O Amor Perdido romance Capítulo 97

Naquela noite, Dorothy não dormiu bem. Talvez porque ela não estava acostumada a dormir em uma cama de solteiro.

Ainda meio adormecida, ela teve a sensação de que olhos apaixonados a encaravam, e dos quais ela não conseguia se livrar.

A princípio, ela imaginou que Ivana a observava do lado de fora das barras de ferro. Contudo, logo, Dorothy sentiu que havia algo de errado.

Aquele olhar permaneceu fixo nela por muito, mas muito tempo, sem vacilar.

Depois de engravidar, seu temperamento ficou instável e ela estava constantemente no limite.

Desde a confirmação da gravidez, há três meses, em Palm City, os enjoos matinais chegaram de forma sorrateira. Especialmente depois que ela foi para a prisão. Na sala de detenção, ela passava grande parte de seu tempo vomitando.

Não foi fácil para ela dormir durante a noite, mas quando se viu em uma situação complicada, a raiva começou a fervilhar dentro de si e pensou: “Quem diabos está lá fora? Essa pessoa vai me deixar dormir em paz ou não?”

Ela perdeu a paciência e abriu os olhos subitamente, "Quem está aí? É você Ivana?"

Em seguida, ela arregalou os olhos. Sua respiração cessou e seu batimento cardíaco parecia ter feito o mesmo. Era como se um raio a tivesse atingido, deixando-a congelada na cama de solteiro.

De repente, ela se deparou com um homem parado ao lado de sua cama. Ele vestia uma camisa e calças pretas, que combinavam com a cor do terno. Ele tinha traços magníficos, Dorothy pensou estar sonhando.

Mas, ela logo percebeu que não estava sonhando. De fato, Credence estava ao seu lado. Quando ele notou que ela havia aberto os olhos, seu olhar profundo e sombrio se desfez.

"Desculpe, eu acordei você."

Ele podia estar tentando se desculpar, mas não havia nenhum indício de desculpas em seu rosto calmo.

Dorothy se lembrou da época em que morou no quarto de hóspedes da mansão. Também já era tarde naquela época, mas a cena era semelhante, assim como a conversa. Ele estava lá a intimidando da mesma maneira.

Dorothy, sem pressa, se levantou da cama apoiando-se nos cotovelos. Ela zombou com uma expressão fria: “Credence, já que você sabia que iria me acordar, por que ainda está aqui me perturbando?”

Ele estava fazendo isso de propósito?

Ele achava que ela ainda era tão ingênua, e que o perdoaria, mesmo depois de tê-la machucado tanto?

O rosto de Dorothy estava tenso e inexpressivo. Suas palavras soaram ásperas e cheias de sarcasmo, além disso seu tom foi mais frio do que antes. Ela nunca tinha estado tão decidida como agora.

Era como se ele não fosse mais o homem que ela amara profundamente. Agora, Credence era mais um estranho, com o qual ela não estava familiarizada.

Credence não conseguia explicar o que ele sentia. Mas, o sentimento de tristeza aprofundava-se. Ele abaixou os olhos avermelhados e profundos, franzindo a testa. Ele ficou em silêncio por um momento, tentando suprimir sua ansiedade.

Ele olhou para Dorothy em silêncio e com atenção. Uma leve ternura estava enterrada no fundo de seus olhos.

Ele poderia dizer que tinha vindo visitá-la porque sentia falta dela.

Mesmo se ele dissesse isso, ela não acreditaria nele.

Naquele instante, pela primeira vez, Credence lamentou o modo como agira com Dorothy e como ele a desprezou todos estes anos.

Depois de uma pausa, ele balançou a sacola com comida, na frente de Dorothy e disse em tom ameno: “Acabei de sair do trabalho e resolvi vir até aqui. Ainda não jantei, gostaria que comesse comigo.”

Seu rosto parecia calmo e indiferente, mas era um pedido que não podia ser recusado.

Quando Dorothy ouviu o que ele dissera, foi como se não tivesse escutado direito. Ela balançou a cabeça gentilmente e recusou com firmeza.

“Sinto muito, mas sou apenas uma assassina que falhou. Não estou qualificada para jantar com você.”

Ridículo!

Quando ele precisava de Dorothy, ela tinha que atender aos seus caprichos, sem questionar. Porém, quando ela precisava dele, onde que ele estava?

Ele a requisitava quando quisesse, então o que ele pensava que sua esposa era?

"Você me detesta?"

