“Qual é o nome da sua mamãe?” Uma frieza penetrou na voz de Abel.
Alguma mulher intrigante está tentando me incriminar!
“Emília Louise.”
Quem?
Abel balançou a cabeça. Ele tinha certeza de que não a conhecia.
Enquanto isso, Emília voltou para o café onde trabalhava e estacionou o Porsche na garagem. Ela acabou de colocar o avental quando ouviu alguém chamar o seu nome freneticamente.
“Emília!” Uma voz agitada veio da porta. “O que diabos você fez para ofender a família Ryker? Papai está furioso! Devemos voltar para casa agora porque essa gente irá agir contra nós!”
Esse que falava era Erick, seu irmão mais velho.
Aparentemente, ele correu e estava sem fôlego.
“Fui expulsa há cinco anos. Não vou voltar!”
“Mas… Papai disse que se eu não trouxer você de volta comigo, ele vai me tirar dos negócios da família!”
“Que seja! Isso não é uma coisa ruim!” Emília não estava disposta a poupar os sentimentos do irmão. “Pelo menos você não precisará ver a cara daquela mulher miserável!”
“Mas, esse emprego é o que sustenta a minha família”, Erick lamentou. “Se eu for excluído, morreremos de fome!”
“Não seria muito melhor se você abrisse sua própria empresa?”, ela respondeu irritada. “Você não morrerá de fome, não com todas as suas redes e contatos!”
“Onde vou encontrar tanto capital? Aquela mulher controla todos os bens do papai!”
“Pedirei ao banco que lhe adiante um empréstimo!”, Emília retrucou impaciente. “Já te disse mil vezes para não esperar nada dessa gente, mas você nunca me ouve!”
“Ah, tá! Acha que o banco vai adiantar um empréstimo só porque você pediu? Quem pensa que é?”
“Cinquenta mil é suficiente?” Ela pegou o telefone. “Meu colega acabou de se tornar presidente de um banco. Conseguirei isso para você.”
“Claro que é!” Curiosamente, Erick pareceu bastante assustado de repente. “Mas, e se o empreendimento fracassar? Preciso descobrir o que usar como garantia.”
Emília estava prestes a dizer que arcaria com os custos quando seu telefone tocou.
A ligação vinha de um número desconhecido.
“Nightfall Café. O que você gostaria de pedir?”
Uma voz fria respondeu: “Seu filho está comigo.”
“Que golpe amador. Não vou cair nessa!” Emília desligou e estava prestes a retomar a conversa com o irmão quando o telefone tocou novamente.
“Ei, golpista, escuta aqui…”
“Sou Abel Ryker!”
Emília estava prestes a dar uma boa bronca no rapaz, mas, quando ouviu o seu nome, seu coração parou por um momento.
É ele! Esse cara finalmente apareceu!
Já se passaram cinco anos desde que ela deu à luz e ainda não tinha a menor ideia de como ele era pessoalmente.
Será que meus filhos se parecem realmente com ele?
“Onde você está?” O tom de Emília era igualmente frio.
Abel não gostou nada de ser confundido com um golpista. Com um pouco de raiva, ele respondeu: “O menino estava com fome. Ele está comendo no Burger King perto do aeroporto!”
Só então ela percebeu que Heitor não estava lá em cima.
Argh! Esse pirralho quis resolver o problema com as próprias mãos novamente!
Ela encerrou a ligação e estendeu a mão para Erick, exigindo: “Me dê as chaves do Phaeton!”
“Para que você quer meu carro velho e surrado?”
“Estou em uma situação de emergência!” Emília pegou as chaves, jogou o avental no balcão novamente e saiu correndo pela porta.
Quarenta minutos depois, ela chegou ao Burger King.
Ao abrir a porta de vidro, ela viu Heitor sentado em uma das mesas, mastigando alegremente um hambúrguer.
Suas perninhas gordinhas balançavam descuidadamente.
Sentado ao seu lado, estava um homem de terno preto. Sua presença era tão imponente que Emília quase fechou a porta e recuou lentamente.
Nossa!
As sobrancelhas dela franziram.
Esse cara parece ter pelo menos um metro e oitenta de altura e seu físico indica que ele recebeu treinamento nas forças militares especiais.
Seu semblante é tão bonito e seu comportamento é tão aristocrático!
Parece que meus filhos herdaram os genes perfeitos do pai! Não admira que todos sejam tão lindos!
