Meu Único Amor Sempre Foi Você romance Capítulo 71

Acabara de ficar com Clarinda, e considerando que ela era filha do prefeito, Afonso não ousou ser demasiado ousado.

Viera procurar Miriam de propósito, apenas para extravasar sua frustração.

Ao ouvir Miriam mencionar Inês, lembrou-se da intimidade entre Inês e Kléber.

O bom humor de Afonso desvaneceu-se instantaneamente.

Empurrou Miriam para o sofá e, levantando a mão, desferiu-lhe um tapa no rosto.

— Você acha que é o quê? Come da minha comida, bebe do meu vinho, mora no apartamento que eu te dei, dirige o carro que eu comprei... Você não passa de um cachorro que eu, Afonso, crio. Ou obedece direitinho, ou então... cai fora daqui!

Arrancando o cinto, segurou Miriam pelos cabelos e a puxou para perto.

Rasgou-lhe a roupa sem cerimônia, pressionando-a com agressividade.

Enquanto se satisfazia, continuava a insultá-la.

— Vocês, mulheres, são todas umas vadias, umas ordinárias! Você pensa que é quem... ainda quer me controlar... você não passa de um cachorro meu... uma cadela desprezível...

Miriam, ferida e humilhada, agarrou-se ao sofá, chorando, sem ousar revidar.

Ele gostava da obediência dela, do modo como colaborava na cama; além disso, era mais barata e mais limpa do que as mulheres de fora.

Quando estava de bom humor, Afonso também sabia agradar Miriam.

Miriam, por sua vez, confundira esses raros momentos de gentileza com sentimentos verdadeiros.

Aquele tapa recém-desferido finalmente a despertou para a realidade.

Ela compreendeu, com clareza, que para Afonso ela não era nada, nem sequer se comparava a Inês.

Ao menos, eles já tinham sido oficialmente namorados, até ficaram noivos certa vez.

Ela, por outro lado, era apenas uma amante secreta, que ele usava e agredia quando bem entendesse.

Nestes últimos anos, Miriam acostumara-se a morar em um bom apartamento, dirigir um carro confortável, gastar no cartão de Afonso como quisesse — suas despesas mensais equivaliam ao que seus pais no interior ganhavam em um ano inteiro...

Se deixasse Afonso, não teria mais nada.

Com seu salário de musicista na orquestra, jamais sustentaria o padrão de vida luxuoso ao qual se habituara.

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