O Amor Perdido romance Capítulo 90

Quatro carros da polícia estavam estacionados na entrada do hospital. As luzes vermelhas da sirene piscavam constantemente, junto com um ruído agudo e estridente. Toda a cena deixou as pessoas em pânico e surpresas.

Em algum momento, o céu começou a clarear. O sol da manhã brilhava forte sob o hospital, mas não era capaz de aquecer o coração devastado de Dorothy.

Linda e Caleb estavam parados na frente dela, ambos correram após ouvir as notícias. Eles olharam para Dorothy, que estava sendo algemada e levada pela polícia. Eles trocaram olhares repletos de êxtase e satisfação. Mas, não durou muito tempo, pois rapidamente eles vestiram a máscara com expressão dolorosa.

Linda, tinha um detalhe a mais, sua cabeça estava enfaixada com gaze, o que a deixava com uma aparência muito cômica, pois ela fingiu algo semelhante ao soluço.

“Dorothy, você... você, o que mais posso dizer para você?”

Linda gaguejou, mas não conseguiu dizer nada coerente. No final, ela tocou a gaze e forçou algumas lágrimas, em seus olhos avermelhados de sangue, “de repente, você perdeu o controle e me atacou com o frasco de remédio. Eu não te culpo por isso. Eu não lhe eduquei direito, por isso você cometeu este crime horrendo. Não se preocupe, vou encontrar um bom advogado, para reduzir a sua sentença o máximo possível.”

Caleb acenou a cabeça em concordância: “Sim, isso mesmo! Agora, acompanhe a polícia e pode ficar tranquila. Somos uma família. Apesar de você ter agredido sua mãe e irmã, nunca permitiremos que você seja condenada à morte. Deve haver um outro jeito. Mesmo que não consigamos ajudá-la, ainda podemos contar com Credence. No máximo, você receberá alguns anos de prisão. Então, poderá ser livre e viver em segurança.”

Dorothy escutou o discurso hipócrita de seus pais adotivos. Eles obviamente queriam que ela sumisse do mapa o mais rápido possível, mas se continham em dizer uma mentira atrás da outra.

Desde o nascimento de Rosalie, eles ansiavam pela oportunidade para expulsá-la da família Fisher. No entanto, para manter a boa imagem da família, eles tinham que permitir que Dorothy ficasse. Por outro lado, eles a espancavam e a castigavam todos os dias. Eles sempre quiseram se livrar dela. Agora, eles diziam que arranjariam o melhor advogado para defendê-la... Será que seus pais achavam que ela era estúpida e conseguiriam enganá-la facilmente?

"Pai, mãe, muito obrigada!"

Dorothy sorriu sarcasticamente. Quando ela era mais jovem e ingênua, uma dor assolava seu coração sempre que escutava comentários sutis, mas cheios de veneno. Naquele momento, ela não se sentia mais assim. Ela não sentia mais dor.

Em seguida, ela desviou o olhar de Linda e Caleb, para observar Rosalie, que se aproximava em uma cadeira de rodas, e uma enfermeira a conduzia.

Rosalie estava com uma aparência terrivelmente pálida, mas de alguma maneira conseguia ficar na cadeira de rodas. Ela sorriu com afeto para o olhar gélido de Dorothy e disse: “Dorothy, eu sei que você não queria me empurrar. Você agiu de maneira impulsiva. Nós somos irmãs, não posso ficar parada e vê-la ir para a cadeia.”

“Dorothy, pode ter certeza de que eu vou fazer de tudo para você limpar seu nome, vou dizer à polícia e ao juiz exatamente o que aconteceu. Acredito que decidirão por uma sentença mais leve.”

Dorothy encarou a cadela pretenciosa que sua irmã era, e que proferia palavras doces em público. Ela vestia o casaco preto de Credence, enquanto enxugava as lágrimas de crocodilo com um lenço branco, o qual também pertencia a Credence.

Rosalie estava se exibindo na frente dela?

Por alguma razão desconhecida, Dorothy achou isso irônico e engraçado.

“Rosalie, eu me tornei uma assassina. Não era tudo parte do seu plano?”

“Durante estes últimos quatro anos, não teve um dia em que você não desejou o meu marido. Você sempre quis me ver morta. Agora, vem falar que vai ajudar a limpar meu nome? Você nem acredita nas próprias palavras, então por que eu deveria?”

