O Labirinto de Amor romance Capítulo 130

Guilherme deixou passar um sinal de comoção em seu rosto sombrio. Eu o entendia demais. Uma pessoa que vivia em meio à falta de amor precisava de carinho, e também estava disposta a dar carinho aos outros.

As palavras de Lúcia tocaram no ponto fraco dele. Ele era solitário desde pequeno, e por mais que o vovô o mimava, não era possível preencher o vazio de coração.

A amizade de Felipe, a dependência de Lúcia, era o que ele queria.

Às vezes, ser precisado, também era uma forma de amor.

Eu fiquei de lado em silêncio, observando o carinho que ele tentava conter, a comoção em seu olhar, e eu soube, todo o meu esforço foi em vão.

Voltando do cemitério para o centro, nós nos mantivemos em silêncio o caminho todo. Parecia ter ligado o modo silencioso dentro do carro além dos soluços de Lúcia.

Num cruzamento, eu falei indiferentemente:

- Pode me deixar na próxima esquina, eu volto sozinha daqui a pouco!

- Onde vai? - perguntou Guilherme franzindo o cenho.

Eu forcei um sorriso aparentemente carinhoso e falei:

- Vou dar uma volta por aí, Esther quer comer manga, vou levar um pouco para ela.

- Eu vou com você.

- Não precisa!

Eu percebi que minhas emoções estavam descontroladas, então abaixei o tom e disse:

- Pode me deixar aqui, é perto do hospital e não vou me perder. Você pode ir levar a Srta. Lúcia para a casa primeiro, e depois... Venha me procurar.

Ele apertou os lábios e hesitou por um instante antes de concordar, me fazendo suspirar de alívio.

Descendo do carro, eu me despedi deles com o sorriso terno, como se tudo estivesse normal.

Vendo o seu carro se afastar, eu comecei a sentir tontura e meu peito começou a doer como se estivesse sendo dilacerado.

Coloquei a mão no bolso querendo pegar o celular para ligar ao John, mas percebi que ele tinha sido jogado na água ontem.

Seguindo na calçada, eu andei oscilante.

O sol estava forte no céu, mas eu sentia frio me congelando por dentro. Fiquei sem forças depois de alguns passos, e acabei me sentando na beira da calçada, enterrando a cabeça nas pernas.

As lágrimas desciam pelo meu rosto incontrolavelmente. Eu era fraca, não era nada demais, mas eu estava tendo uma reação grande dessas.

O sol estava me deixando tonta, e olhando para John em minha frente, achei que era ilusão da minha cabeça, e falei:

- John, sinto algo entupido no peito.

- O que aconteceu? Você vai passar mal se continuar debaixo desse sol! - ele me disse em voz alta, me puxando para dentro do carro.

Envolta pelo ar condicionado do carro, eu voltei a mim mesma, olhando ao redor.

- O que você está fazendo aqui?

Ele puxou uns lenços de papel úmido para mim e disse:

- Vim ver Esther, e te vi aqui morrendo debaixo do sol, limpe o rosto!

Peguei os lenços e limpei a cara, ficando mais consciente. Só então reparei na pessoa que estava ao lado da direção.

- Sr. Enzo também está aqui?

- Passei por acaso. - Enzo disse me olhando de cabeça torta. - O que aconteceu para você estar chorando no meio da rua de barrigona?

Eu apertei os lábios e mudei de assunto, olhando para John:

- John, vamos ver Esther depois, me leve a um lugar primeiro!

- Aonde?

- Comprar celular, o meu quebrou!

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