O marido misterioso romance Capítulo 113

Marie convidou Margaret para jantar naquela noite. Enquanto comiam, ela perguntou sobre Edric e Lily: "Quando que o Edric e a Lily vão se casar?"

"Nem me fala", suspirou Margaret. "Acho que vão acontecer algumas mudanças em relação a isso."

"Mudanças?" Marie ficou tensa. "Mas você adora a Lily, não adora?"

Margaret largou o garfo e contou à médica o que aconteceu com Irene. Ela concluiu: "Já que a Irene sabe que é filha do Steven, por que não admite a própria identidade? E mesmo depois de ver a Lily e o Edric ficarem noivos, ela voltou e até se mudou pra casa da família Cook. O que você acha que ela tá planejando?"

"O que mais poderia ser? É claro que ela quer atrapalhar o relacionamento dos dois!" Respondeu Marie.

"Me sinto tão sufocada!" Choramingou Margaret. Desde que se tornou amiga de Marie, ela não escondia mais nada dela. "Eu gostava da Lily, mas agora eu me sinto bem desconfortável quando vejo ela. Você sabe que a coisa que eu mais odeio no mundo são as amantes, mas eu escolhi justamente a Lily pro meu filho. Fico exasperada só de pensar nisso."

Ao ouvir essas palavras, Marie fez uma careta, mas Margaret não percebeu. "A Deborah fingiu ser a única esposa do Steven quando é óbvio que ela não passa de uma amante. Essa mulher não tá fazendo todo mundo de idiota, inclusive a mim? Ela até disse que não ouviram mais nada da Irene depois que o Thomas levou ela embora. Quanto mais eu penso nisso, mais inquieta tenho me sentido nos últimos dias. A mãe da Irene faleceu quando ela ainda era adolescente. A Irene é só alguns meses mais velha do que a Lily, então a Deborah deve ter algumas lembranças dela. Sendo assim, como ela pode dizer que não sabia nada da Irene?" Questionou Margaret.

"Talvez ela tenha ficado bem diferente quando cresceu", sugeriu Marie.

"Mesmo se for verdade, a diferença não deveria ser tão grande. Desconfio que a Lily sabia da identidade da Irene naquela época, mas ainda assim tentou brigar com ela pelo Edric. No fim, não é a mesma coisa que a Deborah fez?" Perguntou Margaret outra vez.

A mulher se lembrou da cara de nojo que Irene fez quando viu Lily antes. Naquele momento, ela pensou que a ex-nora só estava sendo preconceituosa, mas agora tinha entendido afinal.

O problema não era que o santo das duas não tinha batido, mas sim que Lily era filha de Deborah. Como que Irene, a filha da esposa de Steven, poderia ter intimidade com Lily, a filha da amante do homem?

"Concordo que a Deborah foi longe demais, mas você não pode julgar a Lily desse jeito por causa da mãe dela. Acho que a Lily é gentil e bondosa, e ela com certeza não é o tipo de pessoa que você tá descrevendo." Marie defendeu Lily.

"Bom, ela não parece mesmo ser assim, e é por isso que tô tão irritada agora", suspirou Margaret.

Ela continuou: "Acho que cometi um erro grave. Se não tivesse desprezado a Irene, não teria causado tantos problemas pro meu filho. Você tá certa. Tenho pensado muito nos últimos dois dias. A Irene não era infértil, só não conseguiu engravidar naquela época porque coloquei muita pressão nela. Se eu não tivesse tratado ela daquele jeito, ela e o Edric já teriam tido um filho há muito tempo. O mais importante é que a Irene não teria me contrariado tanto se o Edric estivesse feliz";

Margeret era uma pessoa que não conseguia conter as próprias emoções. Por isso, também contou a Marie sobre o torneio de esportes. Embora Edric afirmasse que o governador do estado tivesse pedido para as pessoas manterem a competição justa, Margaret não acreditou em nada. Ela pensava que era Irene quem havia convencido Steven a não ajudá-los. Já que o político não podia dizer não à filha e seria difícil explicar para Margaret, Edric mentiu para evitar problemas.

“Se o Steven vai ficar entre a cruz e a espada no futuro, não tem motivo nenhum pra eles se casarem”, disse Margaret.

Depois que as duas se despediram, Marie foi para casa. No caminho, recebeu uma ligação de Deborah, que perguntou: "Como foi?"

"Agora, a Margaret não tá mais tão animada com a ideia", respondeu Marie. "Ela disse que não queria que o Edric se casasse com a filha de uma amante."

"Aquela p*ta velha não passa de uma esnobe. Ela não tem direito nenhum de ficar se achando melhor do que os outros!" Deborah estava irritada.

"Pra que perder a paciência desse jeito?" Perguntou Marie com desdém. "É melhor pensar em alguma coisa logo. A Margaret tá frustrada porque tem medo de não conseguir o nepotismo... Quer dizer, o torneio de esportes. Vai ficar tudo bem, contanto que você encontre um jeito de fazer o Edric vencer a licitação."

