Quando Lúcia falou até esse ponto, Kléber também não encontrou mais argumentos.
— Então deixe que o Eliseu venha direto aqui em casa, por acaso comprei bastante comida.
— Está bem, vou ligar para ele.
Lúcia pegou o celular e caminhou até a janela da sala, enquanto Kléber apoiou a mão no ombro de Inês, inclinou-se e a beijou na bochecha.
— O que quer comer no jantar?
— Qualquer coisa serve. — Inês afastou a mão dele. — Estou um pouco cansada, vou trocar de roupa.
— Então descanse, o jantar é por minha conta.
Kléber afagou os cabelos dela com a palma da mão e se dirigiu à cozinha.
— Isso mesmo, Inês trabalhou tanto hoje, o jantar fica por minha conta e do Kléber. Eu ajudo, sou especialista em lavar legumes!
O homem e a mulher entraram um após o outro na cozinha, e Inês, lançando um olhar em direção ao cômodo, voltou-se e foi para o quarto.
Para não atrapalhar a convivência dos dois, ela deliberadamente se demorou, só saindo do quarto quando Eliseu chegou.
Naquela noite, os quatro celebraram juntos em homenagem a Inês. Já passava das onze quando os irmãos da Família Sampaio foram embora.
Inês começou a recolher a louça da mesa, enquanto Kléber a ajudava a guardar as sobras na geladeira, aproximando-se para abraçá-la pela cintura.
Ele se inclinou e a beijou levemente no pescoço, suas mãos deslizando sob a barra do suéter dela.
Provocada até perder as forças, Inês reclamou baixinho.
— Ainda não lavei a louça!
Desatando o laço do avental em sua cintura, Kléber beijou e mordeu de leve a lateral do pescoço dela, com a voz rouca.
— Amanhã cedo a Célia cuida disso, fica tranquila!
Sem forças para recusar, Inês largou a louça que segurava.
Kléber se abaixou, pegou-a no colo e a levou para o quarto, deitando-a na cama antes de inclinar-se para beijá-la.
Excitada com os beijos dele, Inês passou os braços ao redor de seu pescoço.
Instintivamente, seus dedos acariciaram os cabelos curtos na nuca do homem, enquanto uma das mãos puxava a gola de sua camisa.
O olhar de Inês, ao passar distraidamente pela camisa dele, logo notou uma mancha de cor diferente e evidente.
Ela olhou com atenção e reconheceu: era batom de mulher.
Aquela cor, ela mesma jamais usaria.
Mais uma vez, a imagem de Kléber abraçado a Lúcia lhe veio à mente.
Inês se lembrou que, naquela noite, Lúcia estava usando exatamente aquele tom de batom.
Sem motivo aparente, ela se irritou.
Como ele conseguia separar corpo e coração assim?
Se ele queria Lúcia, por que ainda vinha provocá-la?
Ela segurou a mão de Kléber, que tentava tirar seu suéter, e virou o rosto para o lado.
— Estou cansada hoje, quero dormir cedo.
Kléber enterrou o rosto em seu peito, respirou fundo e mordeu-a levemente.
— Outro dia você me compensa, hein, querida.
Endireitando o corpo, olhou para Inês, corada e praticamente nua diante dele, e desviou o olhar, tentando controlar o desejo.
— Durma cedo, vou resolver umas coisas do trabalho!
Ele se levantou, foi ao lavabo da sala e lavou o rosto com água fria.
Supondo que Inês já estivesse dormindo, não quis interrompê-la.
Pisou leve, pegou o casaco e as chaves do carro e saiu de casa em silêncio.
No quarto, Inês rolou na cama algumas vezes sem conseguir dormir.
Ela tinha motivo para se irritar com Kléber?
Ele tinha o direito de gostar de quem quisesse.
Ela era apenas sua esposa por contrato.
Sentou-se na cama, coçou a cabeça e, após hesitar, foi até o escritório.
Afinal, satisfazê-lo era seu dever.
Além disso, Kléber já fizera tanto por ela, não havia motivo para recusá-lo.
Arrumou os cabelos, ergueu a mão direita e bateu levemente na porta.
— Amor, posso entrar?
Nenhuma resposta veio de dentro.
Inês abriu a porta, encontrando o escritório vazio.
Tão tarde e ele ainda saiu... Certamente foi atrás da Lúcia.
Mordendo o lábio, Inês voltou para o quarto.
Abriu a gaveta, pegou dois comprimidos para dormir, engoliu-os de uma vez e fechou os olhos.
O comprimido grudou-se à garganta, dissolvendo-se.
Na boca, restava apenas o amargor.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Meu Único Amor Sempre Foi Você