Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 205

Resumo de Hóspede: Lembranças das noites quentes de verão

Resumo do capítulo Hóspede do livro Lembranças das noites quentes de verão de Roseanautora

Descubra os acontecimentos mais importantes de Hóspede, um capítulo repleto de surpresas no consagrado romance Lembranças das noites quentes de verão. Com a escrita envolvente de Roseanautora, esta obra-prima do gênero Romance continua a emocionar e surpreender a cada página.

- Confesso que estou curiosíssimo, senhora Rockfeller. – A fumaça do cigarro saía da boca dele como uma chaminé, querendo me contaminar de qualquer jeito.

Eu não sei se tinha como dar a notícia de forma lenta e verdadeira ou seria melhor inventar toda uma história bonita por trás. Não éramos nada íntimos para eu passar mais tempo ali e ele não era o tipo de pessoa que parecia ter sentimentos a ponto de eu precisar ter dó do que ele ouviria.

- Eu vim lhe contar algo sobre seu passado com Mariane.

Hardlles riu, sem retirar a porra do cigarro da boca, como se aquilo tivesse nascido com ele:

- Jura? Veio me contar algo sobre “meu” passado que eu não saiba? Deixe-me ver... Talvez eu não tenha sabido que sua irmã era uma vadia covarde... Ou quem sabe tenha ficado dúvidas sobre seu pai ser a porra de um filho da puta desgraçado?

- Pelo visto você conhece muito bem a minha família, Hardlles. Então vamos direto ao ponto que você não sabe: você e Mariane tiveram um filho.

Ele me encarou... Os olhos sombrios, o cigarro sem mexer-se no canto dos lábios, os dedos permanecendo exatamente como estavam na corda da guitarra. Depois de um tempo, virou-se novamente para o instrumento, tocando-o acoplado à uma caixa acústica, o som estrondando nos meus ouvidos.

- Mentirosa! – Foi o que saiu da boca dele, sem sequer olhar na minha direção.

Que cara filho da puta! Como Mariane teve a capacidade de se envolver com um homem daquele tipo? Parecia pouco se importar para o mundo que girava à sua volta, como se ele fosse a única coisa que realmente valesse a pena.

Eu detestava admitir, mas talvez meu pai tivesse razão em separá-los. Eu detestava julgar as pessoas, mas naquele caso parecia tão claro e cristalino quanto água.

Virei as costas e estava me dirigindo para a porta quando ele parou de tocar os acordes desarmonizados e disse:

- Me diga que está mentindo...

Virei na direção dele e repeti:

- Vocês tiveram um filho. Eu não estou mentindo.

Ele pegou finalmente o cigarro que pareceu nascer com ele e amassou no cinzeiro, que repousava sobre o braço do sofá. A guitarra foi para o chão e levantou, vindo na minha direção:

- Por que está me dizendo isso agora?

- Porque eu soube agora... Para ser exata, ontem. Eu estou com sérios problemas com minha família. Mas não estamos aqui para discutir isso, não é mesmo? Achei justo que você soubesse. Porque se depender de Mariane, você morrerá sem saber que é pai de um menino, que ela deu para adoção, anos atrás.

Ele seguiu me encarando, a boca semicerrada, sem sair uma palavra.

- Meu pai também tentou me separar de Charles, que você deve conhecer como Charlie B. A diferença é que eu não aceitei a opção que ele me deu, que era o aborto. Hoje tenho minha filha, ou melhor, filhas... – pus a mão sobre a barriga, crescida o suficiente para ele ver que havia um bebê dentro dela – Minha irmã não teve a mesma coragem... Ou talvez tenha sempre sido uma pessoa fria e sem coração. Eu não sei se você conseguirá conhecer seu filho... Sequer tenho certeza se esta notícia fará diferença na sua vida – observei a zona naquele cômodo – Mas fiz meu papel: dizer a verdade. O que você vai fazer com isso já não é problema meu.

Pus a mão na maçaneta e abri a porta. Saí para o corredor e ouvi o som fraco da voz dele:

- Obrigado.

Não olhei para trás. Simplesmente fechei a porta e saí. Porque eu não tinha certeza se tive raiva ou dó do que restou daquele homem.

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

Cheguei em casa e fechei a porta, encontrando minha mãe sentada no sofá. Gelei por dentro, procurando J.R em qualquer canto. Mas não o encontrei.

- Sou? – Senti as lágrimas invadindo meus olhos, deixando a visão embaçada e turva.

- A única pessoa que o enfrentou até hoje... Em nome do amor. O sentimento gigantesco que sentiu pela sua filha... E o pai dela.

- Jamais me passou pela cabeça não lutar pela minha felicidade.

- Abri mão da minha... Por toda uma vida. Mas nunca é tarde... Eu creio que eu ainda possa tentar ser só um pouquinho feliz.

- Nunca é tarde... E não pode tentar ser “só um pouquinho” feliz. Porque você merece ser muito feliz. Alguém que viveu tantos anos ao lado daquele monstro merece o mundo.

- Eu sofri ameaças a minha vida inteira. Eu não era esta pessoa que você está vendo agora... Fraca, sem opinião, submissa. Ele me destruiu aos poucos, fazendo eu não reconhecer a mim mesma quando me olhava no espelho. Fui perdendo cada um de uma vez... Mariane, você... Agora Min-ji, que era a única coisa que me restava naquela casa. Talvez eu não mereça o seu perdão, pois virei as costas quando mais precisou. Ainda assim lutarei para fazer parte da sua vida e da sua família... Não importa o tempo que levar.

- Mãe, eu desejei imensamente que sua atitude tivesse sido diferente não só naquele dia, mas em tantos outros. E... Bem, estou feliz que esteja aqui. E acredite, vou protegê-la.

Calissa tocou minha barriga e sorriu, limpando as lágrimas com o próprio ombro:

- Quero fazer parte da vida desta menininha... Desde o nascimento. Desejo que ela cresça sabendo quem eu sou e não precise implorar por amor quando ela sequer sabe que faço parte da sua família.

- Seja bem-vinda, mamãe! Fique o tempo que precisar. E se este tempo for “para sempre”, estarei feliz.

Ela riu:

- Será que há espaço para mais uma fugitiva?

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Lembranças das noites quentes de verão