O estrangeiro Capítulo 67

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Charlie narrando:

Eu jamais esqueceria a forma que Hunter olhou para mim. Passei a noite inteira pensando no que podia ter acontecido se ele chegasse antes, no que poderíamos ter sido caso ele simplesmente me ligasse assim que eu tivesse saído da faculdade ou até mesmo antes.

No fim, nada importou.

Eu estava noiva de outro e Hunter provavelmente estava mais magoado que eu.

No domingo, enquanto Nicolas falava de forma animada sobre nossa lua de mel durante o café da manhã, eu sentia o peso na consciência me consumir. Ele nem ao menos sabia que eu trouxe alguém para a minha casa na noite anterior. Pelo menos ele não me viu desmanchar em lágrimas durante e noite inteira.

— Charlie? — Chama Nicolas. — Está bem? Parece não prestar atenção no que digo.

Balanço a cabeça.

— Não é nada. Estou um turbilhão com a chegada do casamento.

Ele sorrir de forma doce — não precisa ficar nervosa, estaremos lá juntos.

Beijar os lábios dele me deixava enjoada, meu estômago revirava. Nicolas não merecia o que fiz, eu não o merecia.

— Penso que sei o que pode te animar... — ele sorrir malicioso.

Seus beijos ficaram mais intensos e a vontade de correr de lá aumentava. O empurro com delicadeza e sorrio amarelo.

— Não estou pensando nisso agora, amor.

Nicolas sabia reagir bem a isso, ele nunca me forçou a nada, parecia o homem perfeito. Mas agora, a forma como ele me olhava me fez pensar que ele sabia sobre Hunter, sobre ele ter enfiado seus dedos em mim na bancada que ele apoiava sua caneca.

— Tem certeza?

Assinto.

Mais tarde quando ele foi embora, pude me martirizar o suficiente por tê-lo traído daquela maneira.

[...]

As visitas ao meu vestido de noiva eram sempre animadas, mas hoje, numa segunda de manhã depois de tudo que aconteceu eu sentia meu estômago revirar enquanto chegávamos mais perto da loja.

Minha mãe e a mãe de Nicolas me acompanhavam fielmente desde a primeira prova, foram elas que me fizeram optar por um vestido mais armado com as mangas longas.

Viviane, a costureira, já esperava por (nós) ansiosa. Nós entramos e eu solto um longo suspiro.

— Dei os últimos ajustes no seu vestido. Acho que agora vai cair feito uma luva! — Indagou ela com um sorriso de orelha a orelha.

— É tudo o que mais queremos. — Murmurou minha mãe.

Fui para o provador. Viviane me ajudou com todas aquelas camadas de tecido, por um momento pensei que meus braços não fossem passar pelas mangas. No fim deu tudo certo, quando virei para olhar no espelho eu me sentia bonita, o vestido estava perfeito, mas algo dentro de mim persistia em me incomodar.

Balanço a cabeça.

Eu iria me casar com um homem atencioso, bonito, gentil, um homem que não tem nenhuma tatuagem no corpo e que nunca levou um tiro por mim.

Passo as mãos no rosto.

— Não está se sentindo bem? — Perguntou Vivian. — Quer que eu faça mais algum ajuste?

— Não. Não tem nenhum problema com o vestido, na verdade, o problema sou eu.

Ela passa suas mãos na minha costa.

— É normal se sentir assim, mas devo ressaltar que está linda. — Encorajou. — Vamos mostrar a elas.

Saio do provador recebendo aplausos. Minha mãe e Lídia — a mãe do Nicolas — finalmente entram em concordância que o vestido realmente ficou bom em mim.

Então? — Finalmente solto a barra do

Você está perfeita! — Minha mãe fala.

Não achei que fosse ficar tão perfeito.

Viro e encaro meu reflexo no espelho, eu parecia uma princesa de contos de fadas, mas com o olhar

Você e Nicolas são tão bonitos juntos, imagino quando vierem as crianças. —

— Não estamos pensando em filhos.

Como não? — Ela franze o

— Com o meu sucesso na empresa e o cargo do Nicolas no hospital tenho certeza que não teremos tempo para isso.

Bobagem! Você pode largar, não precisa trabalhar tanto tendo um cardiologista como marido. — Argumentou ela.

olhos azuis de minha mãe revirarem nas órbitas.

— Lídia, pare de insistir!

Você está com inveja, pois ela passará mais tempo comigo do que naquele seu apartamento mofado!

Minha mãe arregala os olhos e se levanta.

— Pois fique sabendo que meus netos terão mais educação que você! — Rebateu.

Vejo às duas discutindo. Sinto meu estômago revirar ainda mais. Vivian olhou-me como se sentisse pena.

— Grito. — Já estou tão cheia. Vocês duas não param de brigar por causa desse casamento

descia e subia em fúria. Não suportei ficar naquela sala, se a minha vida de casada me fizesse sentir assim eu não queria mais

no vestido que usava ou nelas que ficaram no ateliê, eu simplesmente saí correndo pelas ruas, tampouco me importei com o

pessoas olhavam para mim, como se eu fosse uma noiva que acabará de fugir do altar. Embora

táxi e fui para o primeiro lugar que

portas estavam fechadas, era cedo demais para estar aberto. Formo conchas com as minhas mãos e tento ver do outro lado do vidro, não havia ninguém. Então me senti uma idiota. A adrenalina já acabou, agora eu passava frio do lado de fora, e me perguntava por que estava

repente uma sombra aparece, estava cada vez mais próxima até essa sombra ganhar a forma do Hunter. Ele me fitou dos pés

— Charlie? — Seu cenho franziu.

— Por favor, me deixe entrar.

pensou duas vezes ao me ver quase congelando do lado

colocou sua mão sobre meu ombro e nós caminhamos até seu apartamento na parte de cima. Dentro estava quente eu quase gemi ao sentir o calor aquecendo minhas

Você está maluca? — Ele coloca um cobertor sobre mim. — Podia ficar

vez ele ousou olhar para meu vestido, então simples fitou o

sinto como se o nó na minha garganta só aumentasse à medida que os dias se passam. — Digo. — Essa sensação aumentou depois que nós reencontramos. Depois de ontem eu só consigo pensar no que poderíamos ter sido, no que podemos

Ele piscou algumas vezes. Completamente estático.