Lembranças das noites quentes de verão Minha descoberta Matemática (II)

Saí do banho e peguei a toalha, me enxugando com um pouco de dificuldade. Meus pés estavam inchados e os lábios também. Enquanto penteava os cabelos, senti um líquido quente escorrendo pelas minhas pernas.
Meu coração acelerou. Fui até o quarto e disse para Charles, que estava lendo um livro para Melody, deitados na cama:
- “El cantante”... Eu acho que Alice quer conhecer a família.
Os dois me olharam imediatamente:
- Como assim? – Ele perguntou.
- Eu quis dizer que está na hora do parto, porra! – Gritei.
Ele levantou imediatamente. Melody saiu correndo, gritando:
- Vai nascer! Alice vai nascer!
Charles veio até mim, fazendo perguntas aleatórias, sem tomar nenhuma atitude. Quando percebi, Yuna, Min-ji, minha mãe e Colin estavam ali, todos falando ao mesmo tempo, me deixando zonza.
- Eu acho que temos que chamar uma ambulância. É perigoso levá-la ao Hospital no carro. E se o bebê nasce no meio do caminho? – Colin sugeriu.
- Teríamos que fazer o parto? – Charles enrugou a testa, confuso.
- Pensa na sujeira que daria no carro... Acho que só comprando outro depois, porque tenho a impressão que sangue não sai.
- E teríamos que levar uma tesoura junto... Caso nasça no carro? Acho que tem razão... Vamos chamar uma ambulância. – Charles concordou.
- Estão loucos? – Yuna os olhou, vindo até mim.
- Existem homens... E homens burros. Vocês fazem parte dos homens burros. – Olhei para os dois, furiosa.
- Meu amor... Não é nada seguro você ter o bebê no carro – Charles me olhou – E se der algo errado no caminho?
- Quer que eu tenha o bebê em casa, porra? Eu preciso de um médico... Ir ao Hospital.
- Yuna é médica, pode fazer o parto. – Colin sugeriu, orgulhoso.
- Você é patético. – Yuna o olhou, enquanto Calissa pegava a mala pronta com minhas coisas e as do bebê.
- Mas querida... É muito arriscado colocá-la assim no carro. – Colin continuou.
- Eu sou pediatra, Colin e não obstetra. Ela não vai ter o bebê no carro. Começaram as contrações? – Ela me perguntou.
- Sim... – Respirei fundo, enquanto descíamos o primeiro degrau, ela com a mão na minha.
Charles pegou-me no colo, descendo o restante dos lances de escada:
- Vai ficar tudo bem... Eu estou aqui. – Ele me olhou ternamente.
Toquei seu rosto e disse, rindo:
- Eu estou bem... Alice não vai nascer no carro e não precisamos de uma ambulância. É só você me colocar no carro e levar-me ao hospital...
eu estou sentindo mil coisas dentro de mim... Perdoe-me, mas não sei como agir.
- Só não agir como Colin, pensando na sujeira no carro. – Falei no ouvido dele, que riu.
- Pode ensanguentar o nosso carro. – Ele brincou.
Balancei a cabeça:
- Quero um hospital, por favor.
Charles levou-se no colo até o carro. Todos atrás, conversando mil coisas ao mesmo tempo.
- Mamãe, precisa ficar com Medy.
- Não mesmo, vamos todos juntos. – Calissa disse, firmemente.
olhos, enquanto Charles me punha no banco de trás e todos os demais entravam no carro de Colin.
Era noite. Charles deu a partida e senti outra contração. O parto de Melody foi tranquilo e acho que não seria diferente com o de Alice. Eu estava tranquila... Diferente de todos os demais.
Alice nasceu pouco depois da meia-noite. Charles esteve comigo o tempo todo, segurando minha mão. Nervoso? Nossa, mais do que eu. Mas em momento algum saiu do meu lado.
o primeiro a pegar Alice no colo. E o olhar de “el cantante” para a filha talvez tenha sido a segunda melhor coisa que já vi na vida, depois do reencontro dele com
fui para o quarto, logo recebi toda minha família por lá. Se tinham se acalmado? Não... Nenhum pouco. Pobre Alice passava de mão em mão. Somente Colin não teve coragem de segurar, alegando que poderia derrubar a criança, sentindo-se
Falem mais baixo, ou virão retirar todos daqui. – Yuna pediu, tentando acalmar os ânimos.
Melody com a cabeça espichada, tentando ver a irmã, ao mesmo tempo que desistia temporariamente, não sabendo ao certo o que fazer.
- Medy? – Chamei-a.
até mim, os olhinhos brilhando. Pegou minha mão, sem dizer nada.
Sabe o amor enorme que eu sinto por você? –
Ela assentiu, me observando firmemente.
achei que teria que dividir com a
Ela sorriu de forma triste:
- Conseguiu?
Neguei com a cabeça: