Naquela noite, Dorothy não dormiu bem. Talvez porque ela não estava acostumada a dormir em uma cama de solteiro.
Ainda meio adormecida, ela teve a sensação de que olhos apaixonados a encaravam, e dos quais ela não conseguia se livrar.
A princípio, ela imaginou que Ivana a observava do lado de fora das barras de ferro. Contudo, logo, Dorothy sentiu que havia algo de errado.
Aquele olhar permaneceu fixo nela por muito, mas muito tempo, sem vacilar.
Depois de engravidar, seu temperamento ficou instável e ela estava constantemente no limite.
Desde a confirmação da gravidez, há três meses, em Palm City, os enjoos matinais chegaram de forma sorrateira. Especialmente depois que ela foi para a prisão. Na sala de detenção, ela passava grande parte de seu tempo vomitando.
Não foi fácil para ela dormir durante a noite, mas quando se viu em uma situação complicada, a raiva começou a fervilhar dentro de si e pensou: “Quem diabos está lá fora? Essa pessoa vai me deixar dormir em paz ou não?”
Ela perdeu a paciência e abriu os olhos subitamente, "Quem está aí? É você Ivana?"
Em seguida, ela arregalou os olhos. Sua respiração cessou e seu batimento cardíaco parecia ter feito o mesmo. Era como se um raio a tivesse atingido, deixando-a congelada na cama de solteiro.
De repente, ela se deparou com um homem parado ao lado de sua cama. Ele vestia uma camisa e calças pretas, que combinavam com a cor do terno. Ele tinha traços magníficos, Dorothy pensou estar sonhando.
Mas, ela logo percebeu que não estava sonhando. De fato, Credence estava ao seu lado. Quando ele notou que ela havia aberto os olhos, seu olhar profundo e sombrio se desfez.
"Desculpe, eu acordei você."
Ele podia estar tentando se desculpar, mas não havia nenhum indício de desculpas em seu rosto calmo.
Dorothy se lembrou da época em que morou no quarto de hóspedes da mansão. Também já era tarde naquela época, mas a cena era semelhante, assim como a conversa. Ele estava lá a intimidando da mesma maneira.
Dorothy, sem pressa, se levantou da cama apoiando-se nos cotovelos. Ela zombou com uma expressão fria: “Credence, já que você sabia que iria me acordar, por que ainda está aqui me perturbando?”
Ele estava fazendo isso de propósito?
Ele achava que ela ainda era tão ingênua, e que o perdoaria, mesmo depois de tê-la machucado tanto?
O rosto de Dorothy estava tenso e inexpressivo. Suas palavras soaram ásperas e cheias de sarcasmo, além disso seu tom foi mais frio do que antes. Ela nunca tinha estado tão decidida como agora.
Era como se ele não fosse mais o homem que ela amara profundamente. Agora, Credence era mais um estranho, com o qual ela não estava familiarizada.
Credence não conseguia explicar o que ele sentia. Mas, o sentimento de tristeza aprofundava-se. Ele abaixou os olhos avermelhados e profundos, franzindo a testa. Ele ficou em silêncio por um momento, tentando suprimir sua ansiedade.
Ele olhou para Dorothy em silêncio e com atenção. Uma leve ternura estava enterrada no fundo de seus olhos.
Ele poderia dizer que tinha vindo visitá-la porque sentia falta dela.
Mesmo se ele dissesse isso, ela não acreditaria nele.
Naquele instante, pela primeira vez, Credence lamentou o modo como agira com Dorothy e como ele a desprezou todos estes anos.
Depois de uma pausa, ele balançou a sacola com comida, na frente de Dorothy e disse em tom ameno: “Acabei de sair do trabalho e resolvi vir até aqui. Ainda não jantei, gostaria que comesse comigo.”
Seu rosto parecia calmo e indiferente, mas era um pedido que não podia ser recusado.
Quando Dorothy ouviu o que ele dissera, foi como se não tivesse escutado direito. Ela balançou a cabeça gentilmente e recusou com firmeza.
“Sinto muito, mas sou apenas uma assassina que falhou. Não estou qualificada para jantar com você.”
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Amor Perdido
Bom dia, haverá atualização desse livro?...