Quando Antônio e Sérgio Quadros, pai e filho, entraram apressados no quarto do hospital,
Kléber já estava vestido de terno, parado junto à janela como se nada tivesse acontecido.
Se não fosse pela faixa de gaze enrolada em sua cabeça, se não fosse pelo tom ainda pálido de seu rosto, quase não se perceberia que ele acabara de sofrer um acidente de carro e retornara das portas da morte.
Ao verem Kléber assim, Antônio e Sérgio ficaram ambos surpresos.
– Kléber! – Antônio percebeu que havia algo errado e se aproximou a passos largos. – O que está fazendo?
– Você estava certo. Eu não posso destruir minha vida por causa de uma mulher. – Kléber se virou, os olhos vermelhos de sangue encontrando o olhar de Antônio. – Você disse que, se eu deixasse Inês, poderia voltar para a Família Quadros. Isso ainda vale?
Antônio apertou os olhos e assentiu levemente com a cabeça.
– Se você quiser, pode voltar para a Família Quadros a qualquer momento. Mas… agora, você precisa se recuperar.
– Não preciso. – Kléber balançou a cabeça suavemente. – O que eu preciso agora não é de descanso. Já providenciei um voo, estou voltando imediatamente para Porto Diamante. Assim que eu terminar o processo de divórcio com Inês, irei procurá-lo na Família Quadros.
Passando por trás de Antônio, Kléber caminhou decidido em direção à porta do quarto.
– Kléber! – Sérgio correu atrás e segurou seu braço. – Não seja precipitado, nesse estado você não pode ter alta. E se acontecer algo com sua saúde?
– Não se preocupe, irmão. – Kléber sorriu. – Não é tão fácil assim eu morrer.
Soltando o braço de Sérgio, Kléber saiu do quarto a passos largos.
– Kléber!
Sérgio ainda tentou ir atrás, mas a voz de Antônio já se fez ouvir.
– Não precisa ir atrás. Deixe-o ir.
– Mas e se acontecer alguma coisa com ele?
– Se algo acontecer, foi o caminho que ele escolheu. Ele é responsável por suas próprias decisões. – Antônio virou o rosto, observando o vulto de Kléber se afastando pelo corredor. – Ele já não é mais uma criança. Tem que arcar com as próprias escolhas.
– O senhor realmente… está disposto a deixá-lo voltar para a Família Quadros? – Sérgio desviou o olhar.
– Ele se chama Quadros. É meu filho, pertence à Família Quadros. Sempre deveria ter voltado para cá. – Antônio franziu a testa, olhando para o rosto de Sérgio. – Ou não deveria?
– Pai, o senhor me entendeu mal, não era isso que eu quis dizer. – Sérgio balançou a cabeça suavemente. – Só acho que forçá-lo assim talvez não seja bom. Talvez, no futuro, ele o culpe por isso.
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