Normalmente, a dor que os lobos sentem ao rejeitar os seus companheiros é algo agonizante, uma dor única. Mas eu não senti isso. A sensação de ardor dentro do meu coração estava lá por eu ter sido arrancada da minha outra metade, mas eu não estava triste.
Tudo parecia exatamente como o Alfa Stuart queria que fosse.
No meio estava a grande mesa oval onde os Alfas se sentariam e todos poderiam conversar. O cheiro de madeira de carvalho e cítricos se destacava das tapeçarias que haviam sido penduradas nas paredes. Eles espalhavam a fragrância pelo ambiente e ela se impregnava em tudo.
O rio estava vazio nesse dia. Eu havia descido a colina e avistei a água correndo limpa pela corrente. Pedras e galhos foram colocados pelos filhotes para fazer a água parecer mais fria enquanto se deslocava para a floresta.
Os meus lábios se curvaram em um sorriso quando eu senti o vento soprar brisas suaves que me acariciava de forma tranquilizadora.
"O que tá passando pela sua cabeça?", ela perguntou e olhou para a água. Eu sempre me tranquilizava quando ficava sentada nesse lugar. A corrente seguia apenas um caminho, sabia exatamente o que fazer e não tinha outras obrigações. Ela simplesmente existia.
"Eu encontrei o meu companheiro hoje", Yasmin virou a cabeça com olhos arregalados. Os lábios de Yasmin se abriram e ela estava prestes a começar a gritar de alegria.
"Eu o rejeitei", eu disse e sorri. A alegria em seus olhos se desvaneceu em um poço de tristeza e confusão. Era válido porque quase ninguém nunca rejeitava seu companheiro.
O pequeno nariz dela ficou enrugado e ela fez bico com os lábios.
"Por quê?"
"Ele é o Alfa Stuart", imediatamente ela abriu a boca em choque e suas sobrancelhas se franziram. Seus longos cabelos loiros estavam presos em duas tranças que caíam sobre seus ombros e ela se encolheu.
"Então, a Deusa da Lua só atribui companheiros sarcásticos agora?", eu ri e concordei. Essa era a única resposta lógica para eu ser companheira do homem que odiava minhas entranhas.
Um homem-criança com um complexo de superioridade que não se importava com ninguém além de si mesmo. O Alfa anterior, o pai de Stuart, era muito parecido com o filho, e Stuart era uma versão mais mimada dele. Para aquela família, o título de Alfa era um privilégio, não uma responsabilidade.
"Você acha que vai ter uma segunda chance com algum outro companheiro?", eu mesma tinha pensado nisso e tive a conclusão de que eu não queria ter um.
Estava em nossas veias querer um companheiro. Mas eu não fui como minha irmã ou as outras lobas que os procuram voluntariamente. Não veio tão naturalmente para mim.
"Eu não tenho certeza se quero ter um companheiro".
O som dos pneus contra o cascalho foi ouvido e vários carros estavam se aproximando da casa da alcateia. Os carros eram pretos, tinham vidros escuros e ornamentos no capô.
"O Alfa chegou", disse Yasmin com um brilho no olhar.
Andamos pela estrada vazia até a minha casa. A maioria dos membros da nossa alcateia estavam correndo para a casa para ver o Alfa que havia chegado. Isso só acontecia uma vez por ano e nunca tinha sido lá.
Abri a porta e arregalei os olhos ao ver o caos que estava acontecendo na minha casa. Um pedaço de tecido voou em meu rosto. Vestidos, camisas e saias estavam espalhados por todo o chão e sofá. Minha mãe e irmã corriam freneticamente pela casa mostrando uma à outra peças de joalheria e depois gritavam quando não combinavam com uma das peças de roupa.
"Nossa", os olhos de Yasmin estavam arregalados e ela engoliu em seco.
A tensão estava alta e eu não tinha ideia do porquê.
"O que tá acontecendo?", perguntei e pisei sobre a pilha de saltos que estavam no chão do corredor.
Elas pararam e se viraram. Elas estavam tão confusas com minha calma quanto eu estava ao ver o estado de pânico delas.
"O encontro dos Alfas", minha irmã disse como se isso esclarecesse muito coisa.
Certamente era um grande evento, mas não o suficiente para deixar elas nesse estado de loucura. Puxei Yasmin, subi a escada correndo e nos trancamos no meu quarto.
"Eu trouxe meu vestido, então posso ficar aqui", disse ela e jogou sua bolsa na minha cadeira.


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