O Melhor de Mim romance Capítulo 72

Ponto de vista desconhecido:

Eu sempre existi no escuro. Escondida da vista. Invisível. Aninhada no canto mais escuro da mente da minha mestra. Apesar do meu desejo de ser conhecida, de ser vista, isso continua sendo impossível. Uma barreira mental impenetrável me impede de entrar na luz e me falta força ou poder para superar essa barreira. Assim, por anos e anos, permaneci no escuro, enquanto trabalhava incansavelmente para acumular um pouco de poder dia após dia.

Tudo isso mudou momentaneamente quando senti a minha mestra cair do penhasco. Eu queria salvá-la, estava desesperada para salvá-la. E, assim, lutei contra a barreira com todas as minhas forças, me empurrando contra as paredes que me enjaulavam. E, finalmente, consegui. A barreira rachou e os meus poderes escaparam para dar à minha mestra a força para sobreviver à queda.

A partir de então, a discreta fenda na barreira permitiu que eu me aventurasse em pequenas coisas de cada vez. Quando a minha mestra estava dormindo, as defesas da mente dela ficavam mais fracas e eu conseguia deslizar para assumir o controle do corpo durante a noite. É claro que nunca estive totalmente consciente, pois tudo parecia um sonho lúcido. Minha visão também era distorcida e eu não conseguia enxergar com clareza. No entanto, eu estava animada, emocionada por poder me aventurar além da escuridão. Foi um progresso.

Claro, por causa das minhas ações naquele dia ao tentar salvar a minha mestra da queda, eu tinha usado muito do meu poder. Então, apesar da rachadura na barreira, os meus poderes enfraqueceram lentamente a cada uso. Então chegou o dia em que o bebê da minha mestra nasceria e o parto foi uma grande dificuldade para ela, pois as complicações significavam que ela e o bebê corriam risco. Apesar do meu estado enfraquecido, eu queria ajudar.

E, assim, com os últimos resquícios do meu poder, ajudei a minha mestra a dar à luz. Eu estava tranquila, apesar da dor, e sabia que tinha feito a coisa certa. Eu me senti indo embora naquela manhã, o meu poder se foi. Deslizei para um sono profundo do qual não pensei que fosse acordar.

Anos depois, algo lupino me despertou. O cheiro doce de uma coisa familiar me acordou do coma. Eu estava alerta novamente. Viva. Algo me atraiu para um homem, que era uma figura recorrente na vida da minha mestra. Foi ele quem me acordou do sono e, dia após dia, minha força cresceu à medida que a sua presença continuava próxima. Mais uma vez, saí para brincar durante a noite, querendo encontrar o homem. Eu segui a fonte do cheiro delicioso, já que a minha visão permanece embaçada.

Apesar das limitações, me senti confiante quando o meu poder começou a crescer novamente. E aquele homem até arrancou a barreira mental! Daquele momento em diante, a cada dia que se passava, eu acreditava mais e mais na possibilidade de conhecer a minha mestra!

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Esta noite, encontrei o poder e a força para assumir o controle do corpo novamente. Além disso, estou com fome. Tenho crescido em força e, por isso, a fome e a necessidade de sustento também aumentaram. Mas é claro que continuo sendo deficiente visual. Então, tropeço pela sala, tateando as paredes em busca da maçaneta da porta enquanto balanço desajeitadamente.

Por fim, encontro a maçaneta e entro no que percebo ser o corredor. Com uma confiança crescente, sigo em frente em busca da geladeira. Mas, antes que eu possa começar a apalpar os meus arredores para localizá-la, o corpo em que estou bate em uma parede rígida.

Minhas mãos e dedos sentem o objeto, tentando identificar a coisa que me bloqueia, vasculhando a forma de cima a baixo. O objeto é realmente estranho, a textura é completamente diferente do que eu imaginaria que fosse. É quase como se eu pudesse sentir músculos abdominais humanos e passo as minhas mãos por isso com intensa curiosidade, percebendo como eles se contraem e enrijecem quando os toco.

E, mais uma vez, o cheiro que eu tanto desejava e saboreava flutua além dos meus sentidos. Fico ainda mais intrigada, farejando ansiosamente o que quer que esteja diante de mim, como uma criança seduzida pelo seu doce favorito. Eventualmente, os meus lábios roçam em algo macio, o que me surpreende. Repito o movimento, ficando cada vez mais curiosa.

Tola como só, eu me pergunto se o objeto é uma gelatina. É tão mole, esponjoso, liso e macio, como os lábios de uma pessoa. Incapaz de controlar o meu desejo, começo a lambê-lo avidamente, de novo e de novo e de novo. O sabor requintado só me leva a lamber mais, enquanto as minhas mãos correm para cima e para baixo no objeto que continua tenso sob o meu toque.

Eventualmente, eu me encontro satisfeita. Depois de um último beijo, eu sorrio. Renovada com a energia, volto para o quarto da minha mestra.

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Ponto de vista da Tanya:

Meus dedos percorrem as páginas do livro da Margaret com pressa e desespero. Parece que fiz uma ruga permanente se formar na minha testa de tanto estreitar as minhas sobrancelhas em conjunto. Eu mal consigo me concentrar em tomar o café da manhã e o pedaço de ovo na ponta do garfo entra involuntariamente na minha boca enquanto os meus olhos permanecem fixos nas notas rabiscadas.

Já li o diário da Margaret várias vezes e logo descobri que ela não apenas criava perfumes que curavam doenças causadas por magia negra, mas também tinha receitas de perfumes que curavam outras doenças naturais. É realmente uma leitura fascinante e considero a Margaret uma pioneira do seu tempo.

Mas, apesar de gostar muito de ler as anotações, o problema que encontro é que nenhum dos perfumes listados combate a doença da Peyton. Mais problemático é o fato de que a doença da princesa não corresponde a nenhuma doença que reconheço, já que ela não apresenta nenhum sintoma específico. Não haveria garantia de que qualquer um dos perfumes a curaria se os sintomas não correspondessem. Seria como atirar no escuro.

Durante a minha busca inútil, de repente sinto que estou sendo observada. Meu olhar se levanta até onde o Marco está sentado, também tomando o seu café da manhã. Entretanto, em vez de comer, ele está olhando para mim com uma carranca pesada em seu rosto.

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