Quando sai do banheiro esperava que o homem que discutira com minha mãe tivesse ido embora, ainda que não tivesse ouvido o som da porta. Eu esperava até que ele estivesse em qualquer lugar na parte inferior da casa.
Tudo estava silencioso de mais, por isso abri a porta tranquilamente pronta para ir para o meu quarto. O choque ao ver o homem encostado na porta da minha mãe foi muito, muito grande. Passei por ele praticamente sem respirar esperando que ele estivesse dormindo.
_Estava lá dentro esse tempo todo? - O homem me pergunta de uma forma divertida.
_Eu não queria atrapalhar... - Digo constrangida .
_Você sabe quem eu sou? - Ele pergunta de forma séria e seu sorriso divertido se desfaz.
O corredor não está totalmente escuro, desde que eu era pequena minha mãe mantém uma luz acesa para clarear um pouco a casa e eu não tenha medo, ou não tenha tanto medo.
_Acho que é o meu pai... O biológico. - Respondo com uma certa dúvida agora.
_Você tem algum outro pai? - Ele pergunta num claro espanto.
_Considero meu tio Cláudio um pai. Nunca o chamei de pai, pelo menos não que eu lembre, mas é como se fosse... - Tento me entender, estou no meio da madrugada no corredor da minha casa conversando com um homem estranho. Mesmo que seja meu pai ele ainda é um estranho.
_Claudio, claro. Ele e Lilian te criaram...
Fico em silêncio, o fato dele conhecer meus tios e saber que me criaram só prova que ele é realmente meu pai. Reconhecer isso é estranho meu coração acelera de uma forma nova. Estou nervosa e ansiosa com o que ele vai fazer ou dizer. Minha mãe parece ter dormido trancada naquele quarto.
_Eu não sabia de você... Depois que minha mulher morreu foi que eu fiquei sabendo, eu... Me perdoe, queria muito ter participado da sua vida, se... Se eu puder fazer alguma, se quiser me conhecer... criar uma amizade talvez??
Um sorriso nasce em meus lábios, eu fico muito feliz por saber que ele quer me conhecer, que o que me contaram não é mentira. Não foi culpa dele, porque não dar uma chance a ele? Uma chance a nós.
__ Acho que poderíamos tentar, eu ficaria feliz em tentar.
_Eu também. - Ele responde sorrindo. _Tenho outro filho... Você quer conhecê-lo? - Ele me pergunta parecendo preocupado agora.
_Eu nunca tive um irmão, tem o Bruno. Acho que o Bruno não se encaixa como meu irmão, quer dizer, eu ficaria feliz em conhecer um irmão, se ele quiser claro!
_Tenho certeza que ele quer. - Mais do que eu até. - Não pude deixar de me sentir mal. - Não é que eu não queira, eu quero, muito. Só é assustador, tudo isso. Sua mãe, você e a morte da minha mulher... Minha vida parece estar de cabeça para baixo. Tudo é tão... Novo e... Não consigo explicar!
_Você ainda a ama? - Eu pergunto apontando para a porta com o queixo.
_ Ainda mais do que antes. - Ele responde parecendo sincero. - Eu teria me casado com ela. Teria deixado Deise no mesmo instante. Ela me deixou, eu acordei e ela tinha ido embora e me deixado um bilhete me pedindo para casar e ser feliz. - Meu pai. Ele é meu pai, pelo menos biologicamente falando, diz. - Deise estava grávida, sua mãe nunca me aceitou, sempre disse não a todas as vezes que a pedi em casamento. Eu me casei com Deise, ela... Foi uma boa esposa, ótima mãe.
_ Tudo bem, não precisa justificar. Vai dormir aí? - Pergunto curiosa.
O homem, meu pai, olha para o chão e sorri, ele parece sem graça e meio tímido
_ Vou pegar um colchonete travesseiro e cobertores para você.
André preferiu dormir no sofá, ajudei ele a arrumar o lugar. Depois me despedi e dormir.
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