_Tem duas semanas que você disse que iria contar a ele! - Bruno resmunga.
_Eu sei... É só que... - Tento me explicar.
_É só que nada Ana! Você parece estar sempre fugindo, sempre mentindo... Não quer mais namorar comigo é isso?
_Não estamos namorando! - Digo na defensiva e me arrependo em seguida. Bruno me lança um olhar magoado. Sem me responder ele entra em casa.
Parece que todos querem brigar comigo hoje. Primeiro Erick quando cheguei na escola. Agora Bruno. Caramba! Será que as pessoas não percebem que eu não sou uma pessoa que gosta de ficar falando disso!
Namoro e sexo na minha casa, com a minha mãe sempre foram um tabu. Tudo que ela me disse quando era criança era que deveria ficar longe dos meninos porque eles me magoariam ou que não existiam príncipes.
Ok. Não existem príncipes, nem contos de fada, os rapazes vão me magoar... Se eu vou quebrar a cara de qualquer jeito não é melhor que ninguém saiba!? Assim não vou passar pela vergonha de todos saberem e me julgarem ou ficarem com pena de mim.
Eu já sou a garota sem mãe, adotada... Coitadinha dela...
Já tenho que conviver com uma mãe problemática, uma mulher fria e que nunca me demonstrou amor. Então porque ainda vou ficar falando do meu futuro fracasso? Eu não quero fracassar como da última vez, não quero errar, mas se eu errar não quero que as pessoas saibam. Eu não quero que tenham pena de mim.
Enquanto estou deitada na minha cama num completo mau humor, meu celular toca me avisando que uma mensagem chegou. Abro o aplicativo de mensagens e vejo que é meu pai. Abri a mensagem e li.
"Estou no portão te esperando, você pode sair? Preciso conversar com você."
Merda! Erick deve ter contado a ele o que viu. Aquele filho da p... Filho de uma mãe. Respiro fundo, ainda estou de uniforme isso vai me dar uma desculpa e tempo. Respondo a mensagem pedindo dez minutos para trocar e demoro quinze. Hoje é dia em que o Bruno tem que trabalhar e ele parece já ter saído.
Pego uma chave na pequena casinha de madeira que fica pregada na parede da cozinha. Tranco a casa e saio. Meu pai está encostado no carro vermelho com calça jeans e camiseta. Ele parece tão jovem e tranquilo, teria sido legal crescer com ele.
_Eu não tenho muito tempo mas acho que vamos poder conversar um pouco. Já almoçou? - Balanço a cabeça em negação. - ótimo! Eu também não. Comida chinesa ou massas?
_Massa. - Respondo sentindo nojo terrível da comida japonesa, aquilo é horrível! Doce com salgado, carne crua e arroz. Horrível. Eca!
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