Ao lado da cama do hospital, ele a olhava de cima, com um tom severo:
— Se você desistir tão facilmente assim, então eu realmente te julguei errado.
...
E também, o beijo dele, o modo como a abraçava pela cintura por trás, mordiscando suavemente sua orelha enquanto a chamava de Sra. Quadros.
Tudo isso passava por sua mente como um filme, girando sem parar.
Só quando o avião pousou novamente no aeroporto da capital, Inês, acompanhando o fluxo de pessoas até a saída, encarou tudo à sua frente com certa estranheza, ainda sem conseguir assimilar completamente.
Tudo parecia irreal, como se fosse apenas um sonho.
Ela fechou os olhos e os abriu novamente.
O cenário continuava igual, sem nenhuma mudança.
Agora, o sonho precisava acabar.
— Inês!
Alguém chamou seu nome. Inês virou o rosto e viu um carro conhecido parado à beira da rua.
Do vidro abaixado, surgiu o sorriso de Felipe.
— Entra, eu te dou uma carona.
Inês abriu a porta e sentou-se no banco do passageiro.
— O que você está fazendo no aeroporto?
— Vim trazer um amigo. De longe achei que tinha te visto, pensei que era engano — Felipe respondeu sorrindo, colocando o carro na pista expressa — Você veio trazer alguém também?
— Não, acabei de voltar do exterior.
— Voltou agora? — Felipe virou o rosto e lançou-lhe um olhar — E sua bagagem, não me diga que esqueceu?
Inês sorriu, um tanto amarga:
— Não tenho bagagem.
Felipe sorriu também:
— Assim é melhor, sem bagagem a gente sente menos peso.
Ele percebeu que algo havia acontecido, mas não perguntou nada durante todo o trajeto.
Apenas quando estavam deixando o centro da cidade, Felipe voltou a falar:
— Você vai para casa ou para outro lugar?
— Camila, estou tão sozinha... pode me abraçar?
Camila a envolveu num abraço apertado, sentindo a delicadeza de sua amiga.
— Vai ficar tudo bem, sua advogada Coelho está aqui, nada vai te derrubar.
Camila deu-lhe umas palmadinhas reconfortantes nas costas e a conduziu até a mesa, puxando uma cadeira para se sentar à sua frente.
— Inês, o que aconteceu, afinal?
— Vou me divorciar — Inês levantou o rosto — A partir de agora, eu e Kléber não temos mais nada. É irônico, você deve achar até engraçado.
O sorriso de Inês era de puro sarcasmo.
— Só agora percebi que, na verdade... eu realmente o amo. Caí no mesmo erro duas vezes. Fui muito tola.
Camila pegou um guardanapo e o colocou em sua mão.
— Se quiser chorar, pode chorar, não vou te julgar.
— Não precisa, já chorei tudo no avião — Inês enxugou o rosto — A comida de bordo é horrível. Você ainda tem miojo?
Camila, sentindo uma pontada de dor pela amiga, segurou seu ombro com carinho.
— Fica tranquila, o quanto você quiser comer, eu faço pra você.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Meu Único Amor Sempre Foi Você