“Dorothy, você acha que eu sou tão desprezível assim?”

Rosalie soluçou baixinho e não conseguia parar de tremer, como se tivesse sido muito injustiçada.

"Dorothy, Rosalie está fazendo isso para o seu próprio bem. Como você pode dizer isso sobre sua irmã?"

Linda encarou Dorothy com ferocidade, antes de correr para o lado de Rosalie. Ela estendeu a mão e gentilmente acariciou os ombros trêmulos da filha, “Rosie... Rosie, está tudo bem agora. Aqueles que ferem os outros acabarão sendo punidos”

Embora ela já estivesse acostumada com os maus tratos de Linda, ao vê-la ser tão maternal com Rosalie, parecia que o coração de Dorothy tinha sido apunhalado.

Tanto para a família Fisher quanto para Credence, ela sempre foi uma pessoa que não se encaixava e sobrava.

Ninguém a amava de verdade! Ninguém nunca se importou verdadeiramente com ela!

"Entre!"

Vendo que Dorothy estava meio nas nuvens, os dois policiais atrás dela gritaram severamente.

"Tudo bem."

Depois de recobrar os sentidos, Dorothy não continuou a olhar para aquela família que a queria pelas costas. Ela calmamente se recostou no assento da viatura e olhou a paisagem. Dorothy se surpreendeu ao se deparar com os olhos profundos e complicados de Credence, que estava próximo da janela do terceiro andar.

O rosto e os olhos de Credence, com os quais Dorothy havia fantasiado inúmeras vezes, estavam diante dela.

Em seus sonhos, todas as vezes ela a olhava e sorria docemente, como se ela fosse a menina dos seus olhos.

Não importa se o sonho era acolhedor, pois ao voltar para a realidade, ela seria destruída pela crueldade e indiferença do marido.

Ele não a amava. Ele nunca a amou!

Todo o sofrimento dela era culpa dele.

Dorothy imaginava já ter atingido o fundo do poço, mas vê-lo parado na janela foi outro golpe. Isso a fez desistir do seu amor por ele.

Amá-lo trouxe muita dor. Amá-lo foi o maior erro que ela já cometeu!

Se ela pudesse, desejaria nunca o ter amado!

Ela não sofreria mais se deixasse de amá-lo!

Dorothy deu um longo suspiro. Ela  piscou os olhos marejados e observou rapidamente o rosto de Credence.

......

Junto à janela da ala VIP do terceiro andar, Credence olhou para a viatura de polícia que saiu em alta velocidade. Logo o carro desapareceu ao virar a esquina, levando a mulher de semblante sereno.

Ele franziu a testa, pegou o celular e ligou para Marvin, que naquele momento estava no meio da floresta, “Marvin, você já lidou com todos os tipos de drogas proibidas no exército.  Existe alguma substância capaz de fazer a pessoa enlouquecer de repente, e minutos depois voltar a ficar completamente sã?”

Do outro lado, Marvin provavelmente estava em uma missão. Demorou um tempo até que ele atendesse a ligação.

Credence já estava ficando impaciente, então Marvin finalmente respondeu depois de uma longa espera: “Credence, pelo que eu sei, existe uma substância proibida chamada Mosemary. Uma dose de um mililitro é o suficiente para fazer dez elefantes enlouquecerem e tentarem matar uns aos outros. Mas, poucas pessoas têm o controle dessa droga. Também não é facilmente encontrada. O que aconteceu?”

"Nada. Eu posso lidar com isso."

Após obter a informação desejada, Credence desligou a chamada enquanto encara a tela do celular. Seus olhos estreitaram-se, ele refletia sobre o que Marvin acabara de dizer.

Dorothy provavelmente empurrou Rosalie pela janela por acidente, por estar sob influência do Mosemary. Desta maneira, ela seria acusa de tentativa de homicídio.

No entanto, com a família Fisher e sua riqueza de apenas cem milhões, era impossível eles terem acesso a tal droga proibida.

Quem estava ajudando a família Fisher?

Depois de um longo período em silêncio, Credence voltou a si. Ele olhou para cima, na direção da sala de emergências, na qual Rosalia era operada. Um brilho frio faiscou em seus olhos.

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