“Você é a mãe desse menino?” Abel foi o primeiro a falar.
Para ser justo, no momento em que viu como Heitor era bonito, já esperava que a mãe dele também fosse bonita.
No entanto, o rapaz não esperava que ela fosse extraordinariamente linda.
Nossa! Chamar essa mulher de incrivelmente bela não seria um exagero!
Abel nunca se comoveu com nenhuma mulher bonita, mas não podia negar que a beleza daquela jovem o havia surpreendido.
“Sim, Sr. Ryker!”
“Você o ensinou a gritar 'papai' para todos os homens na rua também?”, ele sorriu com ironia.
“Só existe um homem que é o pai desse menino!” Emília respondeu friamente. “O homem que me jogou um cartão de banco contendo dez milhões a cinco anos, no início do outono, em um dia chuvoso no Grand Struyria Hotel!”
“Uau! Parece um episódio de algum romance barato”, ele respondeu com um sorriso debochado. “Mas, não estou com vontade de ouvir seus contos de fadas!”
“Escuta aqui!” Ela ficou furiosa. “Você me engravidou e agora vai se esquivar de toda responsabilidade?”
“Senhorita”, um dos guarda-costas disse, bloqueando seu caminho. “Nosso chefe esteve no exterior nos últimos anos. Você deve estar enganada!”
“Existe outro Abel Ryker em Struyria que pode se dar ao luxo de jogar fora um cartão de banco com dez milhões em sua conta, sem mais nem menos? Se não for você, quem mais seria?”
“Talvez alguém tenha achado esse cartão em algum lugar na rua”, Abel disse, encolhendo os ombros e acenando indiferentemente com a mão.
Emília ficou surpresa.
Já sei o que fazer!
Ai, meu Deus! Aconteceu alguma coisa com Eduardo?
Droga!
“Heitor, mas meu codinome é Sol!”
“Heitor… Bom, esse é um nome bonito.”
“Obrigado pelo elogio, papai!”
“Não me chame assim. Eu não sou seu pai.”
“Então, como eu te chamo, papai?”
Abel olhou para o garoto, completamente perdido.
A mãe desse menino parece extremamente desmiolada. Apenas um telefonema e ela fugiu, deixando o filho para trás!
Acho que vou ter que levá-lo comigo…
Assim que o grupo saiu do Burger King, uma frota de nove Rolls Royces pretos percorreu majestosamente a estrada e parou em frente à comitiva.
Abel ergueu Heitor com um braço e caminhou com ele até um dos veículos.
“Nossa, papai! Você tem estilo! Você é quase como a realeza!” O menino sabia exatamente como elogiá-lo. Sua expressão era exagerada e seus olhos escuros brilhavam.
A criança parecia absolutamente adorável.
Seu rosto era tão inocente e rechonchudo que Abel não pôde deixar de dar um beijo em sua bochecha.
Essa foi a primeira vez que ele experimentou uma sensação tão calorosa e terna.
Cof! Cof!
Tossindo para encobrir seu lapso incomum, o homem entrou no carro e se acomodou.
Mais uma vez, sua habitual expressão indiferente e arrogante tomou conta de seu rosto.
Ele nunca gostou de demonstrar emoções e não tinha intenção de mudar seu jeito de ser tão cedo, principalmente na frente de um pequeno malandrinho.
Alguns minutos depois, Heitor adormeceu no banco de trás.
Embalado pelos leves solavancos do carro, graças ao cinto de segurança, seu corpinho rechonchudo ficou ereto, mas sua cabeça começou a afundar para o lado cada vez mais.
Em pouco tempo, ele escorregou e caiu no ombro de Abel.
O rapaz teve vontade de afastá-lo, mas a sensação da bochecha macia do menino foi como uma revelação aos seus sentidos.
De repente, um calor se instalou em cada fibra do seu ser.
Involuntariamente, Abel estendeu a mão e o colocou em seus braços.
“Papai… cheira bem…”
Do que esse menino está falando? Ele está falando do meu perfume por que acha que sou seu papai ou está falando sobre como seu hambúrguer cheirava bem antes?
De alguma forma, Abel não conseguiu evitar um sorriso.
O guarda-costas no banco do passageiro o olhou pelo espelho retrovisor e teve um súbito arrepio.
Esse homem caloroso, afetuoso e bastante disperso é realmente Abel Ryker?

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