"Você acha que eu não quero? Mas a decisão do Steven não vai contar pra licitação. A única coisa que posso fazer é ficar de braços cruzados, esperando ansiosa", suspirou Deborah, antes de contar a Marie que a licitação exigia que projetassem o estádio. Só então Marie soube a verdade. Os olhos dela brilharam, e ela disse: "Deixa isso comigo. Eu tenho um plano!"

Depois do jantar, Thomas foi fazer uma caminhada pelo bairro. Quando ele estava prestes a voltar para casa, uma pessoa apareceu do nada e o chamou: "Thomas, como você tá?"

"O que você tá fazendo aqui?" A expressão do homem tornou-se sombria quando ele viu com clareza quem era.

"Quero falar com você." Marie sorriu, ignorando a expressão azeda dele, e disse: "Não é conveniente conversar aqui porque tem muita gente em volta. Vamos encontrar um lugar mais tranquilo pra conversarmos."

Thomas se virou e Marie o seguiu. Os dois foram juntos para um café ali perto.

"Sobre o que você quer falar?" Ele olhou com frieza para a mulher. Embora Marie fosse a meia-irmã dele, ele nunca gostou dela.

"Thomas, preciso de um favor seu", disse ela com sinceridade.

"Considerando o meu estado atual, o que eu poderia fazer por você?" Retorquiu o homem.

"Preciso da sua ajuda pra projetar um estádio pra licitação do torneio de esportes. Vai ser moleza pra você."

Thomas olhou com espanto para a meia-irmã. "O que você quer fazer com a planta do estádio?"

"Eu preciso dela. Thomas, por favor, me ajuda", implorou Marie.

Ele franziu um pouco as sobrancelhas. A planta do estádio seria completamente inútil para Marie, uma médica. Será que ela queria usá-la para agradar a Malcom? Mas depois de pensar sobre isso, Thomas viu que não fazia sentido nenhum. Malcom não se importava nem um pouco com os negócios da empresa, então por que ele ligaria para esse assunto?

De repente, o homem se lembrou da relação entre Marie e Margaret. Dava para adivinhar o que a meia-irmã queria fazer com a planta. Por consequência, ele recusou o pedido dela sem hesitar: "Não vou te ajudar".

"Por quê? Thomas, isso não vai ser difícil pra você. Por que não quer me ajudar?" Perguntou ela.

"Não tenho um motivo, só não quero."

"Eu nunca te pedi nada. Thomas, por favor, me ajuda só dessa vez", implorou Marie, fazendo beicinho.

"Não adianta continuar falando, não vou te ajudar", rejeitou ele.

"Como você pode ser tão cruel? Eu sou a sua única irmã biológica", insistiu Marie. Vendo que o meio-irmão não estava convencido, ela deu um sorriso de escárnio e o avisou: "É melhor você pensar duas vezes nisso. Eu faria qualquer coisa por essa planta".

"Como assim?" Perguntou ele.

"Não vou ficar de braços cruzados. Se eu contar pra Irene que você não é o Thomas, o que será que vai acontecer?" Comentou Marie.

"Você tá me ameaçando?"

"Claro que não. Tô só te dando um aviso, já que sou a sua amiga."

Thomas olhou para a meia-irmã e sibilou: "Como você acabou assim? Não tem nenhuma vergonha na cara?"

"Vergonha?" Marie sorriu de uma maneira um tanto provocadora. "Que direito você tem de me criticar? Por falar em pessoas sem-vergonha, aquela p*ta era mais esperta do que eu. Ainda assim, nunca te vi criticar ela em momento algum. Sempre quis entender o motivo disso."

Assim que a mulher terminou a frase, Thomas pegou a xícara sobre a mesa e jogou o chá no rosto da meia-irmã, que não conseguiu se esquivar. O rosto e os cabelos dela ficaram encharcados, mas ela não ficou nem um pouco irritada. Ainda sorrindo, Marie tirou as folhas de chá do rosto e perguntou: "Por que você tá tão chateado? Falei alguma coisa errada?"

"Vai se ferrar!" Gritou Thomas. As veias da mão dele estavam pulsando. Ele devia estar furioso nesse momento.

"Não vou. E não vou embora até você prometer que vai me fazer esse favor." A voz da mulher estava se tornando mais aguda.

"Nem pensar!"

"Eu sou a sua irmã. A gente pode não ter nascido da mesma mãe, mas ainda temos o mesmo pai. Por que você é tão cruel comigo?" Marie estava prestes a chorar.

"Você não sabe o que fez?" Perguntou Thomas.

"Não, não sei!" O sorriso no rosto dela enfim ainda desaparecido. "Desde que me lembro, aquela p*ta era a única pessoa que você tratava bem. Você guardava todas as coisas boas pra ela. Não entendo o que aquela mulher tinha de tão bom, pra você ter se esforçado tanto por ela!"

"Ela era melhor do que você em todos os aspectos!" Retrucou Thomas.

"Entendi!" Marie balançou a cabeça e cuspiu em um tom sombrio: "É verdade que a beleza tá nos olhos de quem vê!"

