Meu Delegado Obsessivo romance Capítulo 49

Cecília

Eu voltei para casa, só que o meu pensamento ficou inteirinho com o Thierry, eu queria ter ficado com ele, sem dúvidas, mas era a minha obrigação dar forças para a minha mãe, porque estava nítido que realmente ela não estava bem. Quando a gente se é criança, dependentes, os pais fazem qualquer coisa para fazer com que qualquer coisa que possa nos causar sofrimento, vá embora, não chegue perto, não nos machuque e é isso que a gente tem que fazer quando são eles que precisam disso da nossa pessoa, temos que mostrar que assim como uma mãe é para um filho, um filho tem que ser para uma mãe

Por isso voltei para casa e, pela primeira vez em algum tempo, eu vi ela com aquela sua roupinha habitual, de dona de casa, mas que valorizava as suas curvas, com um avental cobrindo a parte superior do seu corpo e toda ocupada lavando a louça, se esforçando para fazer um jantar simples, mas gostoso, pelo menos era isso que o cheiro estava denunciando

Eu parei e fiquei ali, parada, perto do sofá e olhando pro rumo da cozinha, que era dividida com a sala só por causa de um balcão de mármore disposto entre os dois cômodos. Ela estava distraída, muito concentrada, parecia que aquilo tudo merecia a sua total atenção e eu fiquei lá, parada, vendo o contraste da mulher que eu costumava encontrar depois que meu pai tinha ido embora, junto com a mulher que eu vi mais cedo na delegacia, com a que estava bem na minha frente, toda ocupada preparando o jantar

Cecília - O cheiro está bom...

Ela levou um pequeno susto antes de se virar e me oferecer o melhor de todos os sorrisos, ali eu consegui ver a minha mãe, aquela que sempre esteve do meu lado, que nunca se importou com o que os outros diziam e nem em agradar as pessoas de fora, aquela que se preocupava em ser a melhor, só que só para a gente, porque só a gente importava

Maria - Ai que susto filha, eu nem vi você chegar... vai lá tomar um banho gostoso, o jantar já está quase pronto

Cecília - É? E o que você está fazendo com essas suas mãos de fada hein? Porque o cheiro, meu Deus do céu, está fazendo minhas tripas comerem uma a outra aqui

Foi como se seus olhos tivesses um interruptor de luz sabe, daqueles que fazem a gente iluminar e escurecer os cômodos da casa, porque depois que eu disse aquela frase tão simples, sem muita intenção, ela simplesmente se acendeu, como se tivesse ressurgido para a vida. Ali eu vi, minha mãe não estava bem, precisava de mim e eu não percebi, eu não vi que aquele jeito de ela agir, se vestir e até o seu jeito de falar, tinha sido exatamente o jeito de ela pedir socorro, mesmo sem saber

Ela se virou para terminar o prato que se empenhava todo para fazer e nem se dignou a dizer o que era, mas eu deduzi que fosse a lasanha que eu amava, pelo cheiro, pelo menos eu torcia para que fosse

Segui para o meu quarto, tirei a roupa e corri para o banheiro, para tomar o meu banho mara, mas dessa vez não foi tão demorado, eu queria ficar com ela, participar de cada momentinho de felicidade, vai que depois de acordar, ela esquecesse de tudo. Terminei, vesti uma roupa mais casual e voltei para a cozinha

Maria - Já está tudo pronto

Cecília - Que mesa linda e nossa, você fez comida para um caminhão de ente hein, não que eu esteja reclamando, lógico

Maria - Caminhão de gente não Ceci, eu sei muito bem o quanto você gosta da minha lasanha e que, quando eu faço, você come igual a um pedreiro no meio da obra

Cecília - Eu hei, acabando com a minha pessoinha gente

Eu estava com tanta saudade de conversar desse jeito com ela, tanta saudade, parecia que nos últimos dias, eu estava vivendo com uma mulher completamente desconhecida, uma que só sabia voltar para a casa de madrugada, toda descabelada, mal arrumada e fedendo a perfume barato de macho, mas aquela ali era a minha mãe, eu estava tendo ela de volta

Maria - Vem, vamos sentar e aproveitar

nem deu tempo de eu colocar minha bunda na almofada dura da cadeira, porque assim que eu tentei me acomodar, escutei a campainha tocar

Cecília - Está esperando alguém?

Maria - Não...

Era estranho, a gente não tinha o costume de receber visitas em nossa casa, ainda mais sem avisar, e mais ainda quando minha mãe fazia comida gostosa, nunca que a gente corria o risco de ter que dividir aquela comida dos deuses, mas assim que eu abri a porta, minhas pernas bambearam, ele nunca vinha na minha casa se não fosse comigo e muito menos sem avisar e... ele nunca trazia ninguém com ele

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