O Egípcio romance Capítulo 63

Hassan

Fico observando Karina adormecer. Quando ela dorme profundamente, digo na minha língua: “Eu te amo”.

Sem acordá-la, vou até as velas e as apago com sopros. Deito-me novamente e aos poucos sou vencido pela sensação de relaxamento, que, unida ao cansaço do dia, me faz pegar no sono.

Só acordo no dia seguinte, e estico meu pescoço para ver as horas.

Nove horas da manhã.

Karina

Aos poucos abro meus olhos e entro na minha nova e linda realidade. Hassan está olhando para mim. Quando nossos olhos se encontram, ele sorri.

— Precisamos levantar.

Eu sorrio para ele.

— Eu sei.

— É só nos trocarmos e irmos, as malas já estão no carro desde ontem.

— Não vejo a hora de conhecer sua terra.

Hassan abre mais o sorriso.

— Então chega de preguiça. Se troque, tomaremos um café reforçado e partiremos.

Eu assinto, mas não me movo da cama. Ainda não estou acostumada com a minha nudez na presença de Hassan.

— O que foi?

As únicas diferenças entre as estações são variações de temperaturas diurnas e mudanças nos ventos.

Minha mala tem roupas, na medida do possível, discretas, para não despertar a atenção das pessoas.

Então sem bermudas, shorts, minissaias, blusas ou vestidos com muito decote e braços muito descobertos.

Há! Há! Há! Quem disse que isso tem no meu guarda-roupa? Só tenho alguns vestidos assim que separei para usar com meu marido, só para ele.

Por isso escolhi um caftan de tecido leve e larguinho. Ele é todo preto. Hassan desaprovou minha escolha, me explicou que essa roupa aqui é considerada decente, mas no Egito eu me sentiria exposta. Ele queria comprar de todo jeito abayas para mim, mas eu recusei. Achei isso um exagero.

Duvido que as turistas andam com um camisolão no Egito.

Então, na mala que eu tinha feito (previamente), estou levando bastantes saias, vestidos longos que combinam com cardigãs. Achei bem conveniente, não vou passar calor nem frio, estarei superadequada ao local.

Ficaremos mais ou menos quinze dias no Egito ou mais… não sabemos ao certo. Depende dos nossos ânimos, acho que mais o meu do que de Hassan, pois sei que ele irá se sentir muito à vontade lá.

Ele acredita piamente que em contato com sua família, com suas tradições, eu voltarei diferente, aceitarei mais o homem que ele é, o entenderei mais. Eu estou feliz por isso, acredito que o conhecimento nos liberta, pois nos faz perceber muitas coisas.