Inês pediu ao entregador para deixar a comida na portaria do condomínio e desligou o telefone.
O garçom serviu o filé, a carne estava macia, no ponto certo, mas Inês comia distraída.
Do outro lado da mesa, Camila continuava a fofocar.
— Aliás, Inês, agora que você e o Kléber estão morando juntos, com certeza já estão dividindo a cama, não é?
Inês lembrou-se dos momentos com Kléber, das vezes em que quase não conseguiu se controlar, e ficou corada.
— Claro que não.
— Por que esse nervosismo todo? — Camila caiu na risada. — Pelo amor de Deus, vocês agora são marido e mulher, têm certidão de casamento e estão protegidos pela lei. Dormir juntos é mais que esperado. E, convenhamos... com um homem lindo desses ao seu lado, não aproveitar seria um desperdício!
Enquanto dizia isso, ela piscou para Inês do outro lado da mesa.
— Inês, não diga que sua amiga não avisou, hein? Faça o favor de garantir que nosso Sr. Quadros... dirija com segurança, tá?
Inês não entendeu de imediato, piscando confusa.
— Dirigir com segurança?
Camila se inclinou, abaixando a voz.
— Precaução, claro. Sem proteção... nada de dar tiro sem munição!
Inês ficou alguns segundos sem reação, até entender, e então ficou vermelha, jogando o guardanapo em Camila.
— Sua safada!
Camila caiu na gargalhada, mas logo ficou séria.
— Falando nisso, ultimamente tenho acompanhado meu professor em vários casos de divórcio. O mundo é mesmo injusto: homem pode ter amantes por aí e ninguém fala nada, mas a mulher tem que ser fiel, pura, sem jamais errar. Por quê?
Esse tipo de pergunta, Inês sabia, não era algo que pudesse responder.
Camila também não esperava uma resposta.
Antes que Inês dissesse algo, ela já erguia a taça novamente.
— Chega desses canalhas de duas caras. Vamos brindar à futura advogada de ouro!
Talvez fosse a alegria de ter conseguido a carteira de estagiária; talvez fosse a raiva por causa do pai infiel...
Naquele jantar, Camila claramente bebeu demais.
Ela apertou o botão para fechar a porta do elevador e voltou para dentro.
As portas estavam quase fechando quando uma silhueta conhecida passou do lado de fora: era Bruno, o assistente de Kléber.
Bruno era a sombra de Kléber; onde ele estava, Kléber também estaria.
Inês deu um passo à frente, impedindo que as portas do elevador se fechassem totalmente.
Com alguns documentos recém-impressos em mãos, Bruno entrou apressado na sala de reuniões e distribuiu o material para os que estavam sentados à mesa.
Na cabeceira, Kléber falava com a voz rouca.
— Levem esse material para analisar...
No meio da frase, não conseguiu conter a tosse, o rosto ficando avermelhado.
Os colaboradores olhavam para ele, preocupados.
— Sr. Quadros, essa tosse está feia, hein? Melhor procurar um médico.
— Pois é, se virar pneumonia vai ser complicado.
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