Credence fitou Dorothy. Ele estava cansado. Seus lábios pareciam se contorcer em um sorriso tão frio, que era chocante.

Ele colocou os dois pacotes de comida na mesa e avançou mais alguns passos. Agora, ele estava a menos de dez centímetros de Dorothy. Ele a olhou com indiferença e disse: “Você não gosta de mim e não me ama mais. Por quê? É por causa de Juelz?!”

Ela gritou: "O que isso tem a ver com Juelz?!"

Dorothy rugiu furiosa: “Credence, por que eu parei de gostar de você? Por que meu amor se transformou em ódio? Por que eu te odeio? Você realmente não sabe?”

Ele prendeu o queixo de Dorothy com seus dedos longos e gelados, curvou-se inalou o aroma dela. Ele encarou os olhos avermelhados sem vacilar, mantendo a calma, “Por que sua irmã, Rosalie, me odeia? Verdade seja dita, ela nunca foi um problema?”

Os olhos cristalinos de Rosalie pareciam abrigar o pânico em seu interior, assim como os olhos que ele vira alguns anos atrás. Era por isso que ele a tolerava ocasionalmente.

Contudo, ela era uma mulher que nunca havia lhe chamado tanta atenção. Ele nunca se sentiu excitado por causa dela. Como ela poderia atrair a atenção dele?

“Credence, você não se sente culpado ao dizer que Rosalie não é um problema?”

Dorothy riu com escárnio, “Você tentou me matar por causa de Rosalie, várias vezes. Se não fosse pela minha sorte, eu já teria morrido umas dez vezes. E agora, você me diz que ela não é um problema. Não percebeu com isso é ridículo? Você realmente acredita que eu sou a razão pela qual nós dois estarmos nesta situação?"

“Naquele dia, na sala de cirurgia, se Germaine não tivesse me trocado por um cadáver, provavelmente eu morreria naquela mesa de operação... Credence, diga-me, se eu morresse, você, como quem me arrastou para a sala de procedimentos, assumiria a responsabilidade? Enfrentaria a lei por causa deste ocorrido?”

Dorothy sorriu friamente para ele enquanto as lágrimas brotavam em seus olhos.

A expressão glacial de Dorothy expunha todo o ressentimento que ela sentia em relação a Credence, seu ódio por ele e a crueldade. Mas, nenhum sinal do amor por ele.

A frustração se adensou no coração de Credence. Ele estreitou os olhos, e por um momento, seu rosto elegante e encantador parecia estar devastado.

A dor de estômago foi ficando cada vez mais intensa. Não importava sua força de vontade, ele não conseguia mais conter um grunhido de dor. Credence soltou o queixo de Dorothy e pressionou seu estômago. Então, ele perguntou com uma voz rouca: “Você pode jantar comigo primeiro?”

Ao ver seu rosto ficar pálido devido ao desconforto, Dorothy percebeu que a gastrite deveria estar de volta.

Embora ela o odiasse por ser cruel com ela, não conseguia vê-lo sofrer diante de si. Ela acenou com a cabeça suavemente, mas não disse mais nada.

Na verdade, os dois eram completamente diferentes. Ele tinha nascido em berço de ouro, o homem mais poderoso e rico de Talco City. À medida que, ela era apenas uma detenta na delegacia. Havia uma grande diferença entre seus mundos. Ela não sabia mais o que dizer a Credence.

Ela observou como Credence se sentou ao lado dela. Ele abriu lentamente o pacote de fast food e pegou seus talheres. Ele começou a comer. De repente, Dorothy sentiu o cheiro de peixe cozinho e ela não conseguia mais controlar seu estômago que se revirava. Então, ela vomitou.

O cheiro azedo desceu por nariz indo para a garganta. Mais uma vez, seu estômago estava agitado...

"Ugh!" ela vomitou.

Dorothy suportou a sensação desagradável e se levantou da cama. Ela calçou os sapatos e cambaleou para o banheiro.

Quando ela se inclinou sobre o vaso sanitário e vomitou, o riso zombeteiro dele ecoou e penetrou em seus ouvidos.

Ele disse: “Dorothy, então você e Juelz têm um caso. Que bom, excelente!”

Cada palavra era como uma lâmina afiada, apunhalando o coração de Dorothy ferozmente.

Ela ficou deitada ali em transe e ergueu a cabeça. As lágrimas escorreram por seu rosto, quando ela o fitou permitiu que ele risse, e que seu coração se despedaçasse.

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