Minha Esposa Muda romance Capítulo 1750

A colcha parecia nova, então não havia razão para não usá-la.

Os dois passaram a noite em uma casa que gotejava. Depois de tanto tempo ali, Flavia parecia ter se acostumado com os caixões e não se incomodava mais tanto. Talvez porque Thales havia dito que estavam vazios, desde que não fossem abertos.

No dia seguinte, a chuva continuava, impedindo-os de sair. Thales usou tudo que era possível para queimar e manter uma fogueira, o que deixou a casa bastante limpa.

Com o fogo, os insetos que antes infestavam o local desapareceram.

Flavia, entediada e vendo o chão sujo, pegou duas vassouras e começou a varrer a casa.

Após a limpeza, a casa parecia outra.

Ela bateu as mãos para tirar a poeira e, olhando para o ambiente agora limpo, comentou com um sorriso: "Com a casa limpa, parece muito mais segura."

Thales assentiu com a cabeça: "Seria perfeito se não chovesse."

Flavia olhou para as telhas que deixavam a luz passar e respondeu: "Vamos nos contentar, Lucas e os outros provavelmente já devem estar nos procurando."

Era estranho que ainda não tivessem chegado.

Thales olhou para o céu nublado lá fora e comentou: "Não sabemos quanto tempo essa chuva vai durar."

Eles só poderiam ser encontrados quando a chuva parasse, e até lá, estariam presos ali.

O problema maior era que não esperavam chuva e a comida que trouxeram não seria suficiente. Sair para buscar mais sob a chuva era complicado.

Passaram mais um dia na casa, ainda sob a chuva. Na madrugada, a chuva cessou, e na manhã seguinte, Flavia ficou animada: "A chuva parou."

Eles saíram e observaram o céu, que ainda estava carregado de nuvens pesadas prestes a se unir ao mar.

Thales, com uma expressão preocupada, balançou a cabeça: "Vai chover forte de novo, precisamos encontrar um lugar seguro."

Flavia olhou para as nuvens no horizonte, também preocupada. A próxima chuva parecia que seria intensa.

A casa em que estavam, provavelmente, se transformaria em um rio com tantas goteiras.

Thales estava certo, precisavam de uma casa que não vazasse, e estar tão perto da praia durante uma maré alta era arriscado.

Embora a vila estivesse abandonada há pelo menos cinquenta anos e parecesse segura, quem poderia garantir que antes não era maior?

O vasto trecho de praia à frente poderia ter sido parte da vila, agora submerso.

Flavia seguiu Thales por um trecho até chegarem à casa que haviam visto antes, com três caixões em um quarto e dois outros vazios.

Entraram e perceberam que, embora houvesse goteiras, não eram tão ruins quanto na casa anterior, com apenas três áreas molhadas no chão.

Nos quartos vazios, estava tudo seco.

"Chega, não fala isso. Você é um verdadeiro agouro."

Flavia calou-se, um pouco envergonhada. Do lado de fora, um relâmpago iluminou o interior da casa, seguido de um trovão ensurdecedor.

Thales comentou, "Agora entendo por que as pessoas se mudaram daqui."

"Por quê?"

"Com esse clima, quem é que não ficaria com medo de morar aqui?"

"Como você sabe?"

"Porque as portas e janelas foram reforçadas várias vezes."

"É mesmo?"

"Sim, então não precisa ter medo. As pessoas se mudaram, mas não foi por causa de algum motivo sobrenatural ou porque a vila foi destruída."

"Oh, então por que aquelas urnas não foram levadas?"

Thales lançou-lhe um olhar, como se duvidasse da sua inteligência.