Parte 3...
— Paguei caro por elas.
— Mas não foi pelo dinheiro. Ela vendeu as ações porque queria se vingar de mim. Você só facilitou.
— É como dizem... Aqui se faz e aqui se paga. Graças a essas ações fiquei no controle da empresa.
— Nem sei se me importo mais com a empresa - fechou os olhos — Só quero que meu filho fique bem.
— Ele vai ficar, tenha fé, dê tempo ao tempo.
Anelise não sabia se dizia isso para ela mesma ou para Luiza.
— Novaes a procurou no restaurante.
— Por que?
— Ele disse que ligou, mas perdeu a coragem. Queria contar a verdade a você e pedir perdão.
— Eu lembro de uma ligação estranha.
— Depois ele foi ao restaurante, mas você já tinha se afastado.
— Ele não tem que contar nada agora e nem quero desculpas depois de tanto tempo.
— Tem muito ódio de nós, não é?
Anelise a encarou um instante. De certa forma começava a compreender alguns fatos que não tinha conhecimento.
— Eu já tive - confessou — Hoje em dia, não mais. Porém, eu não tenho que perdoar nonguém. Assumo minha parte de culpa, meus erros, mas os outros devem fazer o mesmo.
— Eu sei - se ajeitou na cadeira — Eu não vou mais negar meus erros, nem vou interferir. Márcia pode assumir Novaes como ela sempre quis - Anelise fez uma cara de surpresa — E você também... Pode ficar com Mathias.
Anelise riu e franziu a testa.
— E quem disse que eu quero? - riu de novo — E que ele me quer também? Não confunda as coisas.
— Meu filho nunca a esqueceu.
— Não tenho certeza disso.
— Não o abandone agora, Anelise - ela pediu com sinceridade — Talvez... Ele fique paralítico - encheu os olhos de lágrimas.
— Não tem que projetar isso agora - ela tocou o indicador nos lábios para que fizesse silêncio. Não era bom que ele por acaso ouvisse — Vamos aguardar com pensamento positivo.
Ela levantou e ficou ao lado da cama. Por impulso tocou a testa dele, fazendo um leve carinho em sua pele fria. Era muito ruim vê-lo dessa forma, tão frágil. Nesse breve momento de ternura, ela sentiu que ele estremeceu. Talvez fosse verdade que pessoas em coma podiam ouvir e sentir o que estava ao seu lado.
Novaes abriu a porta e a viu. Travou e ficou vermelho, depois recuou. Márcia entrou no quarto e lhe pediu que fosse até o corredor falar com ele.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Nosso Passado
O poder do perdão é algo muito poderoso é realmente libertador......
Essa coisa de que ela tem q ficar persuadido ele como se ela fosse mãe e ele filho, tá um porre. Homem pode ser machista, liberal, idiota ou o q quiser, mas infantil e inconsequente não dá, pq o azar é dele, mulher não tem q ficar adulando infantilidade....