Moradora de rua romance Capítulo 2

Abro os meus olhos e acabo me arrependendo, a luz me cega e os fecho rapidamente, tento me levantar e todo meu corpo dói, com uma dor estridente de cabeça, os sentidos confusos e uma náusea cortante eu me levantei, as mãos sujas de terra e sangue, o gosto metálico e amargo tomava posse de minha boca, e as roupas... Eu diria farrapos, minha consciência ia e voltava e eu tentava sem muito sucesso sair do barranco aonde eu cairá, com muito esforço eu consegui sair daquele buraco e agora contemplava uma floresta que se misturava ao deserto, seria uma imagem linda se eu ao menos soubesse aonde eu estava. Só algum tempo depois de eu ter escalado o barranco realmente senti dores agudas na cabeça e em meu pulso, ele estava inchado, talvez o tivesse torcido em algum momento.

Mas a dor deixou de ser um problema quando percebi que não me lembrava de nada nem mesmo o meu nome, idade, nem de onde eu vinha tudo em minha mente estava preto, um completo breu, como se não existe passado algum.

Mas é claro que lembrava do significado das coisas, como falar e até de como fazer contas, mas é como se eu nunca existisse até aquele momento, e quanto mais eu tentava me lembrar , mais minha cabeça doía.

Me levanto e choramingo de dor, estava usando um short jeans e uma camiseta de uma banda e calçando tênis, Olho para frente e forço meus olhos, luzes aquilo eram luzes da cidade a alguns metros, o sol já estava quase se pondo e eu pretendia chegar a cidade antes de anoitecer, respirei fundo e por tempo o bastante para afastar o pânico e o medo que cresciam dentro de mim e andei em direção as luzes.

Depois de alguns minutos andando ,ou pelo menos tentando, vejo um parque havia algumas pessoas ali. Penso em pedir ajuda mas não sei se posso confiar nestas pessoas e mesmo se eu pudesse oque eu falaria? Ah olá eu estou perdida com dores e não sei quem eu sou você por algum acaso sabe? Ah patético!

Olho no meu reflexo no vidro de um carro, eu estava toda descabelada, os olhos vermelhos, imunda e duvido que meu cheiro estivesse agradável, havia um corte superficial em minha testa com o sangue já secando mas o pior era o estado de minhas roupas, imundas e com alguns rasgos, eu até parecia uma mendiga , se é que eu realmente não fosse.

Não sabia quem eu era, não me lembrava de meu rosto então foquei em meu rosto decorando cada traço, cabelos curtos um pouco acima do busto, castanho escuro, ou talvez fosse a sujeira que o deixara escuro, lisos e extremamente desgrenhados, nariz fino e arrebitado, sardas suaves , mas oque me chamou a atenção foram meus olhos, azuis de um azul tão claro quanto o céu e cílios volumosos que faziam meus olhos chamarem ainda mais atenção mas eles estavam cansados e tristes quase sem vida e as pupilas dilatadas como se eu fosse um cachorro com medo do próprio rabo, minha imagem parecia com a de um quadro, talvez o nome seria Perdida no próprio olhar.

Um lampejo de imaginação veio a tona, como seria ter um quadro pintado tão realista quanto aquele reflexo, e aí está uma pista sobre quem eu era, uma pessoa bastante criativa, eu sorri um sorriso amargo mas ainda sim um sorriso.

Permiti me olhar novamente, eu era magra, com poucas curvas, passei a mão pela minha barriga e eu quase conseguia sentir minhas costelas e foi aí que percebi que eu estava faminta.

...

Passei dois longos dias confusa dormindo no banco da praça e comendo comida da lixeira de um restaurante, meus machucados estavam melhores, eu os havia lavado com a água da fonte que ao meu ver deveria ser mais suja do que eu, meu pulso já não doía, vez ou outra eu caminhava para tentar me lembrar de onde eu estava, mas sem nunca me afastar de mais da praça, cansada de andar, e com fome pois ontem a noite quando eu estava me deliciando com as sobras do restaurante eu não era a única que procurava comida, havia alguns ratos pedindo migalhas, e bem eu não consegui manter a comida no estômago depois que eles saíram de uma das caixas de macarrão chinês que eu estava de olho, eu jamais voltaria aquele beco, jamais! Eu não via um banco fazia alguns minutos e minhas pernas estavam cansadas e então avistei uma calçada que parecia confortável neste momento.

Sento no chão e pego uma pedra e começo a rabiscar o mesmo, Eu estava tentando mas era inútil eu não conseguia lembrar de nada, nenhuma pista de onde eu havia vindo, e ninguém procurando por mim.

-EI! Saia da frente da minha loja! Esta espantando meus clientes !.-Um homem baixinho e de olhos puxados fala batendo de leve a vassoura em minhas costas.-VOCE ESTA RABISCANDO MEU CHÃO! Eu não acredito!

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Moradora de rua