O estrangeiro romance Capítulo 59

Os meses passaram. Der repente eu já tinha 18 anos e pedia — enquanto assoprava as velas do bolo que minha mãe fez — que meus pais aceitassem meu relacionamento com Hunter.

Um ano se passou desde a sua chegada, eu não era mais a Charlie de antes, vivi coisas que me fizeram a amadurecer anos em pouco tempo. Mas foi quando o dia da formatura chegou que eu pude ter certeza que os dias na casa dos meus pais estavam acabando e eu provavelmente iria para a faculdade em outro estado. Pensar nisso fazia meu coração arder.

— Tem certeza que não esqueceu nada? — Perguntou minha mãe.

— Sim, tudo já está no carro.

— Vou pegar sua mochila! — Ela fala correndo para fora do carro.

Olho meu reflexo no espelho, eu usava a beca azul da escola e um chapéu de formatura. Lembrei-me do primeiro dia de aula, eu nunca esqueceria pois foi quando minha mãe fez um escândalo na porta da minha sala enquanto eu corria para os braços da professora.

Imaginar o meu futuro fazia minha cabeça dar voltas, não pensei que a formatura fosse chegar tão rápido.

— Aqui está, vamos? — Mamãe pergunta.

Fomos para o carro, já estávamos atrasados para a cerimônia. Chegamos em frente à escola e fomos direto para o auditório, encima do palco já estava Adam fazendo seu discurso. Subi no palco segurando os lados para não tropeçar na beca e me posicionei ao lado de Emma.

— Pensei que não viria mais. — Sussurrou ela.

— Foi por muito pouco, mas cheguei.

— Não perdeu nada, Adam está falando a quase trinta minutos, minhas pernas já estão doendo de estar de pé.

Não pude conter o riso, a nossa professora fez uma cara feia, eu e Emma paramos.

— Quando os tempos ficarem difíceis e o medo se instaurar, pense naquelas pessoas que abriram caminho para você, e naquelas que estão contando com você para abrir o caminho para elas. — Ele olha para o papel no púlpito. — Nunca deixe que a insegurança ou o medo ditem o curso da sua vida. Segure firme nas possibilidades e se projete para além do medo. Apegue-se à esperança que o trouxe aqui hoje, a esperança de trabalhadores e de imigrantes, de colonos e escravos, cujo sangue e cujas lágrimas construíram esta comunidade e possibilitaram que vocês se sentassem nessas cadeiras.

Ele olha para nós.

— É com muito prazer que eu apresento a vocês a turma de formandos deste ano.

As pessoas levantam e aplaudem, minha mãe parecia a mais emocionada dentre todas as outras pessoas. Senti meus olhos serem encharcados, não pude conter quando vi Emma enxugar suas lágrimas. Puxei ela para um abraço, finalmente os anos no colégio acabaram.

[...]

A festa em comemoração à nossa formatura foi como os alunos do clube da formatura desejaram. O salão da escola estava enfeitado com a cor da escola azul e amarelo, no meio do salão os alunos dançavam com seus pares e uma banca foi contratada pela escola. Eu permanecia entediada na mesa com meus pais, o vestido vermelho tomara-que-caia estava apertado e meu cabelo não estava bonito, eu nem ao menos tinha um par.

— Anime-se querida, é sua formatura. — Papai tenta.

Continuo passando a ponta do dedo na borda da taça.

— Estou tentando, mas tudo aqui parece sufocante.

Puxo mais uma vez o vestido para cima, por conta dos meus seios não serem tão avantajados, o vestido praticamente deslizava para a cintura caso eu não puxasse.

Olho para Emma, ela parecia tão feliz nos braços de Adam, eles começaram um namoro após ela se mudar para a casa de sua avó. Eu sabia o que me faltava, ver todos aqueles casais me lembrava Hunter, desde o dia que ele descobriu que não seria pai nós não tivemos um momento a sós.

— Vou buscar algo para comer. — Digo.

Caminho dentre os casais até a mesa de comida, nada parecia tão apetitoso. Olho para o arroz com passas, me pergunto se um dia poderei estar com Hunter igual aos outros casais.

Uma mão agarra meu pulso.

— Acha mesmo que eu iria perder você de beca? — A voz familiar parecia fazer carícias ao meu ouvido.

Levanto meu olhar, era ele, estava de frente para mim esperando que eu demonstrasse qualquer reação.

— Hunter...

— Venha comigo.

Ele me puxa para os corredores da escola, com as luzes baixa no salão provavelmente ninguém nos viu. Fomos para o corredor onde ficava o quartinho de limpeza, quase ninguém ia lá. Hunter se encosta na parede e me puxa para mais perto.

— Eu vi tudo, na verdade desde que você chegou toda atrapalhada.

O sorriso dele me acalmou, por um momento senti vontade de chorar.

— Eu pensei que você não viria.

Ele coloca suas mãos no meu rosto.

— Estou aqui.

— As coisas não tem sido igual desde aquele dia...

— Eu precisava de um tempo, não queria te envolver nisso. — Ele levanta meu queixo — não queria atrapalhar sua felicidade.

— Não faça mais isso.

Ele assentiu.

Os lábios de Hunter estavam quentes, a sua língua adentrou minha boca e eu me senti acalentada. Der repente, meu coração acelerado parou e era somente eu e ele. Hunter me puxou para mais perto, parecia que queria fundir nossos corpos, eu senti sua vontade crescer na minha barriga.

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