Meu melhor amigo(Completo) romance Capítulo 39

Seis anos depois.

Ana não mentiu quando disse que me deixaria participar da vida da Bea. A conversa sobre eu ser pai da menina foi longa e delicada. Ter que dizer a sua filha que você é o pai e que você não acreditou na existência dela por isso nunca esteve por perto é complicado e nem é toda a verdade.

Eu não sabia o que fazer ou dizer, uma meia verdade pareceu ser uma boa, tive sorte porque ao contrário da mãe, Bea me aceitou e me perdoou rápido. Desde então tenho participado de diversas atividades com ela. Vamos a parques, a restaurante, cinemas, eu busco ela na escola às vezes e em outras vezes eu a levo.

Ana não me deixa chegar nem perto dela. Ela não fala comigo nada além do que é essencial. Eu entendo que a magoei, eu fui infantil, um moleque, eu sei. Me sinto ainda pior por ainda querer uma chance com ela. Meu coração porém não se importa que eu me humilhe.

Bea me contou que a Ana anda discutindo com o tal Samuel, as coisas entre eles não estão bem. É egoísmo da minha parte estar feliz com isso? Porque o cara esteve com ela e a ajudou com a Bea. Mesmo assim eu quero que ele esteja muito longe delas.

_Bea parece estar feliz com o retorno do pai. - André diz olhando para a menina que brinca no escorregador que leva a piscina de bolinhas coloridas da área reservada a crianças aqui no shopping.

Meus olhos saem do rosto do mais velho para a minha filha. Meu sorriso é espontâneo e sai automaticamente, é só ver minha filha sorrir que esse sorriso bobo nasce nos meus lábios. Ela me completa e me faz muito feliz.

_Eu estou muito mais feliz por ter a oportunidade de conhece-lá e por poder estar com ela, participando da sua vida. A Ana não aceita nem que eu me aproxime dela. Me trata como se eu tivesse uma doença contagiosa muito grave. Está sempre na defensiva...

_Quando a Ana bateu na minha porta me pedindo socorro, nós nos desentendemos e a discussão foi feia! Pensei que o máximo que conseguiria era ser tratado como um desconhecido... Ela passou uma barra, até hoje a relação dela com a mãe não é mesma, o que era ruim ficou pior... Ana disse que não sabia quem era o pai do bebê, preferiu fazer papel de... - O homem ri sem nenhum humor. - Sabe porque ela fez isso?

_Não. - Pensei em responder que era porque tinha vergonha, raiva ou porque não queria que ninguém soubesse que eu era o babaca que tinha transado com ela e partido como um covarde no dia seguinte partindo o coração dela e quebrando anos de confiança.

_Para proteger você. Eu fui o único para quem ela contou, demorou um tempo. Tem ideia do que é ouvir sua filha de dezesseis anos dizer que estava grávida de um cara que a abandonou e mesmo assim ela disse que você tinha que ter a chance de escolher, se você não queria ficar com ela e o bebê que fosse feliz. Ela me fez prometer que não contaria a seus pais e nem a ninguém, mesmo na situação em que ela estava Ana protegeu você, de um jeito distorcido, mas foi o que ela tentou fazer. Se o seu sonho era cursar uma universidade no exterior, ela queria que você fizesse isso...

_Eu não deveria ter ido. Mas estava tão... Eu sei que não justifica, eu agi como um moleque covarde.

_Você sente alguma coisa por ela?

_O que? - Pergunto confuso. Porque ele queria saber se eu ainda sentia alguma coisa por ela? Ana estava com Samuel, bem ou mal era com ele que ela queria estar.

_Eu perguntei se você ainda sente alguma coisa por ela. Se você ainda ama.

_Isso não faz diferença André, Ana está com o Samuel. - Respondo sentindo o amargo na minha boca e o ciúmes por saber que outro cara está com a mulher que eu amo e a culpa é toda minha.

