O primeiro beijo do Ryke romance Capítulo 2

Scarlett não sabia dizer quanto tempo ela chorou no quarto do hotel, e por fim, não tinha mais lágrimas. Ela choramingou, mas suas bochechas permaneceram secas, após tê-las enxugado. O fato de não poder mais extravasar sua raiva a irritou.

Ela se levantou com as pernas bambas e esperou o sangue fluir nelas, após ficar na mesma posição por tanto tempo. Não ousava olhar para a cama bagunçada, realmente vomitaria se visse as manchas de sangue em seus lençóis novamente.

Em vez disso, ela foi até o banheiro, cambaleando como uma bêbada, segurou-se na parede para não cair e acendeu a luz, que quase a cegou, e imediatamente viu seu próprio reflexo no espelho acima da pia.

"Credo, não..."

Ela choramingou, a mão direita cobrindo a boca, enquanto olhava para o cabelo desgrenhado, os traços de rímel manchado sob os olhos e o vestido de noite transparente, que mal caía sobre os ombros magros, parecia uma qualquer.

Scarlett aproximou-se, segurando-se na pia, e virou a cabeça ligeiramente para um lado e para o outro. Seu pescoço estava cheio de mordidas de amor e elas pareciam... repugnantes.

"Não, essa não sou eu." Ela rosnou: "Isso não pode ser eu."

No entanto, era. A cada segundo que passava, ela se convencia de que, de fato, a mulher no espelho era ela, por mais vergonhoso que isso fosse, e começou a chorar novamente, ficando surpresa ao ver que ainda tinha lágrimas, afinal. Entrou no chuveiro e ligou a água, deixando-a quente o suficiente para queimar sua pele. Se ao menos pudesse arrancar tudo...

Ela ensaboou-se completamente e esfregou-se com força, mas não conseguia nem sentir a dor. O desgosto era maior do que qualquer outra coisa. Esfregou-se até sangrar, a água ficando vermelha ao se enxaguar. De alguma forma, ainda se sentia suja, então repetiu o processo várias vezes, até não conseguir mais levantar os braços. Então, enrolou-se em uma toalha e voltou para seu quarto.

Arrancou os lençóis da cama e os empilhou junto com a camisola, decidindo que iria queimar tudo mais tarde.

Scarlett escolheu a roupa que usou na noite anterior. Era um vestido curto que não parecia apropriado para usar depois do que passou, mas não tinha outra escolha. Ela o vestiu e soltou o cabelo, furiosa demais para sequer pensar em prendê-lo. Seu telefone, chaves e um pouco de dinheiro foram jogados em sua bolsa, antes de sair correndo do hotel.

Ela chamou um táxi e entrou, dando o endereço de Megan. Seus pés tremeram durante toda a viagem, não tinha ideia do que faria quando a visse, não tinha planos e nem a capacidade de pensar em um. Tudo o que sabia era que precisava entender. Por que alguém tão próximo a ela faria isso? Por que Megan, ainda por cima? Depois de tudo que passaram juntas...

Quando o táxi a deixou, ela ficou na frente do complexo de apartamentos de sua amiga por alguns minutos, antes de entrar, batendo à porta e esperando ansiosamente que alguém viesse. Estava prestes a bater novamente, quando a porta foi aberta e seus olhos confusos encontraram os da mãe de Megan.

O mais estranho nela não era o fato de estar vestindo uma camisola ao meio-dia, e sim a expressão de puro horror em seu rosto, como se ela fosse a última pessoa que queria ver, como se houvesse algo que estivesse escondendo.

"Oh, oi, Scar." Ela disse, passando a mão pelos cabelos: "O que... O que te traz aqui?"

Ela estava suando como um porco, e a jovem estreitou o olhar para ela: "Tô aqui pra ver a Megan, é claro... Ela tá aqui?"

"Ah... ah, não. Sinto muito querida, mas ela saiu muito cedo, não tá aqui. T-Talvez você possa voltar mais tarde. Ah!"

Scarlett passou pela mãe de Megan, acertando-a com força no ombro. Felizmente, conhecia a casa melhor do que ninguém, e caminhou direto pelo corredor, gritando o mais alto que podia:

"Megan! Apareça, sua p*ta de m*rda! Apareça logo, onde quer que esteja!"

A mãe da amiga logo a seguiu: "O que tá fazendo?! Já te disse, ela não tá aqui. Saia, agora!"

O objetivo dela era a porta do quarto de Megan, mas passou primeiro na frente da porta do quarto da mãe dela, que estava entreaberta e pelo canto dos olhos a jovem viu algo que a fez parar abruptamente.

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