Minha Esposa Muda romance Capítulo 848

No ar, podia-se vislumbrar partículas de poeira flutuando.

Ela estava banhada em luz, dando a impressão de quase ser transparente, como se a qualquer momento pudesse desaparecer.

Thales segurou sua mão, acariciando o dorso dela suavemente, e disse em voz baixa: "Você vai melhorar logo depois de tomar o remédio."

Flavia o encarou diretamente, as lágrimas em seus olhos brilhando sob a luz.

O som do celular interrompeu a atmosfera pacífica.

Flavia virou-se para olhar, era uma chamada sem identificação.

Thales suspirou, pegou o celular e atendeu.

Não se sabia o que foi dito do outro lado, mas sua expressão tornou-se cada vez mais sombria, e a temperatura ao redor pareceu cair.

Ele não disse nada, desligou o telefone e desligou o celular, guardando-o no bolso.

Olhou novamente para Flavia: "O dia está lindo hoje, que tal sairmos para tomar um pouco de sol?"

Flavia virou-se para olhar pela janela, o sol estava quente, mas não ofuscante, e podia-se perceber indícios da primavera lá fora.

Ao ver uma andorinha voando pela janela, ela acenou com a cabeça.

Thales retirou o cobertor e a pegou no colo, saindo da cama.

Ele a levou até o jardim da casa, onde o Dr. Soares trouxe uma cadeira para Flavia se sentar.

Flavia inclinou levemente a cabeça para trás, notando que o salgueiro não muito distante já começava a brotar, ocasionalmente pássaros atravessavam os espaços entre os galhos, pousando para chilrear incessantemente.

Sob o muro do jardim, as flores já mostravam seus botões, como se estivessem prestes a florescer.

Thales ficou ao seu lado, acompanhando seu olhar em silêncio.

Dr. Soares e Lídia, parados mais atrás, observavam as silhuetas dos dois, com uma expressão de melancolia no rosto.

Lídia perguntou baixinho: "Dr. Soares, nossa senhora... está..." - Ela não teve coragem de completar a frase.

Ela era mais de duas décadas mais velha que Flavia, ainda forte e saudável, enquanto Flavia, tão jovem, parecia uma flor em sua plenitude.

Mesmo há pouco tempo, ela ainda estava cheia de vida.

Dr. Soares compreendeu o que ela queria dizer, mas apenas suspirou, sem responder.

No ano passado, ele já havia mencionado que os sinais vitais de Flavia não indicavam longevidade, mas pensou que ela teria pelo menos mais dez ou oito anos pela frente.

"Vou te levar para cima."

Ele mal havia pegado Flavia nos braços quando vários carros chegaram em alta velocidade do lado de fora do portão.

Os veículos pararam na entrada, e deles desceram cerca de sete ou oito pessoas.

Eles saíram dos carros, passando diretamente pelo portão até Thales.

"Sr. Duarte, temos algumas perguntas para fazer ao senhor."

"Espere."

Thales estava prestes a continuar, quando Carlos, rapidamente, contornou e bloqueou seu caminho.

"Sr. Duarte, pedimos educadamente e já demos ao senhor toda a consideração necessária. Esperamos que o Sr. Duarte também possa nos respeitar e colaborar com nossa investigação."

A expressão de Thales tornou-se ainda mais severa, e ele respondeu em tom grave: "Eu disse para esperar!"

"Mas..."

Thales o interrompeu: "Você não pode esperar mais alguns minutos? Ou está com pressa de morrer?"