_Ela está? - Ele pergunta sorrindo. _Será que ela ama mesmo esse rapaz? Ou será que ela ainda ama você? - Que tipo de pergunta absurda é essa!?

_Ela não quer que eu chegue perto dela! - Sorrio em deboche. - Por mais que eu tente tudo que recebo da Ana é desprezo. Se ela não ama esse cara, tenho certeza que eu ela não ama também.

_Quando eu voltei para morar nessa cidade, depois da morte da minha mulher, Jaqueline também não queria que eu ficasse perto dela, toda vez que me aproximava ela dizia que sentia tudo de novo, todos os sentimentos juntos dentro dentro dela. Eu me sentia assim também as vezes, era apavorante. Ao contrário da Ana, Jaqueline não estava disposta a me perdoar.

_O senhor acha mesmo que ela me perdoou? - Meu estúpido coração se enche de esperança.

_Acho que ela só não quer admitir que ainda ama você, apesar de tudo. Deixar você por perto pode colocar tudo a perder. - Ele pisca pra mim. - Ana precisa dessa pose de durona.

Eu queria perguntar como ele tinha tanta certeza, ele tinha certeza? E porque ele estava me dizendo isso!? Essa conversa me deixou tão confuso e eufórico, só a possibilidade de ter a Ana novamente em meus braços!

Beatriz grudou no colo do avô me impedindo de voltar para a conversa que no momento era o que mais me interessava. Me senti ansioso em reatar a conversa o que não foi mais possível até que eu deixei os dois em casa.

Antes de entrar o André me deu abraço estranho e disse em meu ouvido para que só eu ouvisse.

_Prove que a ama. É tudo que você precisa fazer, provar que a ama e que nunca mais vai deixá-la ou fazê-la sofrer.

André se soltou do abraço e entrou em sua casa, eu estava confuso com o que ele disse meus pensamentos trabalhando em milhões de oportunidades, formas e meios. Me lembrei da cadeirinha no carro e fui pegá-la.

Ana estava vindo em minha direção, vestida com uma calça jeans marcando seu corpo e uma camiseta com um pequeno decote quadrado. Como ela conseguiu ficar tão bonita com roupas tão simples?

_Você ia esquecendo da cadeirinha. - Ana diz séria e percebo que ela parece triste. - Eu já ia pegá-la. Tenho que comprar uma logo... - Tento me prolongar a conversa.

_É você tem... Ou você pode continuar usando essa. Só não pode esquecer de devolver, tenho que levar a Bea para escola por isso preciso dela. - Ana fala com seu jeito seco como sempre fala comigo.

Termino de tirar a cadeira do banco de trás, Ana vem pega-la da minha mão.

_Deixa, eu levo, é pesado e não custa nada eu levar. - Por incrível que pareça ela permite sem fazer objeção alguma. Caminhamos juntos até a casa, coloco o objeto ao lado da porta de entrada onde ela havia indicado e agradeço.

_Eu que tenho que agradecer... - Ela diz - Bea parece bem feliz, ela sempre volta cheia de energia e de histórias para contar quando sai com você. - Ana sorri mas não consegui esconder que está triste.

_Eu não vou decepcionar. Eu falei sério quando disse que quero fazer parte da vida dela. - Toco na mão de Ana com a minha, Ana se assusta mas não se afasta. - Eu não vou a lugar algum. - Completo me aproximando dela, eu pensei que ela fosse me deixar beija-la mas Ana desvia no último segundo e meus lábios tocam seu rosto. Quando abro os olhos ela está com sua postura fria e seu rosto não esboça sentimentos.

_Tenho que ir. Amanhã eu tenho que trabalhar cedo, você pode pegar a Beatriz na escola? Eu tenho muito trabalho assim ela não vai precisar ficar me esperando e meu pai não pode dirigir.

_Claro. - Tento não transparecer meus sentimentos e a decepção por não poder beija-la.

_Obrigado Bruno, boa noite. - Ana diz e se vira batendo a porta na minha cara.

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