Bruno me deixou sozinha, chorando, sofrendo, de coração partido e sangrando.
Para piorar ele contou para todos a história da "minha traição", numa versão que fez tudo parecer bem pior. Todos na escola me olharam com ar de superioridade e o substantivo "puta" era transmitido pelo olhar.
Estava dando graças no último dia de aula. Porque eu não ia aguentar tanto sofrimento e julgamento por muito mais tempo. Pelo menos meu pai e tia Lilian acreditavam em mim e na minha versão da história.
Ela até tentou conversar com o meu amigo, ex-amigo. O que causou ainda mais problema e revolta da parte do Bruno. Eu me sentia a pior pessoa do mundo, não conseguia comer direito ou dormir.
Perdi as contas de quantas vezes pedi perdão ao Bruno, eu me humilhei tantas outras vezes, implorava que ele pelo menos me ouvisse, porém nós últimos dias ele nem me olhava.
Outro dia de manhã uma garota saiu do quarto dele. Acho que eles dormiram juntos na minha cama, na nossa cama. A cama em que nós dois fazíamos amor. Claro que ele não se importa e apesar do ciúme não pude brigar ou dizer qualquer coisa que fosse.
Eu sei que ele está chateado. Eu também estaria, ainda assim o mínimo que ele poderia fazer era me dar o benefício da dúvida. Eu dei isso a ele quando vi uma garota nua na sala que ele tinha acabado de sair.
Quando o Natal chegou eu passei uma semana na casa do meu pai, longe do Bruno. Mas não longe do Wallace. Eu perdoei ele apesar tudo. Ele não foi o culpado, não por tudo, talvez não sozinho.
Acho que minha amizade com ele nunca mais voltará a ser a mesma. Porque saber que ele estava apaixonado por mim e que mesmo se eu quisesse nunca conseguiria corresponder me dói.
Depois de voltar para casa, no segundo dia do ano, sabia que infelizmente Bruno estava indo para outro estado. Eu tentaria uma última vez. Me arrastaria no chão se fosse preciso. Eu só queria que ele me perdoasse.
Só que... Ele não estava em casa. Não tentei ligar porque sabia que ele não atenderia. Não sei porque ele ainda não tinha me bloqueado. No quarto que nós dois um dia dividimos só havia duas malas estacionadas ao lado da porta.
Sem o que fazer, resolvi arrumar a casa. No fim da tarde quando tia Lili chegou ela me aconselhou a não ir atrás do filho dela. Me disse para deixa-lo ir. "Dê asas a um passarinho Ana, se ele voar e voltar ele é seu, se não voltar é porque nunca foi seu" ela disse.
Se ela soubesse o quanto me doía abrir mão do meu amor pelo filho dela... Eu estava morta por dentro. Bruno quebrou meu coração e Lílian arrancou minhas esperanças.
Depois de agradecer por eu ter arrumado a casa, ela perguntou sobre os dias em que estive na casa do meu pai e se eu queria ir para casa da minha mãe. Conversamos um pouco peguei o meu presente de natal, agradeci.
Tio Cláudio tinha acabado de chegar quando decidi ir dormir. Ele ainda não acreditava que eu não tinha traído o filho dele mas, me tratou com respeito. Com uma certa frieza, porém, não chegou a ser grosso comigo. O que não diminuía minha culpa.
Eu estava me sentindo deslocada. Perdida. Aquela não era mais a minha casa e eu estava decidida a pedir asilo em outro lugar. Eu também não queria ficar vivendo as lembranças do Bruno ali, precisava esquece-lo de vez.
Depois de chorar por um longo tempo eu acabei dormindo.
...
_Ana? Acorda Aninha... - ouço a voz de Bruno e vou despertando aos poucos. Eu estava cansada depois de limpar toda a casa e chorado sozinha naquele quarto.
Bruno estava me beijando, ele distribuía beijos pelo meu rosto e pescoço, um gemido totalmente involuntário saiu dos meus lábios assim que despertei totalmente.
_Bruno? - eu sabia que era ele, não sei porque a pergunta saiu.
_Sou eu minha linda, eu estava com saudades de você, estou louco de saudades...
Um beijo avassalador foi o suficiente para fazer meu coração ferido voltar a bater. Uma felicidade enorme me atingiu em cheio. Esperança era o sentimento que me dominava.
_Você me perdoa? Por favor, eu juro que não... - Bruno voltou a me beijar.
_Claro que perdoo você, eu só precisava de um tempo, estava nervoso. - ele disse e só naquele momento percebi que estava bêbedo
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