Quando desci as escadas meus tios estavam sentados tomando café, Bruno estava sentado em frente a eles e o clima estava tão tenso que eu quase podia ver uma massa cinzenta ao redor da mesa.
Não sei se estava tão tranquila porque resolvi ficar rebelde e esperava ansiosamente a reação da minha mãe, ou simplesmente não ligava muito. Meu amigo só me percebeu quando me sentei ao seu lado.
O olhar de súplica que ele me lançou seria engraçado se a situação não fosse trágica. Provavelmente ele já tinha recebido uma punição por nosso ato irresponsável, ato que nunca aconteceu de verdade.
Eu precisava saber qual era minha punição, que tipo de castigo eu receberia e se Bruno estava comigo nessa. Enquanto mastigava de vagar meu pedaço de pão analisei as pessoas que me criaram até ali. Ninguém parecia querer dizer nada.
_Qual vai ser meu castigo? - Perguntei tentando não soar sarcástica.
Os olhos de todos na mesa se viraram na minha direção. Cada um deles tinha um olhar diferente. Bruno parecia pedir socorro desesperadamente. Tia Lili parecia me olhar com uma mãe que analisa o filho, e o olhar do tio Claudio parecia... divertido...
_Sem castigo Ana. - A mulher que eu amava como se fosse minha mãe respondeu.
_Vocês estão falando sério? - Olho para o Cláudio espantada que apenas confirma com o aceno.
_ Não podem castigar o Bruno por uma coisa que fizemos juntos! Isso não é justo! - Me exalto.
_Eu não fui castigado Ana. - Bruno coloca sua mão sobre a minha e sorri para me tranquilizar.
Senti um tremendo alívio e foi só o tempo de racionar direito, se não tem castigo, então...
_Eu não quero voltar para a casa da minha mãe. - Acho que minha voz transparecia mais meu desespero do que do que eu gostaria de admitir.
_Você não vai para casa da sua mãe Ana, não temos porque castigar você também. Mas isso entre vocês, - ela aponta a faca que segurava de Bruno para mim e depois de volta para ele - haverá regras, regras rígidas. Eu não sou sua mãe mas te amo como se fosse. E como sua mãe não posso te proibir te ter relações sexuais com seu namorado, que por ironia é meu filho e mora na mesma casa. Se te mandasse para a casa da sua mãe vocês dariam um jeito de transar por lá. Eu sei como é, já tive a idade de vocês... Mas não vou deixar que vocês estragarem a vida de vocês. Por isso Cláudio conversou com o Bruno que garantiu que vocês usarão preservativos na próxima vez e você tem ginecologista marcado para as três da tarde, Hellen é minha médica anos, ela aceitou encaixar você.
_Por que eu tenho que ir ao médico? - acho que a probabilidade da médica descobrir que eu nunca transei com ninguém na vida parece certo.
_Para tomar anticoncepcional!? - Bruno parece se divertir e eu lhe dou o olhar mais mortal que consigo.
_ Se ele vai usar camisinha porque eu tenho que tomar essas coisas? - Pergunto com um quê de indignação. - Não é exagero?
Meu argumento foi péssimo, eu sei, todo mundo sabe.
_Se a camisinha furar, estourar, rasgar ou coisa do tipo Ana, o que vai fazer? Cláudio pergunta.
_ Ok, já entendi! - espero que a doutora Hellen também entenda quando eu contar que ainda sou virgem.
...
_ Estou com a sensação de que vai dar alguma confusão ainda. Não sei, meus pais estão muito tranquilos. - Bruno fala enquanto comemos nossos lanches no intervalo.
_ Seu pai te deu um pacote de camisinha quando começamos a namorar! Acho que eles estão mesmo de boa com essa situação. - Respondo o que parece óbvio.
_Não sei... Pode ser... Mas eles acham que fizemos sem usar camisinha. Meu pai até procurou pelo quarto até me perguntar se tinha usado ou não. - O tom de voz do meu namorado sugere o quanto está desconfortável, eu só consigo rir imaginando a situação. - Para rir! Não tem a menor graça!
Respiro fundo tentando parar de rir e acabo tendo outra crise de risos. Estou rindo porque também estou nervosa, a ansiedade não tem sido uma boa aliada e a situação em si já é constrangedora. Bruno acaba rindo e sacudindo a cabeça. Volto a respirar fundo e só então consigo me controlar.
_ Imagine como vai ser comigo? Nem sei o que dizer a tal médica!
_ Acho que não vai adiantar muito se eu disser que minha mãe e a sua vão estar lá! - Bruno solta num murmúrio que eu consigo ouvir para meu total desgosto. - Por que não falamos a verdade?
_ Não sei... eu acho que a verdade pode ser pior. - Respondo com sinceridade. - E você sabe que uma hora vamos acabar fazendo isso!
_ Você quer? - Bruno parece surpreso. Só não sei o porquê dele estar surpreso, depois de descobrir o quanto estou apaixonada por ele sinto que cada célula do meu corpo pertence a ele. Sinto como se estivéssemos ligados para sempre, talvez estejamos, li outro dia um livro em que amigos que se conheciam desde pequenos, namoraram e se casaram, acho que esse é o meu futuro.
_Quero! Claro que quero! Só não acho que estou preparada para isso...
_ Você sabe que eu não me importo né!? Se não quiser fazer nada nem as outras coisas, tudo bem... Eu posso esperar, podemos esperar, temos a vida inteira. - ouvir isso é tão bom! Fico feliz em ouvir ele dizer que pode me esperar, mesmo já sabendo disso.
_ Amo você! - As palavras que saem dos meus lábios refletem o que está no meu coração. Não é a primeira vez digo isso a ele mas é a primeira vez que sinto o amor dessa forma.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Meu melhor amigo(Completo)