre meus braços eriçados.

- Não... Isso é só a sensação que a sua boca me causa.

Ele riu, me abraçando com força, o pau já endurecendo na minha bunda:

- Percebe o que você me causa, garotinha?

Você acha que eu sou uma boa pessoa?

Ele pensou um pouco antes de responder:

- Acho que ninguém é de um todo bom... E nem ruim.

- Se eu perdoasse a minha irmã, o que você faria?

Não faria nada, porque é uma decisão que não cabe a mim. Mas não quereria compartilhar do mesmo ambiente que ela em festividades...

- Por quê?

- Porque ela me deixou longe de você e Melody por cinco anos.

- Você acha que pagar na mesma moeda uma maldade que me fizeram seria vingança?

- Sim? – ele disse, confuso, em forma de pergunta – Quer me dizer algo, Sabrina?

- Eu quero... Acho que sim, todo mundo tem um pouco de bondade e maldade dentro de si. Mas sempre se tem uma escolha. E às vezes nossas escolhas podem magoar profundamente as pessoas. Nós estamos felizes... Eu acho que nunca me senti tão bem em toda a minha vida como neste momento. E talvez seja porque, apesar de tudo que passamos, escolhemos o bem. Não ferimos nem machucamos ninguém porque sofremos, querendo transferir nossos sentimentos ruins ao mundo todo. Nossas boas escolhas no passado foram compensadas... Com nosso reencontro, nossas filhas... E nossa casa. – Sorri, sem que ele percebesse.

- Fizemos escolhas boas, garotinha... Escolhemos nós... Sempre.

Virei-me em direção a ele e beijei-o. Senti sua língua quente na minha, dançando no mesmo ritmo. Nosso beijo era sempre cheio de amor e carinho. Eu amava aquele homem e tudo que ele me trouxe para minha vida.

fui recompensada pelas coisas boas. Mas agora eu faria uma coisa ruim. Porque sim, eu poderia ficar quieta e fingir que nunca soube daquela criança. Mas Hardlles merecia saber do filho. E Mariane tinha que dar satisfações a ele do que fez no passado.

intrometeu na minha vida o tempo todo. Agora eu me intrometeria na

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prédio localizado num bairro de classe alta e pedi ao porteiro que avisasse o cantor que eu gostaria

quem anuncio? – Perguntou o homem, uniformizado, atrás de um balcão

- Sabrina Rockfeller.

pegou o telefone e discou o ramal do apartamento. Falou meu nome, ouviu o que a pessoa falou do outro lado e disse, assim

senhora pode subir. Décimo primeiro andar,

- Obrigada.

ao elevador e apertei o 11º andar. O apartamento dele ficava no meio do corredor.

parei em frente à porta, fazendo menção de tocar a campainha, ela foi aberta.

para o homem de cabelos longos, escuros e malcuidados. Os olhos eram de um verde claro e a boca fina. Usava uma regata, mostrando as inúmeras tatuagens nos braços e pescoço. A calça jeans apertada estava toda rasgada e não sei se era por moda ou porque realmente estava velha. Ele não usava nada nos

não lembrava em nada o que eu via na TV quando era pequena... Nem na adolescência. O tempo havia sido cruel com

que você quer? – Perguntou,