O Duque que me amava - Série Capman's, Livro 1 romance Capítulo 27

Lucian não via nada, nada além da terrível cena que se desenrolava diante de seus olhos. A espada transpassava o corpo delicado de sua doce Charlotte enquanto, atrás dela, Willian empunhava a lâmina com os olhos fixos no Duque.

Inicialmente não houve nenhuma fala, nenhum movimento. Os primeiros dois segundos foram como uma eternidade até que os dois cavaleiros voltaram a si e, enquanto Marcel corria em direção a floresta atrás de Willian, que havia corrido do local enquanto todos estavam em choque, Lucian corria até Charlotte em completo desespero.

Ele segurou seu corpo nas mãos, pressionando o ferimento que estava localizado abaixo do seio, no início do abdômen da ruiva. Suas vestes, já tão finas e de tor marfim, agora estavam banhadas de vermelho, cobertas pelo sangue que vertia de seu ferimento. Willian havia arrancado a espada antes de correr e isso havia piorado o estado da ruiva, o sangue jorrava e ali naquela floresta ninguém conseguia pensar num modo coerente de salvar a vida da pobre moça.

Lucian sentia seu coração despedaçado.

Implorava a todas as divindades existentes para que não tirassem seu amor dele, pedia a tudo o que era sagrado para que a vida não deixasse aquele corpo pequeno e frágil. Não se importava com Willian ou com Marcel, para ele, nenhum dos dois homens era tão importante quanto sua amada.

— Não... Não, não, não — ele sussurrava, pressionando o ferimento com uma das mão enquanto puxava o corpo dela para si com a outra, sentindo os olhos queimarem e as grossas lágrimas escorrerem por seu rosto. — Por favor, meu amor, não me deixe.

O pedido era sofrido, desesperado, era difícil para qualquer um ver aquele homem grande, forte e imponente implorar com tanto afinco por algo, chorar como uma criança sem consolo e se derramar ali sem vergonha alguma.

— Você é tudo para mim, se você se for, Charlotte, eu irei com você! — ele sussurrou com o rosto mergulhado nos cabelos dela. — Porque se você não estiver aqui, o sol já não irá aquecer minha pele, o brilho das estrelas jamais iluminará minha vida novamente, não sentirei o cheiro das flores ou sentirei o frescor da liberdade porque você é aquela que aquece meu coração, é a dona do melhor perfume de todos, você é minha liberdade, você é tudo… Não vá.

Então ele se ergueu, segurando-a nos braços com cuidado, seguindo em direção ao seu cavalo.

Todo o resto permaneceu em silêncio enquanto ele caminhava, com pressa, em direção ao animal, chegar a cidade era sua única esperança, levá-la até alguém que conseguisse, de alguma forma, ajudá-la era tudo o que ele poderia fazer, era a única coisa em que pensava.

— Duque! — Brista foi a primeira a se manifestar atraindo a atenção de todo o resto. — Espere um minuto, isto pode ajudar. — Então, abaixando-se um pouco, a loira arrancou parte do tecido que compunha seu vestido com maestria, levando somente alguns instantes para transformá-lo numa faixa. — Vai ajudar, mas precisa levá-la até o médico, eu irei com você.

Enquanto falava, Brista enrolava a fita ao redor do tronco da irmã, pressionando calma e analiticamente o ferimento. Diferente do Duque, que estava mergulhado num momento de sofrimento e desespero, a Capman do meu sabia que, ali, ela precisaria ser a voz da razão e da racionalidade. De nada adiantaria mais desespero e dor, Brista seria, como normalmente era racional e calculista, afinal, se acabasse levada por suas emoções sua irmã poderia morrer e eles já haviam esperado demais.

— Vamos — ela falou, ajudando o Duque a montar com sua irmã em seus braços e tomando para si um cavalo que sequer sabia de quem era. — Vocês! — ela chamou, de forma autoritária, os silenciosos e apáticos cavaleiros que pareciam já velar o corpo de sua irmã. — Procurem meu irmão e tirem essas expressões de pesar, minha irmã não está morta! Mexam-se! — Dito isto, iniciou a cavalgada, sendo seguida pelo Duque.

Enquanto os dois sumiam entre as árvores rapidamente, os demais homens voltaram a si, encarando com surpresa o comportamento centrado da jovem que, a essa altura, já havia sumido de vista.

— Ouviram a moça! — gritou Thommas. — Mexam-se!

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