Minha Amada Ômega romance Capítulo 104

ZEDKIEL.

Dois dias se passaram enquanto continuamos nosso caminho, mas não consigo tirar da minha mente as palavras daquela noite. Ela disse que me perdoa, ela sabe que eu vou traí-la.

Cada dia que passa, cada hora, me deixa mais perto desse momento, para o meu medo.

Zerachiel tem estado mais quieto, quase hesitante sobre o que está por vir, mas ainda assim, ele tenta me garantir que vai ficar tudo bem, mas será que vai mesmo? Tenho minhas dúvidas.

A tensão no ar fica mais densa conforme andamos junto com os vampiros. Evelyn está mais quieta que o normal, quase como se soubesse o que está por vir.

Ragnar quase matou vários vampiros inimigos algumas vezes, e foi só quando ele perdeu um conflito que trouxe qualquer emoção para o rosto de Evelyn, que normalmente ri de qualquer cenário violento ao redor dela.

É quase como se ela gostasse disso e ansiasse por mais, a loucura que vejo cintilando de seus olhos ao presenciar o mínimo de violência é perturbadora para mim, mas, por algum motivo, também em fascina.

"Cai fora!" Ragnar rosna quando um vampiro tenta o guiar para fora da van para uma pausa, ainda estamos amarrados, mesmo eu que possa nos libertar, afinal Ziahra disse que precisamos fingir que somos prisioneiros para os outros. Então, por enquanto, vamos assumir esse papel.

"Eu juro, princesa, não sei porque você está trazendo esse resto com ele!" Blade reclama do meu time.

"Que uma pena que não é você que dá as ordens!" Ragnar revida, dando uma cotovelada no nariz dele.

Fecho os olhos quando ouço algo se deslocando, isso deve ter doído.

Uma onda de energia surge por todos os lados, ótimo, todo mundo com os nervos à flor da pele de novo, com o silêncio caindo.

Evelyn ri, cobrindo a boca com a mão, sendo a única que não está amarrada.

"Parem com isso já!" Ziahra ordena.

"Ragnar, basta." Eu aviso.

Ele dá de ombros e estala seu pescoço, com um tremor pelo corpo inteiro enquanto seus olhos brilham em vermelho, seguindo em caminhada.

"Não me toque se não quiser perder essas mãos." Ragnar ameaça Blade.

"Ouviu ele." Kash complemente, outro que não para de bater cabeça com Blade, odiou ele no primeiro momento que o viu.

'Normalmente, você é o cabeça quente.' Zerachiel observa, debochando da situação.

'Talvez. Normalmente mesmo.'

Estou mais preocupado com o que estamos prestes a fazer que reclamar de algo.

Essa noite.

Todos nós esticamos as pernas um pouco fora da van, alguns vampiros saem em busca de comida. Na maioria dos casos, vamos atrás dos animais, eles ficam com sangue, nós com a carne.

"Devíamos passar pela floresta amanhã, vamos chegar em um templo perto de uma aldeiazinha por perto." Ziahra anuncia quando nos juntamos. "Vamos passar a noite aqui hoje."

"Por que esperar quando estamos tão perto de casa?" Alaia reflete, olhando seriamente para Ziahra.

"Porque eu disse, fim de papo." Ela responde, virando as costas.

Não se pode confiar em todos a sua volta...

As palavras de Ziahra antes voltam para a minha mente, me pergunto, quantos daqui realmente estão no lado dela?

Olho para Evelyn, onde ela está sentada bebendo água enquanto olha para longe.

Ziahra se aproxima do nosso acampamento improvisado, seus olhos piscando para Kash, que franze a sobrancelha para ela. Ela não responde, só se vira para mim.

"Aqui." Ela diz, segurando uma garrafa de água para mim. "Beba."

Nossos olhos se encontram e ela me dá um leve aceno de cabeça, indicando a deixa.

Estamos prontos, agora.

"Podem desamarrá-los por um tempo, para comerem." Ela ordena, se virando e se afastando.

Algo que se tornou rotina nesses dias. Eles nos desamarravam para comer e dormir, embora sejamos constantemente entorpecidos e mantidos sob vigia.

Só que Ziahra não está mais me dando as dr*gas que me devia.

Ela joga uma segunda garrafa de água para mim e uma terceira para Kash, e sei que esta garrafa tem os entorpecentes que preciso dar para Evelyn, para nossa missão...

Meu estômago afunda quando meu olhar se volta para Evelyn, onde ela está olhando fixamente para Alaia.

Ela sabe que Alaia está nervosa com a presença dela, e está se divertindo, a provocando com um sorriso sádico. Ela é mesmo insana.

Alaia olha para Evelyn com nervosismo evidente, e isso só aumenta o sorriso dela.

Ela pode sentir o cheiro que emana dela, e eu também. Observando a expressão de todos, Alaia acaba se afastando, e Evelyn sorri antes de olhar para mim. Nossos olhos se encontram e seu sorriso some, antes de seus olhos se tornarem sombrios, ficando vazios enquanto afasta o olhar lentamente.

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A lua está alta no céu quando Ziahra dá o sinal. Estamos acampando perto de um antigo templo em ruínas, o prédio é tão antigo que os tijolos e a argamassa estão desmoronando.

A energia no ar está tensa, mas estagnada.

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