O Amor Perdido romance Capítulo 103

Banjamin sentou-se no banco do motorista. Solenemente ele tirou de sua pasta, os dois certificados de divórcio. Ele os segurou nas mãos e os entregou a Credence, o qual estava envolto por sombras no banco de trás.

“Sr. Scott, sinto muito. Mas, eu dei para a Sra. Scott um documento de divórcio falso, enquanto conversávamos na sala de detenção.”

A atmosfera no interior do carro se tornou glacial, as mãos de Benjamin, que seguravam os papéis, tremiam. “Sr. Scott, por favor, perdoe-me por agir por conta própria. Contudo, preciso ser franco, pensei que se eu desse para a Sra. Scott os documentos verdadeiros, muito provavelmente vocês… você e a Sra. Scott nunca teriam uma segunda chance.”

Como assistente pessoal, Benjamin vira o amor de Credence por Dorothy florescer, do nojo à ganância e depois à alegria. Ele tinha visto tudo.

Ele entendeu que havia um lugar especial para Credence no coração de Dorothy, porém o próprio Credence ainda não tinha percebido isso.

No entanto, relacionamentos costumam ser um assunto privado. Se o próprio Credence não pensava sobre isso, de nada adiantaria o quanto os outro lhe falassem ou fizessem. Não o ajudaria muito e de pouca serventia.

Credence ficou imerso em pensamentos por um tempo. Ele sabia que as palavras de Benjamin foram razoáveis, por isso não disse mais nada. Além disso, sem nenhuma emoção em seu rosto frio, ele apenas fez um breve aceno.

Ele pegou as duas folhas de papel da mão de Benjamin e as fitou. Ele leu os dois nomes que ali estavam escritos – Credence Scott e Dorothy Fisher – por muito, muito tempo.

Então, ele acariciou cuidadosamente o nome de Dorothy, com os dedos.

“Lembre-se do seu lugar. Da próxima vez que você ousar tomar decisões por conta própria, pode fazer as malas e ir para Afliton. Lá a empresa não é como aqui, o lugar é péssimo e eles constantemente estão com falta de pessoal.”

“Agora, conte-me como Dorothy reagiu. Quero todos os detalhes, quanto mais detalhado melhor!”

Ele levantou a cabeça subitamente e fitou Benjamin, com seus olhos penetrantes.

Benjamin estava com tanto medo de que começou a suar frio. “A expressão da Sra. Scott mudou assim que viu o documento do divórcio. Ela parecia profundamente triste e com prestes a desabar a chorar. Acho que apesar de tudo, ela ainda está relutante sobre se divorciar. Ela deve amá-lo muito. Embora ela não tenha chorado, dava para ver como seus olhos ficaram vermelhos.”

"O que ela disse?"

“Ela parabenizou os noivos e desejou que você e Rosalie envelheçam juntos, afinal vocês se merecem.”

Lentamente Credence guardou os papéis no bolso. Ele arqueou as sobrancelhas e estreitou os olhos sob a luz, “Por que ela diria isso?”

Desejar que ele e Rosalie envelhecessem juntos, não soava contraditório?

“A Sra. Scott disse que outro dia na TV, no noticiário da tarde, passou uma reportagem sobre você ter prometido se casar com Rosalie ainda este ano. Ela disse que você pode encontrar as notícias na Internet.”

O coração de Benjamin deu um pulo quando ele terminou de falar. Pelo espelho retrovisor, ele viu que seu chefe ergueu ligeiramente os lábios finos e frios. Credence tinha uma aparência mais sinistra do que antes.

“Qual canal transmitiu isso? Ligue imediatamente para os editores chefes e faça-os se retratarem por espalharem estes boatos sobre mim.”

Benjamin hesitou por alguns segundos, mas ainda sim escolheu expressar o que pensava.

"Acho que é muito provável que Rosalie tenha algo a ver com isso."

"Rosalie, de novo! Não importa. Além do mais, em alguns dias ela não vai estar viva para contar a história.”

No banco de trás, Credence massageou as têmporas com os dedos. Sua voz era cavernosa quando ele perguntou em tom grave: “Benjamin, diga-me, se minha esposa está grávida de outro homem, por que deveria aceitá-la de volta?”

Benjamin não sabia o que dizer.

Benjamin pensou com seus botões: “Sr. Scott, seria melhor perguntar a quem entende deste tipo de assunto, ainda mais por ser um tema delicado e particular. Quanto mais eu sei, maiores são as chances de ser morto.”

Espere um minuto, a Sra. Scott estava grávida e a criança não era do Sr. Scott?

Então, a criança só poderia ser Juelz?

