Minha Amada Ômega romance Capítulo 6

EVANGELINE.

"Evangeline!" Vovó Philomena sibila, pisando no meu pé e me arrancando dos meus pensamentos.

Eu pisco e olho para ela por um segundo, antes de analisar o salão com certo receio, e vejo as costas largas de Zedkiel Vilkas.

Ninguém fala com ele, todos abaixam a cabeça quando ele passa, que nem se dá ao trabalho de demonstrar algum respeito com seu pai. Então, ele pega um copo de bebida, em uma bandeja e bebe tudo em um só gole.

"Você se esqueceu suas maneiras, garota?!" Vovó murmura, apertando meu braço até deixá-lo dolorido, fazendo as lágrimas brotarem em meus olhos quando ela crava as unhas na minha pele.

"V-Você está... isso dói." Eu choramingo. Ela me dá um olhar ríspido e irritado, antes de me soltar. Eu resisto à vontade de esfregar meu braço. "Desculpe. Eu só..." Mas, desisto de tentar explicar, pois por um momento só conseguia gaguejar.

Não podia expressar como, ou o que ele me fazia sentir, seria um insulto à família real e todos que estava por perto ouviriam se eu lhe dissesse alguma coisa.

"Sem desculpas. Você está tentando nos envergonhar?" Ela murmura, lançando um olhar para os arredores.

"Desculpa." Digo abaixando minha cabeça para ela, mas apesar do pedido de desculpas, minha mente continua agitada por pensamentos.

Tenho certeza de que o homem dos meus pesadelos é ele. Teria sido uma visão do futuro? Algum tipo de premonição?

Nos sonhos, nossas roupas eram estranhas, eu estava com um pesado vestido de baile, bem parecido com os de antigamente, e ele trajava uma túnica e calça de couro... A única diferença era que o Príncipe tem cabelo curto e o homem dos meus pesadelos tem cabelo comprido.

Então, um calafrio percorre minha espinha, me fazendo estremecer quando me flagro observando o homem que está de pé contra uma parede, ao longe. Ninguém se aproxima dele, a tensão ao seu redor parece circular violentamente pelo salão.

O instinto me diz para eu me esconder de seu olhar, talvez se eu ficasse longe dele, quem sabe nunca mais teríamos que nos ver!

-

Não demorou muito para o jantar ser servido, era uma farta refeição com oito pratos, mas não tinha apetite. Eu estou sentada em uma mesa na sala de jantar menor, onde os funcionários dos lobisomens classificados estavam sentados.

No entanto, fui colocada em uma mesa mais alta, em um pequeno estrado com outras cinco Ômegas. Elas são importantes, posso ver isso pelas roupas, os vestidos delas eram extremamente finos. Fiquei muito curiosa para descobrir quem eram, mas quanto mais cedo aquela noite terminasse, melhor.

"Então, a quem você pertence? A propósito, me chamo Lucia." Uma delas pergunta, olhando para mim.

Eu me viro para ela, ao ser tirada de meus pensamentos.

"Evangeline... Umm, pertencer?" Eu devolvo a pergunta.

Elas trocam olhares entre si e quem havia feito a pergunta ergue uma sobrancelha.

"Sim, você deve pertencer a um dos príncipes, já que está neste baile e sentada à nossa mesa." Lucia explica.

Eu fico confusa depois desta resposta e digo: "Vim com a Lady Philomena Welhaven."

"Ah, então é um presente." Outra mulher conclui, trocando olhares com Lucia.

"Um p-presente?" Eu pergunto, neste momento meu estômago se revira violentamente diante quando entendo a situação. Vovó Philomena queria se livrar de mim... Então, seu plano é me entregar para a família real? Mas, eu nem tenho minha loba, posso ser morta!

Essas mulheres são as Ômegas da realeza, é óbvio que são muito respeitadas, sei que a maioria dos príncipes tem mais de uma... no entanto, claro, que apenas algumas são favorecidas.

Então, alcanço meu garfo e empurro esses pensamentos para longe da melhor maneira que posso. Contudo, mal consigo segurar o talher corretamente, o metal frio bate no prato.

Talvez estejam enganadas, digo a mim mesma. A vovó Philomena tinha me trazido como sua assistente, embora ela tenha me tratado como uma e até mesmo se referiu a mim como uma convidada.

Enquanto estou tentando me acalmar, o rosnado mais assustador e ensurdecedor que já ouvi faz os candelabros tremerem. Eu pulo com o som e meu joelho bate no tampo da mesa sob a toalha elegante.

