A expressão de Credence era impenetrável. Rosalie sentiu que uma sensação de mal-estar e medo tinham se apossado dela.
“Não me pergunte mais sobre isso, Credence. Não quero me lembrar daquela experiência traumática de novo!”
Enquanto Rosalie falava, seu rosto ficou sem cor e distorcido. Ela sacudiu a cabeça e seu rosto já fora inundado pelas lágrimas. Ela soluçou miseravelmente, “Ah... não! Quem é você? Vá embora, vá embora, por favor, me solte!”
"Credence, onde você está? Ajude-me, por favor!"
Ela parecia deplorável e completamente fora de si, como se estivesse revivendo o ataque no estacionamento, toda a intimidação e humilhação pela qual passou.
Ela não sabia o que havia saído errado. Credence já tinha anunciado publicamente o seu divórcio com Dorothy, mas isso não a deixava feliz ou mais tranquila. Pelo contrário, ela sentia que Credence estava ficando mais distante e frio com ela.
Todos esses fatos a deixaram em pânico.
Assim, no raiar do dia, ela pediu para um grupo de carregadores se desfazerem de todos os pertences de Dorothy. Ela queria ver qual seria a reação de Credence.
De fato, ele reagiu à situação, mas não da maneira que ela esperava.
Naquele exato momento, todas as caixas já deveriam estar a caminho para serem queimadas, mas não estavam, uma a uma as caixas foram esvaziadas e seu conteúdo retornou para o lugar de origem. O quarto de hóspedes voltou a ser como era quando Dorothy ainda estava ali.
Rosalie chorava ininterruptamente e em silêncio. No entanto, no fundo, o ciúme a consumia e relutava em desistir de Credence.
Ela era louca por Credence, seus sentimentos por ele não eram menores do que os de Dorothy, mas então por que ela não se casou com ele, e por que não foi ela a dar à luz a um filho deles?
Mesmo que Dorothy tivesse perdido o filho de Credence, pelo menos ela pode experimentar o calor de sua pele e o prazer físico que ele podia lhe dar.
Mas, e ela?
Além de ocasionalmente agir como uma criança mimada, para conseguir chamar a atenção de Credence, eles nunca sequer haviam dado as mãos.
Uma vez, ele lhe dissera que nunca se apaixonaria por uma mulher intrigante como Dorothy. Contudo, ao longo destes quatro anos de casamento, ele deixou de odiar Dorothy e passou a amá-la. Ridículo.
“Já chega de fingir! Acabou esta farsa!”
Credence encarou Rosalie, que apertava o peito de tanta dor. Seus olhos eram o reflexo do desdém e da zombaria, “O ocorrido no estacionamento não teve nada a ver com Dorothy. Foi apenas uma armação para a qual você encenou. Estou certo?”
“Credence, você está duvidando de mim?”
Rosalie encarou o belo homem de gelo que estava a sua frente, mas sua visão começou a ficar turva.
Os olhos de Credence eram escuros e tomados por emoções negativas. Em outros tempos, ele demonstraria sua frieza a Dorothy sem nenhum pudor. Mas, agora tudo convergia para ela.
Todo este tempo, Rosalie usou um disfarce, passando a imagem de boa moça, gentil e compreensiva para ter um pouco da atenção de Credence. Como resultado, ela se tornou uma namorada a qual ele não aprovou, mas tão pouco a negou.
Em seguida, ela recuou e resolver que era melhor ceder. Quando ela descobriu que o pai de Credence havia armado, pessoalmente, um plano para que ele encontrasse Dorothy em sua cama, ela reprimiu o ciúmes dentro de si. Foi assim que ela permitiu que Credence e Dorothy se casassem. Dessa maneira, ele poderia se encher de culpa e sentir pena dela, e quem sabe um dia, talvez ele a amasse.
No dia do casamento, ela estava em cima de uma árvore enorme, no pátio do lado de fora da mansão. Ela empunhava duas garrafas de bebida da mais alta qualidade, ela não hesitou em dar grandes goles de vinho, enquanto chorava.
Naquela noite, Rosalie enlouqueceu de ciúmes, lembrou-se de como o pai de Credence havia sido severo com ela. Também lembrou-se de como ele a impediu de se casar com o filho. Ela o ameaçou, usando os outros como arma. No fim, ela subornou a velha governanta da mansão Scott, a qual os servia há muitos anos. A governanta adicionara drogas alucinógenas nas refeições do velho.
Então, finalmente, no banquete de seu 60º aniversário, dois anos atrás, ela havia encontrado a ocasião perfeita e incriminado Dorothy com sucesso.
E qual foi o resultado disso tudo?
Embora Credence tenha perdido completamente a cabeça, além de quase estrangular Dorothy até a morte, ele não a mandou para a cadeia sob a acusação de assassinato. Ao invés disso, ele mesmo a trancou no quarto de hóspedes da mansão, deixando-a passar fome por vários dias.
Daquele dia em diante, Rosalie ficou com medo ao perceber que Credence poderia ter de fato se apaixonado por Dorothy, por isso ele não a mandou para a prisão.
Rosalie era uma mera ferramenta que Credence usou para resistir a Dorothy, na tentativa de evitar se apaixonar por ela.
Ela achava que Credence havia se casado com Dorothy por causa da pressão do velho Scott.
Agora, ela entendia que se Credence não queria o casamento, ninguém no mundo poderia força-lo a fazer algo que ele não quisesse.
Todos os seus planos foram por água abaixo. Ela ria de si mesma, por ser muito tola e ingênua, ao ponto de considerar a pena de um homem, uma forma de amor.
Ao pensar nisso, Rosalie sorriu com lágrimas nos olhos, “Credence, por que eu fingiria? O que eu ganharia destruindo a minha reputação?”
“Ultimamente, tenho conversado muito com meus pais. Embora, no passado, Dorothy tenha feito muitas coisas ruins comigo, ela ainda é minha irmã. A família deve se manter unida e se amar. Dorothy sempre foi o elo mais frágil, desde criança. Apesar dela ter me apunhalado pelas costas eu não desejo fazer o mesmo com ela.”
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Amor Perdido
Bom dia, haverá atualização desse livro?...