A Sra. Scott o traiu?

O Sr. Scott tinha sido traído?

Quanto mais pensava sobre isso, mais Benjamin sentia um aperto gélido em seu peito.

Ele pressentia que sua carreira estava por um fio, tudo podia ir por água abaixo a qualquer momento, mas o que ele poderia fazer a respeito?

......

A manhã seguinte.

Dorothy acordou na estreita cama da sala de detenção. Lembrou-se de na noite anterior, Benjamin veio visitá-la apenas para entregar a papelada do divórcio. Ela fechou os olhos com força, estava relutante para sair da cama e acordar, preferia que a noite anterior tivesse sido um pesadelo.

Cerrando os punhos, Dorothy lentamente abriu os olhos avermelhados. De onde estava, ela podia ver o papel do divórcio ao lado de seu travesseiro.

Não foi uma ilusão, nem um pesadelo. Era real - estava em sua cama e a acompanhou durante toda a noite.

As palavras que Benjamin dissera na noite anterior, ainda ecoavam em sua mente.

Ele disse: "Sra. Scott, a pessoa no coração do Sr. Scott não é Rosalie, na verdade é..."

Quem poderia ser?

Seria ela a ocupar o coração de Credence?

Dorothy pensou consigo mesma: “Não seja boba. Pare de se iludir.”

Se Credence a amasse de fato, ele não teria permitido que ela fosse intimidada por Rosalie e maltratada pela família Fisher inúmeras vezes. Nem teria permitido que ela fosse levada pela polícia ou que a lei se cumprisse mais cedo ou mais tarde...

Credence não se importou com Dorothy quando ela ainda era apenas uma garota inocente, então como agora ele poderia estar apaixonado por ela? Ela era uma mulher que tentou assassinar a própria irmã.

Dorothy logo desviou o olhar da certidão de divórcio, ela tinha receio de que se continuasse a olhar o documento, iria irromper em lágrimas.

Ela se levantou da cama em um susto. Correu para o banheiro em seus chinelos azuis, abriu a torneira da pia e lavou o rosto. Dorothy deixou a água fluir por alguns instantes, escondendo o som de seus soluços silenciosos.

Depois de chorar por um longo tempo, Dorothy ouviu um policial gritar do lado de fora: "No. 1908, hora de comer!"

Juelz deve ter gastado uma pequena fortuna. Durante este período em que ela estava presa, não só os almoços e jantares eram deliciosos e bem servidos com sopas e carnes deliciosas, mas o café da manhã também bem requintado. Havia sete ou oito tipos de alimentos de toda sorte de cores, aromas e sabores.

Dorothy respondeu afirmativa a ordem e reprimiu toda a dor, que outrora desenhava seu rosto.

Em seguida, ela se trocou e vestiu um longo vestido preto o qual descia até a altura de seus joelhos. Sua barriga ligeiramente protuberante em contraste com as pernas longas, retas e brancas a faziam parecer sexy e charmosa.

Dorothy calçou os chinelos novamente e saiu do banheiro. Agradeceu ao policial quando pegou a bandeja de café da manhã e a depositou em cima da mesa. Embora ela não estivesse com apetite, pelo bem do seu bebê, ela pegou os talheres e se forçou a comer.

Quando ela terminou de comer, os policiais vieram retirar a louça e Dorothy subiu mais uma vez na cama. Ela pegou o papel do divórcio e olhou o nome de Credence com atenção. Ela ficou encarando a folha por um bom tempo, até que seu rosto voltasse a ficar pálido, os lábios trêmulos e as lágrimas escorrerem.

Credence, oh Credence… Normalmente, as pessoas hesitam em abandonar seus cães ou gatos, depois de tê-los como companheiros por vários anos. Além do mais, ela não era um objeto para ser descartado, mas uma mulher.

Por que ele não hesitou quando a abandonou?

Por que ela não podia ser a mulher que ele amava?

Dorothy cobriu a boca com as mãos.  Ela preocupava-se se incomodaria as outras pessoas com seu soluço, então tentava fazer o mínimo de barulho. Porém, ela sentiu uma dor aguda no abdômen. A dor foi tão intensa que a fez se contorcer.

Quando Ivana trouxe o médico para examinar Dorothy, ela ainda chorava em silêncio na cama. A policial não conteve um suspiro: “Não chore. Mesmo que você não esteja bem, pense primeiro na criança que está carregando no ventre.”

Depois que o médico examinou Dorothy cuidadosamente, ele olhou para Ivana e disse sério: "Há sinais de um aborto espontâneo precoce. Leve-a imediatamente ao hospital para fazer um ultrassom".

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