Charlie narrando:
Eu jamais esqueceria a forma que Hunter olhou para mim. Passei a noite inteira pensando no que podia ter acontecido se ele chegasse antes, no que poderíamos ter sido caso ele simplesmente me ligasse assim que eu tivesse saído da faculdade ou até mesmo antes.
No fim, nada importou.
Eu estava noiva de outro e Hunter provavelmente estava mais magoado que eu.
No domingo, enquanto Nicolas falava de forma animada sobre nossa lua de mel durante o café da manhã, eu sentia o peso na consciência me consumir. Ele nem ao menos sabia que eu trouxe alguém para a minha casa na noite anterior. Pelo menos ele não me viu desmanchar em lágrimas durante e noite inteira.
— Charlie? — Chama Nicolas. — Está bem? Parece não prestar atenção no que digo.
Balanço a cabeça.
— Não é nada. Estou um turbilhão com a chegada do casamento.
Ele sorrir de forma doce — não precisa ficar nervosa, estaremos lá juntos.
Beijar os lábios dele me deixava enjoada, meu estômago revirava. Nicolas não merecia o que fiz, eu não o merecia.
— Penso que sei o que pode te animar... — ele sorrir malicioso.
Seus beijos ficaram mais intensos e a vontade de correr de lá aumentava. O empurro com delicadeza e sorrio amarelo.
— Não estou pensando nisso agora, amor.
Nicolas sabia reagir bem a isso, ele nunca me forçou a nada, parecia o homem perfeito. Mas agora, a forma como ele me olhava me fez pensar que ele sabia sobre Hunter, sobre ele ter enfiado seus dedos em mim na bancada que ele apoiava sua caneca.
— Tem certeza?
Assinto.
Mais tarde quando ele foi embora, pude me martirizar o suficiente por tê-lo traído daquela maneira.
[...]
As visitas ao meu vestido de noiva eram sempre animadas, mas hoje, numa segunda de manhã depois de tudo que aconteceu eu sentia meu estômago revirar enquanto chegávamos mais perto da loja.
Minha mãe e a mãe de Nicolas me acompanhavam fielmente desde a primeira prova, foram elas que me fizeram optar por um vestido mais armado com as mangas longas.
Viviane, a costureira, já esperava por (nós) ansiosa. Nós entramos e eu solto um longo suspiro.
— Dei os últimos ajustes no seu vestido. Acho que agora vai cair feito uma luva! — Indagou ela com um sorriso de orelha a orelha.
— É tudo o que mais queremos. — Murmurou minha mãe.
Fui para o provador. Viviane me ajudou com todas aquelas camadas de tecido, por um momento pensei que meus braços não fossem passar pelas mangas. No fim deu tudo certo, quando virei para olhar no espelho eu me sentia bonita, o vestido estava perfeito, mas algo dentro de mim persistia em me incomodar.
Balanço a cabeça.
Eu iria me casar com um homem atencioso, bonito, gentil, um homem que não tem nenhuma tatuagem no corpo e que nunca levou um tiro por mim.
Passo as mãos no rosto.
— Não está se sentindo bem? — Perguntou Vivian. — Quer que eu faça mais algum ajuste?
— Não. Não tem nenhum problema com o vestido, na verdade, o problema sou eu.
Ela passa suas mãos na minha costa.
— É normal se sentir assim, mas devo ressaltar que está linda. — Encorajou. — Vamos mostrar a elas.
Saio do provador recebendo aplausos. Minha mãe e Lídia — a mãe do Nicolas — finalmente entram em concordância que o vestido realmente ficou bom em mim.
— Então? — Finalmente solto a barra do vestido.
— Você está perfeita! — Minha mãe fala.
— Não achei que fosse ficar tão perfeito.
Viro e encaro meu reflexo no espelho, eu parecia uma princesa de contos de fadas, mas com o olhar triste.
— Você e Nicolas são tão bonitos juntos, imagino quando vierem as crianças. — Disse Lídia.
— Não estamos pensando em filhos.
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