"Desgraçada! Como ousa dizer isso?" Thomas deu um tapa no rosto da meia-irmã, que não tentou desviar. O sangue escorria do canto da boca, mas ela não o enxugou, apenas olhou para o homem e disse: "Thomas, essa é a segunda vez que você me bate. Você me bateu de novo por causa daquela p*ta!"

"Você não acha que mereceu?" Ele olhou feio para a mulher e questionou: "Ela era a nossa irmã. As coisas que você acabou de dizer são apropriadas?"

"Irmã? Essa é a primeira vez que você chama ela de 'irmã', né? Lembro que costumava chamar ela de Myra. Parecia que vocês dois eram tão íntimos quando você chamava ela pelo nome", zombou Marie. "Já que sabia que a Myra era a sua irmã, por que precisava amar ela desse jeito? Tem tantas mulheres bonitas no mundo, então por que amar justamente ela?"

"Qual é o problema com isso? É errado amar a própria irmã?" Respondeu Thomas.

"Isso por si só não é errado, mas você não deveria só me negligenciar", argumentou Marie, olhando para o meio-irmão. "O outro problema era que você não deveria ter se apaixonado pela sua própria irmã. Isso é incesto, não sabia?"

"Marie!" O homem estava tremendo de raiva. "Você não tem nada de bom pra dizer?! Eu e a Myra não tínhamos o tipo de relação que você tá pensando!"

"Vocês não tinham esse tipo de relação? Thomas, não nega. Eu sei que você amava ela. A maneira como você olhava pra ela não era a maneira como um irmão olha pra uma irmã, mas sim como um homem olha pra uma amante", insistiu a mulher.

Ela continuou: "Tudo tava indo às mil maravilhas com o seu emprego, mas você realmente abandonou as suas coisas e voltou correndo assim que soube que aquela p*ta tava se casando. Por ela, você tá disposto a roubar o nome de uma pessoa morta e viver uma vida normal. Thomas, por que diabos você tá fazendo isso?"

"Doida! Você tá doida!" Vociferou Thomas.

"Devo estar mesmo. Como poderia não enlouquecer depois de ver os meus irmãos tendo um relacionamento incestuoso? Me escuta, Dave: se não fosse por mim, você e aquela p*ta já teriam feito algo vergonhoso pra nossa família", Gritou Marie. "Você tem mais é que me agradecer! Fui eu quem impedi vocês dois!"

"O que foi que você fez?" Chocado, Thomas olhou para a meia-irmã, que estava exasperada, e perguntou: "O que mais você fez além de roubar o namorado da Myra?"

"O que você acha? Só contei pra aquela v*dia que você amava ela!" Condenou-o Marie.

"Sua..." O rosto do homem estava praticamente azul. Não era de se admirar que a atitude de Myra para com ele tivesse mudado de um jeito tão drástico; ela havia até ignorado o conselho dele. No fim, tinha sido tudo obra de Marie. "Como você pôde ser tão cruel? Ela era a sua irmã! Como teve coragem de tratar ela assim?"

"Uma pessoa tão descarada nunca foi a minha irmã!" Marie deu um sorriso afetado. "Ela roubou a minha mãe e o meu irmão, depois tentou até roubar o homem que eu amava. Por que eu deveria deixar ela ter tudo o que queria? Por quê?"

"A gente sabe muito bem qual é a verdade. Desde o começo, o Malcom sempre gostou da Myra. Foi você que planejou fazer o que podia pra dormir com ele. Foi você quem provocou a Myra e forçou ela a escolher o Steven. Como você pôde ser tão horrível?!" Thomas olhava com amargura para a meia-irmã.

"Eu não roubei ninguém; o Malcom pertence a mim", retrucou Marie. "Foi a Myra que seduziu ele!"

Era surpreendente que uma pessoa tão sem-vergonha como Marie pudesse existir na terra. O homem começou a tossir de raiva enquanto tentava recuperar o fôlego. Vendo isso, a meia-irmã se aproximou rapidamente para ajudá-lo a respirar com calma, e perguntou: "Thomas, você tá bem?"

Ele a empurrou. "Como eu posso... ter uma irmã como você?"

Thomas tossiu por bastante tempo antes de se recuperar. A mulher lhe serviu um copo d'água e disse: "Toma essa água, vai ajudar".

O homem não pegou o copo, apenas fulminou a meia-irmã com o olhar. Ela abaixou a cabeça, mas nada disso iria fazê-la mudar de ideia. "Thomas, você tem que me ajudar. Eu sou a sua irmã. É a única vez que vou te pedir alguma coisa, te juro!"

Os dois ficaram em silêncio por muito tempo. Por fim, ele assentiu. "Tá bom, te ajudo, mas depois disso a gente vai cortar laços."

"Thomas!"

O homem continuou encarando a meia-irmã e acrescentou: "Escolhe".

A mulher pensou por um momento, e acabou por responder: "Vou ficar com a planta do estádio".

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