O estrangeiro Capítulo 64

Anos depois…
Os primeiros anos na faculdade de publicidade foram os mais difíceis, mas depois que eu finalmente conheci outras pessoas as coisas foram mais divertidas. Eles me fizeram observar o lado bom da vida sozinha, eu podia dormir a hora que quisesse, beber, fazer sexo casual com os veteranos ou até mesmo me tatuar, mas até agora eu só tinha três espalhadas pelo corpo, uma no antebraço, outra na clavícula e a mais arriscada de todas: a borboleta tribal acima do bumbum.
Não falei com Hunter durante todo esse tempo, mesmo depois de já ter finalizado meu curso. Eu tinha curiosidade de saber como estava sendo na Alemanha ou que rumo sua vida havia tomado, porém, eu nunca mais o procurei, mesmo após sair da faculdade.
Agora eu trabalhava em uma revista sobre artigos de moda e dividia um apartamento com meu velho companheiro Bob e meu noivo Nicolas. Meu emprego não era dos melhores, mas eu conseguia me manter, estava feliz por finalmente minha vida ser apenas minha.
Em geral, a parte mais difícil foi a separação dos meus pais, fiquei arrasada, mas depois entendi que para tudo há um fim, eu era a prova viva disso.
— O que acha desse panfleto? — Mary pergunta segurando um papel nas mãos.
Observo o papel por alguns instantes, ela sempre pedia minha opinião após finalizar um projeto.
— Está ótimo, Mary. Mas suponho que você deveria deixar o nome do restaurante em maior evidência.
Suspiro e volto a trabalhar.
Às sextas eram mais corridas, geralmente era o último dia de prazo para entregar os projetos, e eu era a mais requisitada na minha empresa.
Olho meu relógio, faltavam apenas alguns minutos para o fim do meu turno.
Hoje seria um dia especial, eu e Emma sairíamos para beber em um bar próximo à casa dela. Depois que ela voltou do intercâmbio, abriu uma loja de roupas situada na melhor rua da nossa cidade, a loja dela era visitada por celebridades e vivia na capa da revista que eu trabalhava.
Finalmente pude sair.
Chegando em casa coloquei ração para o Bob e procurei pelo melhor vestido que tinha, nenhum se comparava ao vermelho com uma fenda atrás, mas ainda estava na lavanderia. Peguei o preto básico, coloquei uma meia por baixo e uma bota, pois estava frio. Olhei meu reflexo no espelho e baguncei meu cabelo que estava agora castanho e curto.
Meu celular vibra, era o Nicolas.
— Já está prestes a sair? — Perguntou ele.
— Sim. Estou atrasada.
— Você sempre está, querida — ele rir. — Amanhã vou busca-lá para almoçar, por favor não fique muito bêbada.
— Vou tentar.
— Minha mãe vai estar lá.
Suspiro.
— Prometo não ficar de ressaca amanhã.
— Ótimo! Nos vemos amanhã.
Saí de casa e fui para o apartamento de Emma.
— Charlie, você está linda! — Emma diz após abrir a porta para mim.
Emma usava um belo vestido azul de lantejoulas, seu rosto não mudou, mas a sua vida sim.
— Imagina, você que deve ser celebrada hoje, afinal é seu aniversário.
Abraço ela e dou-lhe um beijo em sua testa.
— Senti tanta saudade de você — ela segura minhas mãos. — Adam vai conosco para o bar.
— Ótimo!
— E o Nicolas?
— Ele teve que ficar até mais tarde no escritório, você sabe como é.
— Melhor ainda. — Ela solta uma piscadela.
— Emma...
Emma pega sua bolsa e nós saímos de sua casa, Adam viria nos buscar. Do lado de fora ela estende um cigarro para mim e acende outro para ela. O vento frio fazia minhas bochechas arderem.
— Esses anos te fizeram muito bem. ─ Ela me analisa.
Olho-lhe com ternura.
— Ainda parecemos as mesmas de antes, Emma.
— Não — ela balança a cabeça —, ainda bem que não. Sente falta?
De morar com meus pais? Não, nunca. — Espiro a fumaça de nicotina.
— E do Hunter?
Quase engoli o cigarro. Fazia tempo que eu não ouvia aquele nome.
— Hunter faz parte da minha adolescência.
— Lembro-me, você dizia que a primeira coisa que faria após sair da faculdade era procurar
Balanço a cabeça.
— Onde quer chegar, Emma?
— Se eu fosse você iria querer saber por onde ele anda.
Respiro fundo.
Já tinha pensando antes sobre, mas nunca afundo. Eu sabia de meus adormecidos por Hunter, porém eu não sentia necessidade de ir atrás dele, acredito que ele pensava o mesmo, pois nunca procurou por mim também. Tinha o Nicolas
Adam finalmente chegou e eu pude me livrar da conversa.
— Para aonde vamos? — Pergunto.
— A um bar longe daqui que meu amigo indicou. — Emma diz do banco do carona.
— Ele disse que tem uma bebida que está famoso por lá. — Adam continua.
Dou de ombros.
O percurso foi longo, quando eu estava prestes a dormir no banco de trás Adam finalmente estaciona.
— Não pode dormir agora, Charlie. Vamos nos divertir! — Adam encoraja.
Saímos do carro.
de fora havia uma grande placa brilhante com o nome do tal bar, não dei importância, queria entrar, pois, minhas mãos estavam congelando. Do lado de fora tinha muitas pessoas, mas do lado de dentro era pior. Não havia mais mesas disponíveis e o espaço estava apertado, realmente o bar era um
— Suponho que deveríamos ir para outro lugar. —
Emma olha-me e balança a cabeça.
eu quero provar a bebida que estão todos
seus dedos nos de Adam e segura a minha mão me puxando dentre a multidão. Sou arrastada até o bar, Emma não se preocupou em esbarrar nas pessoas, eu ia pedindo desculpa
Por deus, Emma. Aquela mulher me xingou de mil coisas diferentes. — Passo as mãos nos fiapos de cabelos soltos na minha
Ela deu de ombros e sorrio.
Boa noite, o que vão querer? — Perguntou o empregado de bar
aquela bebida popular daqui. —
— O drink Charlie?
Contraio o cenho.
coincidência, é o nome da
barman olha de relance para mim, eu respondo com sorriso tímido torcendo para ele não perceber minhas
cutucou com o cotovelo e eu dei um leve
Quereremos três, por favor! ─ Respondo por
— Não deveria fazer isso, Emma!
Vamos fingir que hoje é sua despedida de
uma mesa liberada e minutos depois as bebidas chegam. Era azul com uma azeitona no fundo. O gosto era melhor que a aparência, não hesitamos em pedir
você é muito gostosa, com todo respeito. — Adam
Mostro a língua para ele.
pessoa que inventou essa bebida tem que ir de escada rolante para o céu, eu