Minha mãe me olha preocupada.
— Você irá na festa?
— Acho que não — digo, então me lembro como Hassan pode ser persuasivo. — Ahhh, não sei… Vou lá falar com ele.
Eu me armo de coragem e caminho em direção à sala. Logo que entro, me deparo com a cena de Hassan sentado confortavelmente no sofá de três lugares, a caixa com o vestido ao lado e em cima dela um estojo de veludo: o colar. Ele está conversando com meu pai.
Papai parece educado, mas sua cara é de “Essa cobra criada quer comer minha garotinha no jantar”, e eu estou abismada com a cara de pau de Hassan.
O lindo árabe vira a cabeça negra como carvão na minha direção, acho que pressentiu minha presença. Seus olhos negros fixam-se por um momento nos meus. Depois correm pela minha saia lápis que marca um pouco meu corpo e minha blusa branca rendada. Tento a todo custo me manter calma ante seu olhar examinador, mas estou falhando miseravelmente. Minha boca está seca e meu coração, descompassado.
Ele está elegantemente vestido com um terno sob medida de cor cinza-chumbo, a camisa de um cinza um pouco mais claro e gravata preta. Sinto meu rosto pegar fogo. Isso me irrita, meu corpo se comporta como o de uma adolescente insegura.
— Filha, o irmão de Raissa disse que vocês têm um jantar para ir. Você não nos falou nada a respeito — meu pai diz.
Hassan estuda minha expressão como se fosse a coisa mais normal do mundo estar sentado na minha sala para sairmos juntos.
— É que eu estava indecisa.
Meu pai assente sério para mim e encara Hassan, que se levanta e vem na minha direção.
— Espero que minha vinda até aqui acabe com sua dúvida. Gostaria muito que me acompanhasse nesse jantar — Hassan diz, exibindo seu lindo sorriso branco perolado.
Tenho vontade de bater em Hassan por me fazer passar tal constrangimento na frente do meu pai, mas consigo esconder meus sentimentos e sorrio.
— Muita gentileza de sua parte.
Meu pai olha de um para o outro.
— Com licença — ele diz educadamente e se afasta.
Eu encaro Hassan novamente. Ele se aproxima mais de mim, parando tão perto, que eu posso sentir o calor irradiando de seu corpo, e se inclina na minha direção. Meu coração suprime uma batida e dispara.
— Você fica sexy quando fica corada — ele diz no meu ouvido antes de beijar suavemente minha bochecha.
Arde-me a pele onde ele beijou. Quando ele se afasta, fixo meus olhos nos dele.
— Hassan, o que está fazendo aqui? — sei que pergunto o óbvio, mas quero ouvir dele uma explicação. — Pelo que saiba, não marcamos nada.
— Lembro-me que te fiz o convite para esse jantar, não foi? Inclusive te mandei pelo correio — ele diz, com certa ironia.
— Você sabe muito bem que não foi isso que você deu a entender quando foi na loja — digo, e cruzo os braços. — Por que não disse que vestido era para mim? Por que me fez pensar que eu estava fazendo-o para outra pessoa?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Egípcio
Muito bom, amei....