Meu melhor amigo(Completo) romance Capítulo 26

Jaqueline Gomes.

Eu cresci numa casa onde a violência era comum e quase diária. Meu pai sempre teve muito dinheiro, vivi uma vida com luxo e infelicidade.

Ver minha mãe sendo humilhada e constantemente agredida era de mais. O pior era saber que ela nunca reagia. Estava sempre dizendo que casamento era assim mesmo, que meu pai só estava nervoso...

Aquilo me matava!

Depois de alguns anos uma família se mudou para a grande casa ao lado da minha, havia amor naquela casa. Ali era realmente um lar.

O casal tinha um filho, André, ele era bonito, tinha a mesma idade que eu. Com o passar do tempo viramos amigos e no último ano começamos a namorar.

Os pais de André sempre souberam do que acontecia na minha casa, eu passei a fugir todas as vezes para casa deles. Incontáveis vezes a mãe de André foi quem me consolou, ela me dava conselhos, me ajudava.

Eu era ignorada por meu pai a maioria das vezes, ele me deixava uma grana boa todo mês, uma mesada. Era o que ele dizia, acredito que era um pagamento pelo silêncio.  As vezes acho que tive sorte porque ele nunca colocou a mão em mim. Nem para bater, nem para consolar.

Quando meu corpo começou a se desenvolver ele mandou uma mulher conversar comigo. Minha disse que era a porca da amante. Não sei...

Quando comecei a namorar o André eu disse ao meu pai enquanto ele lia o jornal na mesa de café da manhã. Ele parou de ler imediatamente. Foi até engraçado, uma expressão de pânico surgiu no rosto geralmente muito sério.

_Quantos anos tem? - Meu pai perguntou horrorizado.

_17. - Respondi.

Ele ponderou por um tempo, coçou a barba, enquanto me analisava. Seu rosto voltou a expressão severa e o jornal cobriu seu rosto mais uma vez.

_Traga-o aqui no próximo domingo, os pais virão junto. Eleonor virá falar com você e irão ao médico.

_Medico? - Perguntei assustada, será que ele estava me achando com cara de louca!? Foi o que pensei.

_Vocês estão trepando!? - Ele voltou a retirar o jornal de frente do seu rosto e se inclinou na minha direção colocando os braços cruzados sobre a mesa.

Ele me pediu em casamento uma última vez e disser que se casaria com ela. Eu não acreditei muito porque ele era apaixonado por mim. Então o casamento se tornou real. Não me tornaria amante de André como Eleonor foi do meu pai.

Mas fui despedir na última noite antes do casamento, passamos juntos. Eu engravidei.

Meu pai já não falava comigo, nem me dava dinheiro, o pai de André queria me ver bem longe, mesmo assim segui com a Gravidez com alguma ajuda de Eleonor e apoio de Marta, mãe de André.

Nunca disse a ela que o bebê era do filho dela. Então ela adoeceu e morreu quando ainda estava no oitava mês. Eu a amava como a mãe que nunca teria. A perda foi um choque muito grande, entrei em trabalho de parto no mesmo dia.

Sempre achei que depressão fosse uma fraqueza, uma bobagem, uma desculpa. Só percebi que havia me afundado em uma quando olhei para minha filha e não consegui aproximar, não é que eu não a ame, só não consegui se quer me aproximar. Não consegui pegá-la no colo, não consegui amamentar, toda vez que ela chorava eu me sentia irritada, não havia como mostrar que me sentia de outra maneira.

Lílian minha amiga levou Ana para longe de mim e me fez fazer consultas ao psicólogo. Ana nunca soube o aconteceu, mesmo com anos de tratamento eu ainda não consigo provar meu amor, as vezes chego a pensar que não a amo, me sinto horrível por isso. Eu cheguei a um estágio tão grave que tentei dar cabo de minha própria vida.

Esses sentimentos haviam sido colocados sob controle, mas com a aproximação de André sinto o chão sair de meus pés. Um monte de sentimentos afloraram em mim e me sinto completamente perdida.