Instantaneamente cai o silêncio e uma onda de medo se espalha pela sala. O medo era muito forte, como se esta entidade estivesse me devorando e se alimentando do medo que todas nós exalávamos, a energia do lugar ficava cada vez mais intensa.

"Sinclair!"

Meu coração disparou quando escuto do choro de vovó. Eu me levanto, derrubando a cadeira e fazendo o som ecoar pela sala. Estou pronta para sair correndo, mas Lucia agarra meu braço.

"Não vá. Ele vai te matar." Ela sussurra apavorada.

"Ele vai machucar Sinclair." Eu respondo, sem me importar com o que ela disse, só conseguia pensar em ter certeza de que Sinclair estava bem.

Assim, sai correndo pelo corredor e chego ao do salão mais iluminado. Para meu absoluto espanto, vejo ninguém menos do que o Príncipe Zedkiel prendendo Sinclair contra a parede, suas garras alongadas cravadas na pele de sua presa.

Sinclair tinha uma aparência lívida enquanto encarava o príncipe, o que parecia irritar ainda mais Zedkiel, que aumentou o aperto na garganta de Sinclair, que começava a ficar roxo. A aura sombria e ameaçadora de Zedkiel o envolvia e mesmo a distância tive que lutar para permanecer de pé.

Eu observo o salão, por que ninguém o ajuda?! Todos eles, até mesmo o rei, estavam simplesmente assistindo aquela cena.

Olho o salão a procura do Alfa Aeron e sinto um completo desespero quando o vejo parado ali, apenas alguns assentos abaixo do rei. Ele está de boca fechada e com os olho tomados pelo medo.

"Ajudem-no!" Eu choramingo, virando-me para o homem mais próximo, mas ele me ignora.

"Tente de novo." Zedkiel rosna, apertando cada vez mais.

"Zedkiel!" O Alfa Supremo Ambrose fala, seu rosto está pálido enquanto ele fita as costas de seu filho.

Mas o príncipe não pareceu se importar, de onde estou posso ver o olhar frio e desdenhoso em seu rosto, enquanto sua mão aperta a garganta de Sinclair e posso ver o como ele está gostando disso. Então, um sorriso arrepiante cruza seu rosto.

O pânico me tira da paralisia. " P-Por favor, solte-o!" Eu digo bravamente enquanto corro.

Na verdade, estou apavorada e sinto que vou vomitar ou desmaiar. Escuto alguns suspiros, mas estou mais preocupada com Sinclair.

Seus lindos olhos se voltaram para mim, surpresos, mas é o olhar do Príncipe que me apavora, e eu dou um passo para trás, quase tropeçando nos meus próprios pés. Assim, qualquer fagulha de bravura que havia em mim se esvai.

"P-por favor." Eu gaguejo, segurando minhas mãos na minha frente.

"Angel..." Sinclair murmura, há algo em seus olhos que não consigo decifrar, porém, volto minha atenção para o Príncipe, embora eu seja incapaz de olhá-lo nos olhos.

Então, ele zomba, jogando Sinclair impiedosamente no chão e no mesmo instante corro na direção de Sinclair, querendo ajudá-lo. Contudo, o rosnado de Zedkiel me fez pular e cambalear para trás.

Zedkiel mostra os dentes e eu me encolho quando ele volta sua atenção par mim, meu coração afunda no peito quando ele começa se aproximar.

Talvez ele me mate... Talvez o pesadelo seja um retrato da minha morte pelas mãos dele, não onde isso acontecerá. Mas, se vou morrer, que pelo menos seja por ter sido útil para Sinclair...

Eu fecho meus olhos, meu coração batendo na minha garganta.

No momento em que ele agarra minha mandíbula com força, um soluço trêmulo escapa por meus lábios, além disso meus olhos estão arregalados por causa do medo. Apesar de há poucos instantes ter sido tomada por uma raiva incandescente, agora ela estava misturada com outra coisa.

"Parece que tem um ratinho tentando te salvar." Ele zomba, seu aperto é doloroso.

"Zedkiel..." O Alfa Ambrose tenta novamente. "Solte a mulher."

Zedkiel zomba e por cima do ombro encara seu pai, que agora está de pé. "Você quer salvá-la... então, venha buscá-la, pai." Ele o desafia em tom provocativo.

Ele estava zombando do Rei Alfa... Será que não teme ninguém? Por outro lado, estava claro que todos eles temiam o príncipe Zedkiel, porque seu pai voltou a se sentar.

As lágrimas brotaram em meus olhos, vendo que nem mesmo o Alfa dos Alfas estava disposto a enfrentar o próprio filho.

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