O Despertar da Rainha Militar Divorciada romance Capítulo 433

Os passos de Julius pararam tão abruptamente que parecia que o chão havia se movido sob seus pés. Ele olhou para Quinn, surpreso.

Será que ela não estava me rejeitando naquele sonho, mas implorando para que eu ficasse?

"Com o que você estava sonhando, Quinn?" ele sussurrou. "Como eu sou no seu sonho?"

O silêncio foi sua resposta; só o sossego do quarto permaneceu.

Quando Quinn finalmente se mexeu, o crepúsculo já vestia as janelas de bronze.

Ela piscou para o céu alaranjado, depois para o horário brilhando no celular, percebendo que tinha dormido por horas seguidas depois de terem feito amor.

No entanto, sua pele parecia recém-lavada, sem nenhum traço de suor grudado, o que significava que Julius havia cuidado dela.

O quarto estava em perfeita quietude, vazio, só ela ali.

Ué? Onde foi parar o Julius?

Quinn se levantou com cuidado, apoiada na muleta, e foi devagar saindo do quarto.

A sala de estar também estava silenciosa, e Julius não estava em lugar nenhum.

Ela passou pelo quarto de hóspedes, atravessou a sala de jantar, e por fim parou diante da porta do escritório.

No instante em que empurrou a porta, uma parede de fumaça a atingiu, áspera e inesperada.

O ar acre arranhou sua garganta. Ela tossiu duas vezes, levantou os olhos e viu Julius afundado na poltrona de couro, os dedos longos segurando um cigarro enquanto encarava a janela do chão ao teto.

Nenhuma luz acesa. Só o sol morrendo atravessava o vidro, espalhando um bronze suave sobre seus ombros e arrastando uma sombra longa pelo assoalho polido.

Quinn entrou. O cinzeiro na mesinha estava transbordando de bitucas, e ela franziu a testa. "Seu corpo ainda está se recuperando, e você está fumando assim sem parar? Quantos cigarros já fumou?"

"Ainda não," disse Julius, com a voz sem emoção. "Embora meu pai tenha sido afastado do núcleo da família Whitethorn pelo meu avô há muito tempo, ele ainda é um membro da família. E como já foi o segundo no comando, tinha muita gente sob ele. Eu só lidei com os seguidores que o apoiavam abertamente, mas quanto aos peões escondidos que ele plantou nas sombras, não faço ideia de quantos ainda restam."

Naturalmente, Quinn entendia as preocupações de Julius. Mesmo uma raposa esperta tem mais de uma rota de fuga, então imagine o quanto um homem como Joaquin poderia se esconder.

Se o mentor do incêndio planejou tudo, já teria traçado sua rota de fuga.

"Mas por que ele faria tudo isso?" ela perguntou, a frustração afiada em cada palavra. "Nada do que ele faz traz benefício algum pra ele."

Julius se aproximou, passos medidos, quase solenes. "Talvez ele quisesse provar que eu sou feito do mesmo tecido podre," disse. "Antes de meu pai conhecer minha mãe, ele e eu éramos iguais—desligados, à deriva, nada no mundo conseguia prender nossa atenção. A vida era um jogo, mas o jogo o entediava até que ela apareceu."

Quinn ouviu, em silêncio, enquanto ele buscava palavras com gosto de ferrugem.

"Depois que se apaixonou por minha mãe, a obsessão tomou conta. Ele a trancou em casa, cercou o lugar de seguranças, fechou todas as portas de fuga só pra tê-la só pra ele. No fim, ela morreu ali, e a perda o destruiu. Vovô o prendeu depois—pra me proteger—mas durante todos aqueles anos, ele repetia que eu sou seu filho, e por isso estou destinado a seguir seus passos. Ele odiava o vovô por tê-lo trancado por minha causa, mas acima de tudo, me odiava. Porque pra ele, eu era só a ferramenta que ele trouxe ao mundo pra manter minha mãe ao seu lado, mas no fim, nem assim conseguiu. Por isso, ele queria que eu sofresse como ele—ser privado da pessoa que amo, virar um louco como ele virou," disse Julius, com sarcasmo.

O tom dele continuava assustadoramente calmo, como se contasse a tragédia de um estranho, mas as palavras caíam sobre o peito de Quinn como blocos de granito, tirando-lhe o ar.